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Anunciar uma gravidez a alguém que perdeu um bebé

anunciar a gravidez a alguém que perdeu um bebé

Uma das conversas mais desafiantes que se pode ter com uma família que perdeu um bebé é anunciar uma gravidez a esses pais. De repente, pensamos no que vamos dizer, como o vamos fazer e quando iremos partilhar. Não é fácil anunciar uma gravidez a alguém que perdeu um bebé e, a pensar nisso, decidimos escrever este artigo.

Saiba que são sentimentos semelhantes. Quer sejamos pais que tenhamos perdido filhos, quer sejam amigos ou familiares que nunca passaram por uma perda, há um receio em contar, um medo de magoar os pais, anunciando algo que, infelizmente, para eles não correu bem, um lembrar do que aconteceu que poderá trazer tristeza.

Deste modo, a pensar nas famílias cujos bebés morreram ou que batalham a infertilidade, esperamos que estes conselhos ajudem a dar esta notícia, que poderá sentir ser agridoce, da forma mais sensível possível.

Assim, a primeira coisa que gostaríamos de dizer é: conte-nos… sempre. Não tenha medo, se há alguém que vai estar ansiosa à espera que corra tudo bem e a enviar energias positivas somos nós, pais que sabem o que é vir para casa de braços vazios É que, apesar de ser algo solitário, que sabemos que acontece e estarmos preparadas para acolher, ninguém vai fazer de cheerleader melhor que nós. Nós queremos esse bebé aqui, vivo e saudável, tanto como os pais e não nos contar, com medo que nos magoe, só vai agravar o sentimento de isolamento que sentimos.

No entanto, temos plena consciência que é um tema difícil e esperamos que os próximos conselhos ajudem.

Como anunciar a gravidez a alguém que perdeu o bebé

Se puder, avise-nos antes de publicar nas redes sociais

Claro que isto depende do nível de intimidade e amizade que tem com a pessoa – esta lista é a pensar em pessoas próximas, envolvidas na nossa vida. Por isso, antes de anunciar ao mundo, avise-nos. Não é por mal, mas, dependendo de onde estamos no nosso luto, ver publicações destas podem tornar o nosso estômago num nó. É involuntário, mas depararmo-nos com estas publicações, desta forma abrupta, faz-nos pensar no que perdemos, podendo deixar-nos fragilizadas. Assim, saber de antemão vai oferecer a oportunidade para nos prepararmos ou evitarmos ver essa publicação.

Se puder, evite fazê-lo cara a cara

Pode soar estranho e é de louvar a honestidade de uma conversa assim. Mas considere que nos vai pôr no foco – quando ouvimos uma notícia destas podemos, mesmo sem querer, ser assaltados por emoções desconfortáveis. Então, temos de processar e reagir rapidamente e esta digestão acelerada e podemos dizer ou fazer algo que o vai magoar por não mostrarmos o entusiasmo adequado (e sim…esta é uma preocupação válida!).

Envie uma mensagem

Nós sabemos: parece uma forma impessoal de dar notícias tão grandes. Mas permite-nos processar a informação, pôr em ordem sentimentos difíceis e compor uma resposta apropriada (ou até preparamo-nos para uma chamada celebratória).

Dê-nos tempo

Não leve a mal se demorarmos a responder. Afinal, precisamos de tempo para processar. Saibam que estamos felizes por vocês mas, ao mesmo tempo, incrivelmente tristes por nós, seja porque a perda foi recente, ainda deveríamos estar grávidas ou estejamos a tentar novamente sem sucesso.

Não leve a mal os nossos novos limites

Podemos não conseguir acompanhar a vossa jornada na maternidade. Chás de bebé, festas de revelação de género ou até compras para bebé podem ser experiências dolorosas para pais que perderam um filho. Não se ofenda: apenas estamos a proteger-nos e a não tornar esta vossa fase feliz mais sombria por nossa causa.

