Categorias
Gravidez pós-perda Testemunhos arco-irís

Ana V.

Era o mês de Outubro de 2021 e os sinais que uma alma estava próxima a chegar foram aparecendo!

Eu sabia que Novembro e Dezembro iam ser meses a evitar para engravidar, para as datas não se cruzarem com as datas que pertenciam à Maya!

O tempo foi passando e os sinais eram cada vez mais intensos. Um dia, em pleno inverno, passeava o cão e vi 3 cegonhas! Pensei: cegonhas no inverno não parece muito normal, acredito que a cegonha vai chegar em breve, mas na minha mente pensava que começava a tentar após Janeiro de 2022.

A verdade é que neste dia eu devo ter engravidado. Testes de ovulação todos negativos, alguns problemas urinários… gravidez não era de todo uma possibilidade! A verdade é que no dia 25 de Dezembro acordei com um sentimento muito forte de que estava grávida. Parecia até contraditório, porque não queria ter engravidado naquele período, mas dentro de mim algo me dizia que estava grávida. Nessa manhã fiz um teste que se mostrou negativo e eu desabei a chorar e no fundo nem sabia bem porquê! O tempo foi passando e a menstruação estava atrasada, nada normal em mim. Dia 30/12/2021 resolvi fazer um teste e, qual o meu espanto, quando vejo o positivo. Em todas as outras 3 gravidezes o teste deu positivo mesmo antes do atraso da menstruação. Não foi o caso desta.

Fiquei em negação durante quase um mês, primeiro porque percebi que as datas iam ficar muito próximas e também com medo que os abortos se repetissem! Só quando fiz a primeira ecografia é que caí em mim!

Foi uma sensação única, os medos eram arrebatadores, mas a esperança de que desta vez tudo correria bem era mais forte. Em Fevereiro, com 10 semanas, fomos passar férias em Portugal e o nosso mundo desabou: uma perda de sangue monstruosa aconteceu (verdadeiramente pior do que os dois abortos que eu já tinha tido). Dei entrada na maternidade e a médica ao ver tanto sangue e ao saber o histórico, tentava encontrar as palavras para, se calhar, me dar mais uma má notícia. Pedi que fosse rápida (com o tempo ficamos calejados com as más notícias), até que a Dra disse que ia fazer uma ecografia vaginal e, qual o espanto dela, quando o meu bebé mexia no seu ninho, feliz da vida!

Então, com esperança o tempo foi passando e este arco-íris foi ganhando espaço na minha barriga. Ela foi aumentando, ele começou a dar sinais e uma conexão começou a criar-se!

Nunca soubemos bem o que aconteceu, mas a verdade é que este ser continuou agarrado à vida, agarrado a nós… fiquei de repouso para garantir que podia voltar para casa. Voltamos a casa e duas semanas depois fizemos a primeira ecografia, que mostrou que tudo estava bem com o nosso bebé. Então, com esperança o tempo foi passando e este arco-íris foi ganhando espaço na minha barriga. Ela foi aumentando, ele começou a dar sinais e uma conexão começou a criar-se!

Nem todos os dias foram fáceis, mas aceitei sempre as minhas emoções, permitir-me senti-las e extravasá-las sempre que necessário! O tempo foi passando, e com medo não queria preparar o quarto, mas a minha enfermeira e a psiquiatra foram-me recomendando começar a avançar aos poucos. Que depois no pós-parto ia ser mais difícil! Lá ganhei coragem e comecei.

Segui as recomendações: as roupas fui lavando e mudei o cheiro dos produtos para a intenção passar a ser outra (o cheiro da Maya será para sempre o cheiro da Maya) e este seria o cheiro para este bebé! Lavei roupas, organizamos o quarto, tudo foi fluindo, mas também houve momentos de emoções elevadas e de muito choro. O medo de voltar a entrar em casa de braços vazios invadia-me. Permitimo-nos avançar nesta montanha russa, de incertezas, medos, angústias e amor!

Tudo foi avançando e as semanas foram passando. O meu bebé que, tamanha era a conexão, que reagia até ao pensamento, diga-se de passagem, que o bebé arco-íris sente tudo muito mais. Preparámos um plano de parto, ao qual eu ainda pensava na tentativa de um parto normal após a cesariana da Maya (às 37 semanas fiz uma ecografia para analisar a minha cicatriz e tudo indicava que se o bebé assim entendesse podia ser normal). Mas o nascimento de um bebé não é só nosso e o pai tem um papel importante também…no nosso caso, o pai não se sentia confiante com o parto normal. Afinal havia todo um passado…

Acabei por ceder e marcamos uma cesariana… mesmo assim entre a espera ainda tive uma consulta e tentaram-me fazer o descolamento das membranas sem sucesso. Tudo apontava que o mais seguro para este bebé chegar era mesmo por cesariana!

Assim foi, no dia 29 o nosso bebé surpresa chegou. Com ele descobrimos que o nosso mundo teria muita cor…descobrimos também que passaríamos a ser pais de um menino…e após este dia eu aprendi a viver com um bebé nos braços e outros no coração.

O Adam sabe e saberá que para nós ele é o nosso 4º filho, mas o primeiro que trouxemos para casa, o primeiro que se comprometeu a fazer esta caminhada terrena connosco!

É uma benção ter este arco-íris connosco após todas as tempestades! Nada é por acaso e no momento certo tudo chega em tempo divino… com carinho, abraço cada um de vocês pais e mães de colo vazio, mas que em breve acreditem, terão o vosso arco-íris.

Ana, mãe do arco íris Adam
Abelhinha Maya e
Anjinhos Jonas e Ayam

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *