
Suzy Pinho Pereira Psicóloga Clínica e da Saúde Gabinete de Psicologia SPP
A perda de um filho durante a gravidez, gestacional, ou à nascença, neonatal, independentemente de ser num período precoce ou tardio, origina um dos lutos mais complexos e, infelizmente, com pouca validação social. Isto acontece devido à pouca compreensão, perante a sociedade, da vinculação que é criada, entre pais e bebé, durante a gestação. Vários estudos referem que o luto de uma perda gestacional não se foca só perante a perda do bebé desejado, mas também com a perda das expectativas criadas antes e após a conceção.
Importa salientar que, após uma perda gestacional, se o luto persistir por muito tempo poderá desencadear crises de ansiedade, stress pós-traumático ou perturbação depressiva até alguns meses após a perda, e, além disso, a adaptação psicológica a uma nova gravidez é afetada.
Perturbação de Pânico: o que é?
A perturbação de pânico encontra-se inserida nas perturbações de ansiedade que partilham entre si uma série de características de medo e ansiedade excessivos e alterações do comportamento. Deste modo, é importante distinguir estes dois conceitos: o medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente que tanto pode ser real como percebida, a ansiedade, por sua vez, é a antecipação de uma ameaça futura.
A perturbação de pânico refere-se a uma condição psicopatológica caracterizada por ansiedade, designadamente, episódios recorrentes de ataques de pânico.
Os ataques de pânico são considerados episódios breves de início súbito e com um pico de intensidade em alguns minutos, sendo caracterizados por uma sensação de angústia, ansiedade e/ ou medo extremos, acompanhados por sintomas físicos, comportamentais, emocionais e cognitivos, tais como:
- desconforto ou dor no peito;
- sensação de falta de ar, asfixia ou dificuldade em respirar;
- vertigens;
- suores;
- tremores;
- sensações de frio ou de calor;
- náuseas ou mal-estar abdominal;
- sensação de desmaio;
- sensações de entorpecimento ou formigueiro;
- palpitações ou ritmo cardíaco acelerado;
- sensações de irrealidade ou de se sentir fora de si;
- medo de perder o controlo ou de enlouquecer;
- medo de morrer.

Tipos de ataques de pânico
Os ataques de pânico podem ser esperados, quando alguém que tem uma fobia, por exemplo, de cobras, e ao ver uma cobra irá ter um ataque de pânico; mas também podem ser considerados inesperados pois ocorrem de forma espontânea, sem nenhum gatilho presente, como é o caso de um ataque de pânico noturno, que se caracteriza por acordar num estado de pânico.
Estes ataques destacam-se entre as perturbações de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo. Porém estes não estão limitados às perturbações de ansiedade, podendo muitas vezes ser observados noutras perturbações mentais.
A Perturbação de Pânico também é caracterizada pela preocupação persistente com a possibilidade de novos ataques de pânico e com as suas consequências que são percebidas como catastróficas. Alguns exemplos de consequências temidas são: desenvolver uma doença cardíaca ou outra, não receber ajuda ou o impacto social negativo.
Esta perturbação tem início no final da adolescência ou no princípio da idade adulta, estando tipicamente associada a um período com um pico de stress. A sua prevalência varia entre 1,5% e 3,5% da população.
Já o stress pós-traumático é uma perturbação mental que se pode desenvolver em resposta à exposição a um evento traumático, como pode ser o caso de uma perda gestacional/neonatal, de um acidente de viação, de guerra, de agressão sexual, doença, morte. dos sintomas vivenciados nesta perturbação são os ataques de pânico.
Se reconhecer algum destes sintomas ou sinais em si ou em alguém próximo de si procure ajuda: um psicólogo pode ajudar.
Suzy Pinho Pereira
Referências:
American Psychiatric Association (2014). DSM V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (5ª Ed.). Lisboa: Climepsi Editores.
Gabriel, S., Paulino, M., & Baptista, T. (2021). Luto Manual de Intervenção Psicológica. Lisboa: Pactor
Gilbert, P., & Allan, S. (1994). Assertiveness, submissiveness behaviour and social comparison.
British Journal of Clinical Psychology, 33, 295-306.