Prometemos que estamos felizes por vocês, mas também estamos incrivelmente tristes por nós

Apesar de tudo o que os pais de colo vazio possam estar a sentir, lembre-se que esta é uma fase lindíssima e feliz para si. Poderá notar que estes pais se retraem mais em eventos sociais, mas uma vez que processem o que está a acontecer, vão querer estar envolvidos na sua vida. Não deixe de os convidar mesmo que eles digam que não. O importante é manter o espaço aberto para acolher, apoiar e abraçar quando for a altura.

E obrigada por terem os nossos sentimentos em consideração!

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Incluir os irmãos após a perda gestacional

Apoio para os mais pequeninos

Um dos momentos mais bonitos de uma gravidez é contar aos filhos que se tem, que vem aí um bebé. Um irmãozinho ou irmãzinha. Mas, quando eles não vêm para casa, há conversas delicadas a ter com esses filhos.

Dependendo da idade, pode haver mais ou menos compreensão do que aconteceu. No entanto, percebemos que as crianças expressam a sua dor ou emoções de forma diferente.

A pensar nisto, fizemos uns desenhos para colorir, como forma de incluir o bebé que perdeu na vida dos seus filhos.

Com a chegada das festas, estes são de tema natalício. Esperamos que gostem.

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Como explicar às crianças a perda de um bebé

explicar a perda de um bebé

A perda de um bebé pode ter um impacto profundo em toda a família. Terá impacto nas crianças que estavam à espera de um irmão(ã), sobrinha(o) ou primo(a). Igualmente na criança que sobreviveu de um par de gémeos ou até filhos que nascem depois do bebé ter morrido. Neste artigo, damos algumas dicas para explicar às crianças a perda de um bebé.

Apesar de estar dirigido aos pais, este artigo pode aplicar-se a outros familiares, professores e outras pessoas que possam apoiar a criança.

Explicar às crianças a perda de um bebé: dicas

Contar a alguém que um bebé morreu já pode ser bastante difícil. Contar a crianças pode ser especialmente complicado.

É desafiante escolher quando e qual informação dar e explicar o que aconteceu de forma a que a criança entenda. É também complexo passar a mensagem de que este fim não pode ser alterado.

Se não se achar capaz de contar aos seus filhos o que aconteceu, pode pedir a um familiar, como os avós, para o/a ajudar.

Esta pessoa poderá explicar o que aconteceu e o porquê de você estar triste e que, enquanto se estão a resolver as coisas, a criança terá de ficar com ela.

Se o seu bebé faleceu numa unidade neonatal, pode recorrer a um psicólogo ou terapeuta que o possa ajudar com isto.

Quando decidir partilhar a notícia com os seus filhos, é natural sentir-se ansiosa(o) e protetor(a). É importante que considere as idades e a sua capacidade de perceção.

As crianças podem reagir de forma diferente ao esperada – podem não lhe dar a atenção que acha que deveriam ou podem mostrar-se incrivelmente afectados. Ambas e tudo no entremeio é normal

É também fundamental que as crianças percebam que não há problema em chorar e que a(o) podem ver a chorar também.

Quando falar com eles, pode usar frases como “estamos tristes porque o nosso bebé morreu. Quando alguém morre, isso significa que nunca mais os vamos poder ver”. Pode também ser levado pelas questões das próprias crianças.

Pode querer incluir alguns detalhes como o sexo do bebé ou o nome. Assegure-os que podem perguntar mais quando quiserem.

Muitas vezes as crianças aceitam estas simples explicações sem grandes dúvidas e continuarem com as atividades em que se encontravam antes ou mudam imediatamente de assunto. Esta é uma reação normal.

Quando a perda é neonatal

E como explicar às crianças a perda de um bebé nos casos de perda neonatal?

Crianças pequenas que tenham visitado o bebé nas unidades neonatais poderiam estar sob a impressão que o bebé iria melhorar e vir para casa. Podem, portanto, ficar confusos e aflitos sem perceber porque é que este não foi o caso.

É possível que as suas rotinas tenham sido alteradas pelos longos períodos no hospital e desenvolvido uma relação com o bebé. É importante encorajá-los a falar sobre o que sentem e explicar-lhes o que aconteceu.

Algumas crianças gostam de saber sobre o funeral ou para onde vamos quando morremos. Crenças religiosas podem influenciar as suas respostas. Se não for o caso ou quiser manter o assunto mais neutro pode começar as suas respostas com “algumas pessoas acreditam…” ou simplesmente “não sabemos…” Para crianças mais novas, tente dar-lhes uma ideia do que vai acontecer no funeral. Relembre-os que o bebé não sente nada e não está em sofrimento – já que um funeral pode ser assustador.

como explicar às crianças a perda de um bebé

Uma forma de ajudar crianças mais novas a entender a morte é ler livros que abordam o tema de modo apropriado para a idade.

Ser honesto com as crianças

Mesmo pequenas, as crianças sentem quando algo está errado.

Se não lhes for dito o que está a contecer, isso pode assustá-los e fazê-los imaginar que eles são a razão da sua tristeza.

Por duro que pareça, uma linguagem simples e honesta é melhor do que frases que possam ter significados múltiplos.

Por exemplo, dizer que o bebé está a dormir podem soar confusas e pode preocupa-los sobre irem para a cama e não voltarem a acordar. Expressões como “perdemos o bebé” ou “ não está cá” podem levá-los a pensar que o bebé está só perdido ou vai voltar. Isso leva a uma esperança falsa sobre o estado do bebé e a possibilidade de ele poder acordar ou ser encontrado. Estas expressões podem também preocupar a criança sobre se o mesmo lhe poderá acontecer ou a si.

De igual forma, dizer que o bebé estava doente pode assustá-lo quando eles ficarem doentes.

Tal como os adultos, as crianças têm um vasto leque de emoções; estes podem aparecer em ordem aleatória. E, tal como os adultos, estes sentimentos podem ser conflituosos e complicados.

Sentimentos de revolta e culpa

As crianças têm sentimentos mistos sobre o novo irmão ou irmã. Uma criança que tenha sentido inveja durante a gravidez pode sentir-se culpada sobre a morte do bebé. Pode ser benéfico lembrá-lo que nada é culpa deles e nada que eles tenham feito ou pensado poderia mudar o que aconteceu.

Outras crianças podem sentir revolta contra o bebé ou até os pais. Poderão também temer que que outros chegados a si possam morrer também. Podem demonstrar também mais irritação do que o habitual a pais que estejam separados, especialmente se a mãe se encontrar criticamente doente ou tem de ficar no hospital.

Fatores de alerta no comportamento

Assim como os adultos, crianças, especialmente as mais novas, podem ter dificuldades em expressar os seus sentimentos. Procure mudanças no seu comportamento. Por exemplo, uma criança que já estava treinada para ir à casa de banho, podem querer voltar a fraldas ou recomeçar a molhar a cama. Poderão também tornar-se mais dependentes. Mudanças em rotinas de alimentação ou sono também devem ser notadas. Tente manter a rotina o mais normal possível e crie oportunidades para os seus filhos fazerem perguntas.

É comum para crianças expressarem os seus sentimentos através de brincadeira, pintura ou desenho. Isto poderá indicar os sentimentos e humor deles e ser uma forma de expressar o que sentem. Considere que apoio externo a criança pode precisar, quer seja através de familiares, amigos ou terapia.

Profissionais como professores, tutores ou médicos devem ser mantidos informados para que possam ser apoiados devidamente.

Crianças, por norma, navegam o entendimento como vai ver mais à frente. Se a criança já tiver experienciado uma morte na família ou tiver dificuldade de aprendizagem ou mental, isto pode afetar a sua capacidade de compreensão ou de resposta.

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Homenagear o seu bebé em datas importantes

Datas importantes como aniversários de nascimento ou morte, ou ocasiões geralmente celebradas em família, podem ser especialmente difíceis. O mesmo se passa com os dias da mãe e do pai. Como, normalmente, a antecipação é ainda pior que o próprio dia, por vezes, planear algo para o dia pode ajudar a distrair-se. Nestes dias, pode também sentir a necessidade de homenagear o seu bebé.

No caso de ter mais filhos, pode ser bom conversar com eles previamente sobre alguma data importante que possa ser mais pesada e explicar que nessas alturas podem sentir-se mais tristes. Aliás, não se surpreenda se também mostrarem indícios de sentimentos e outros comportamentos perto da data, pois é normal.

homenagem ao bebé

Datas importantes: o que pode fazer para homenagear o seu bebé

Férias e celebrações em família podem ser, de facto, alturas em que se sente, ainda mais, a falta do bebé. Por isso, algumas famílias celebram estas datas, acendendo uma vela ou organizando um dia especial para homenagear o seu bebé. Mas, na verdade, o que é importante é que faça o que é certo para si.

Por exemplo, pode marcar as datas com atos simbólicos para lembrar e homenagear o seu bebé, como visitar o cemitério ou o local onde espalharam as cinzas ou acender uma vela. Se celebrar o Natal, pode pôr um ornamento ou um sapatinho para o seu filho(a). Manter a memória pode ajudar os irmãos também e é algo importante no processo de luto.

datas especiais

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Casais separados na perda gestacional

Sofrer e recuperar é, em muitos casos, uma experiência conjunta. No entanto, em casos de separação durante a gravidez ou depois da perda do bebé, esta pode não ser uma opção. Neste artigo, saiba mais sobre o que fazer quando os casais estão separados na perda gestacional.

apoio individual

Sabe-se que a perda gestacional pode colocar à prova alguns relacionamentos. Uma vivência desta profundidade afeta todos e pode transparecer, por exemplo, na intimidade. Desta forma, é compreensível que seja uma experiência solitária e assoberbante em casais entretanto separados.

É importante, ainda assim, tentarem tomar decisões conjuntas e manterem o diálogo. Se tiverem outros filhos, trabalharem em conjunto. Esta cooperação pode ser bastante útil para terem acesso ao apoio e carinho que precisam de forma consistente. Para além disso é importrante para a partilha informação e emoções sobre o que aconteceu.

Sofrer e fazer luto em silêncio e sozinho é extremamente difícil. Pode, por isso, precisar de apoio adicional de familiares e amigos ou de procurar ajuda profissional.

Chorar e conversar são formas saudáveis de extravasar sentimentos. Como tal, pode precisar de contar a sua experiência uma e outra vez.

Por exemplo, pode achar útil escrever e manter um diário. Não ser capaz de partilhar a sua história e sentimentos com o pai/mãe/parente do bebé faz-nos sentir sozinhos, mesmo que haja outras pessoas à sua volta.

Pense na melhor maneira de expressar a sua angústia e que apoio pode precisar.

Lembre-se também que precisar de ajuda, de qualquer tipo, não é motivo de vergonha. Este tipo de perda é associado a uma dor muito peculiar e apoio pode ser necessário.

Caso seja um amigo ou familiar de casais separados na perda gestacional ou neonatal, mantenha-se em contacto. Há muito sofrimento em silêncio e muitos pais que não sabem/podem pedir ajuda.

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Como ajudar quando há outras crianças?

Assim como a tragédia da perda em si, há que reconhecer um dos grandes momentos na vida de um pai: contar aos filhos que já tem, que o irmão ou irmã que vinha a caminho, já não vem para casa. Por isso, neste artigo, damos dicas de como ajudar após a perda de um bebé quando há outras crianças.

À primeira vista, pode parecer que bebés e outras crianças mais novas não percebem bem o que se passa quando há acontecimentos trágicos como a morte de um familiar. No entanto, as crianças são muito sensíveis aos sentimentos das pessoas à sua volta.

Consequentemente, o seu comportamento pode mudar, podem tornar-se mais dependentes e os seus hábitos de sono e comida podem mudar.

Compreensivelmente, isto pode ser árduo para os pais que estão exaustos com a sua tristeza e angústia. Desta forma, se puder ajudá-los a tomar conta deles, isto dar-lhes-á algum tempo para descansarem. Tal como esta pode ser uma boa maneira de ajuda, também pode ser melhor para a criança ficar na sua própria casa e passar tempo com os seus pais e consigo.

crianças

É importante que os pais partilhem com a criança o que aconteceu. Logo, o que é dito à criança depende da sua idade e capacidade de compreender, das perguntas que faz e das decisões dos pais. 

