A ideia geral é que a mãe é a principal sofredora quando há uma perda gestacional ou neonatal. Entretanto, espera-se que os parceiros(as) assumam uma posição mais de apoio e a sua perda é, por vezes, esquecida.

Assim, dedicamos esta secção especialmente aos que apoiam os seus parceiros na sua perda, estando ao mesmo tempo a passar pela sua própria angustiante experiência.
Apoio prático: comunicar, explicar ajuda e proteger-se

Frequentemente, como parceiro(a,) pode ser assumido que o seu trabalho é partilhar as notícias com os amigos mais próximos e familiares. Há muita tendência para o pai/parceiro/companheiro(a) ouvir expressões como: “como é que ela está?” e, muitas vezes, acaba por parecer esquecido.
Ao comunicar as notícias, tente proteger-se, de alguma forma, ou seja, explicar como desejam ser contactados nos dias/semanas seguintes, por exemplo se o melhor é as pessoas mandaram mensagens de texto ou e-mail, em vez de ligar.
Numa primeira chamada telefónica para comunicar notícias menos boas, pode começar por dizer: ““Tenho uma notícia muito triste”, ajudando assim a definir o tom da conversa e a reduzir o número de perguntas difíceis que possam surgir. Pode também definir logo que a duração da conversa será curta e assim poderá ajuda-lo a desligar quando necessitar: “Só posso falar por alguns minutos”.
Pode também indicar como as pessoas, entre amigos e família, vos poderão ajudar. Dizer por exemplo: “Ainda não estamos prontos para conversar ou almoçar/jantar em família, mas se quiser/puder trazer alguma coisa agradecemos”. Pode parecer estranho, mas para quem está a passar por uma perda, gestos simples fazem a diferença e, em momentos de maior angústia, não há mesmo cabeça para pensar em tarefas do dia a dia.
Pode também pedir ajuda no caso de ser preciso conversar ou explicar às crianças, no caso de haver irmãos.
Para além da comunicação com amigos e familiares, poderá ainda ter de resolver alguns assuntos com os profissionais de saúde, apoio ao companheiro(a), apoio no caso de haver outras crianças ou ajudar na organização de uma cerimónia fúnebre (se aplicável).
Como tal, esta pode ser uma experiência avassaladora, particularmente porque também está a sofrer com a mágoa da perda em si.
Tristeza pessoal

O stress nos casais em que os bebés não vêm para casa é enorme. É muito difícil confortar e apoiar alguém quando também está inundado de angústia e a precisar de apoio para si também.
A tristeza e luto são muito pessoais e têm picos, como numa montanha russa, o que significa que pode nem sempre sentir o mesmo que o seu parceiro(a). Portanto, isto pode, como é óbvio, pôr pressão na sua relação.
Alguns parceiros põem o seu próprio sofrimento “em espera” por um tempo para poderem apoiar as mães ou parceiros. Esta tristeza em espera pode emergir semanas ou até meses depois da morte do bebé.
Algumas pessoas têm dificuldade em partilhar os seus sentimentos depois de os oprimir por algum tempo. Procure ajuda se precisar.
Ocasiões pessoais

Dias especiais como dia da Mãe, dia do Pai e reuniões de família são alturas que podem despoletar sentimentos de tristeza nos pais.
Festas como o Natal, por exemplo, que são celebrações de foco no núcleo familiar, podem ser muito difíceis.
A expetativa que se cria quando chega a data prevista para o nascimento, o aniversário e até os seus aniversários pode ser especialmente dolorosa.
Pode, com o seu parceiro(a), decidir passar um dia fora a dois para que possam fazer uma atividade simbólica para o seu bebé ou mesmo apenas passar tempo juntos.
Falar com outros
Nesta página de apoio para parceiros(as), deixamos também um conselho que pode ser proveitoso: falar com outros pais que passaram por uma perda semelhante ou um familiar ou amigo que seja compreensivo.