Preste atenção à linguagem que os pais usam para melhor ajudar quando há outras crianças.

Outra forma de ajudar após a perda de um bebé quando há outras crianças é falar sobre o que foi dito à criança e saber qual a linguagem que foi utilizada para seguir o mesmo exemplo.

Poderá notar que a forma como os pais lidam com os filhos que estão vivos pode mudar. Por exemplo, podem tornar-se extremamente protetores. Assim como outros poderão relaxar as regras. 

Portanto, é importante perceber que eles estão a tentar fazer o melhor possível numa situação desesperante.

como ajudar quando ha outras crianças

Apoio: Desenhos para colorirem para lembrarem o irmão/irmã

Oferecemos, nesta página, alguns desenhos que podem descarregar, imprimir e dar às crianças para pintarem como forma de lembrar o irmão/irmã.

Descarregue-os aqui:

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Como apoiar os pais que perderam um bebé?

Oferecer apoio pode ser complicado. Afinal, a perda gestacional ou neonatal pode apanhar-nos desprevenidos e muitas vezes podemos não saber como lidar ou como ajudar. Assim, como podemos apoiar os pais que perderam um bebé? Neste artigo, damos algumas dicas.

Primeiramente, o nível de envolvimento depende do quanto você quiser ou sentir que é certo. É natural ser influenciado pela relação que partilha com os pais e também pela forma como lidou com problemas comuns no passado.

Alguns pais precisam de tempo e privacidade e de passar pelas coisas sozinhos enquanto outros precisam de extravazar os seus sentimentos.

apoiar pais que perderam um bebé

É importante que ouça os pais para que perceba que tipo de apoio necessitam. Todos lidam com isto de maneira diferente. Portanto, oferecer uma forma de ajuda que lhe foi útil no passado, pode não ser aplicável para algumas pessoas.

Se recusarem ajuda ou preferirem estar sozinhos, é normal que se sinta excluído ou magoado. Todavia, nesta altura, eles precisam de fazer o que é certo para eles. Claro que isto não significa que não valorizem esforços no futuro – podem só não estar preparados agora, mas podem precisar em breve.

Mostre que se importa com os pais e com o bebé

É delicado encontrar um equilíbrio entre ser prestável e intrusivo. E, claro, também ser difícil mostrar que se importa sem trazer tristeza aos pais. Assim, isto pode reverter os papéis e eles podem sentir que o têm de confortar a si ou que a sua dor se sobrepõe à deles. Nestas alturas, se quer apoiar os pais que perderam um bebé mostre-lhes que se importa com eles e com o bebé. Ao fazer isso, tente sempre mostrar que eles não têm de o confortar a si.

O luto e a angústia podem tornar mais complicado que o usual ver e aceitar os pontos de vista e modos de fazer coisas diferentes. Lembre-se que as suas opiniões sobre os pais ou a recuperação dos mesmos, ou como deveriam estar a comportar-se podem ser ofensivas. Desta forma, estar presente para ouvir é a melhor forma de apoio.

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O que (não) dizer

Ainda há muito desconforto e inquietação sobre como lidar com amigos cuja gravidez não resultou num bebé saudável em casa. Para além da perda em si, há uma quebra nos sonhos, desejos e conversas que inundavam os pais. Por isso, é importante sobretudo saber o que (não) dizer.

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O que (não) dizer:

“Tu ainda és nova. Vais ver que vais engravidar outra vez num instante e vai tudo correr bem!”

Antes de mais, há certas coisas a entender aqui: quando uma mulher perde um bebé, não há nenhum outro que o possa substituir. Assim, o que esta frase faz é minimizar a vida que se perdeu aos olhos do pai e desta forma desvalorizar a dor que os pais sentem. Lembre-se, especialmente se já tiver sido mãe, que, para estes pais, este bebé é amado, é uma pessoa e uma vida.

Agora, o bebé está num lugar melhor” ou “Agora tens um anjinho a olhar por ti/vocês” ou qualquer variação religiosa.

Entenda-se, todos os pais percebem que a ideia principal de frases como esta é dar conforto. Desta forma, alguns vão apreciar este tipo de linguagem. Mas imagine que os pais não ligam a religião? Ou o peso que estas frases têm para os pais – muitos podem ouvir: não merecias este bebé, é melhor onde está.

 “Foi o melhor. Se não vingou é porque não tinha de ser. Se calhar havia algo de errado com o bebé.”

Muitos pais são alertados cedo da probabilidade (ou confirmação) que o seu bebé vai ter uma deficiência. Mesmo sendo uma notícia difícil, os pais preparam-se para isso (ou tentam). Quando se está grávida, o amor pelo filho é incondicional. NA maioria das vezes, não há dúvida para os pais que o que eles querem é que o filho nasça… Apesar de não ser fácil para muitos pais, isso não dita o amor que sentem pelos filhos.

“Tudo acontece por uma razão”

Embora comum, esta é uma expressão agridoce. Eventualmente todos a dizem a na vida em relação a quase tudo. Sim, é um facto. Tudo acontece porque houve um motivo. Mas nesta altura não é o que os pais querem ouvir.

Primeiro, porque pode-se nunca descobrir o porquê. Segundo, os pais, especialmente a mãe, vai carregar um sentimento de culpa consigo. Por exemplo, vai julgar-se por não conseguir levar uma gravidez a termo. Numa situação destas…esta expressão pode trazer dor, fúria e tristeza.

 “Antes agora ao início do que mais tarde” ou “Estavas tão no início ainda nem era um bebé

Desde o momento que se engravida, o espírito de mãe vem ao de cima. De repente, todas as conversas são sobre o bebé, do bebé e para o bebé. Imediatamente o tempo torna-se relativo. A partir daí, o que importa são os sentimentos e é importante perceber que existe uma perda associada e agir de acordo com isso.

“Ai se fosse eu, não sei se conseguia… Não sei o que faria se fosse comigo”

Pense, sincera e arduamente no que seria para si. Especialmente se já tiver filhos. De seguida, use esse sentimento para criar empatia com os pais. O que gostaria que me dissessem a mim? Para além disto, frases como esta normalmente são seguidas por histórias para os pais, defletindo a atenção deles e da sua dor.

“Devias estar agradecida pelo que tens

E estamos. Incrivelmente gratos. Mas esse não é o caso. Afinal, se um bebé foi desejado e planeado, ele foi querido. Ele esteve cá e partiu. Desta forma, a gratidão é implícita. Um filho não substitui o outro e frases assim adicionam outra camada de culpa nos pais.

 “O tempo cura tudo”

O tempo dá-lhe perspetiva. Dá-lhe espaço entre o que aconteceu e onde você está. O tempo não cura. Esta é uma ferida no coração, não um braço partido. Não se remenda, apenas se aprende a viver com isto. Preste atenção ao seu humor no Natal ou celebrações em família ou até em datas especiais. O tempo traz distância, mas não esquecimento.

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O que pode dizer e fazer:

Não desespere! Embora menos seja mais em muitos dos casos, pode usar os seguintes exemplos:

  • “Lamento muito.”
  • “O que posso fazer por ti? Há algo que te possa ajudar?”
  • “Se precisares, estou aqui”
  • “Se não te apetecer falar, eu posso só sentar-me aqui ao teu lado e fazer-te companhia.”

O que pode fazer para ajudar nestas alturas: 

  • Ajudar na lida da casa;
  • Trazer comida ou cozinhar;
  • Passear os animais, se for o caso;
  • Tomar conta de outros filhos que possam ter para dar uma pausa ao casal.

E lembre-se, mantenha o contacto durante os próximos meses. No início haverá sempre pessoas, mas o apoio vai diminuindo com o tempo. Faça questão de se manter próxima(o).

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