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anunciar a gravidez a alguém que perdeu um bebé

Uma das conversas mais desafiantes que se pode ter com uma família que perdeu um bebé é anunciar uma gravidez a esses pais. De repente, pensamos no que vamos dizer, como o vamos fazer e quando iremos partilhar. Não é fácil anunciar uma gravidez a alguém que perdeu um bebé e, a pensar nisso, decidimos escrever este artigo.

Saiba que são sentimentos semelhantes. Quer sejamos pais que tenhamos perdido filhos, quer sejam amigos ou familiares que nunca passaram por uma perda, há um receio em contar, um medo de magoar os pais, anunciando algo que, infelizmente, para eles não correu bem, um lembrar do que aconteceu que poderá trazer tristeza.

Deste modo, a pensar nas famílias cujos bebés morreram ou que batalham a infertilidade, esperamos que estes conselhos ajudem a dar esta notícia, que poderá sentir ser agridoce, da forma mais sensível possível.

Assim, a primeira coisa que gostaríamos de dizer é: conte-nos… sempre. Não tenha medo, se há alguém que vai estar ansiosa à espera que corra tudo bem e a enviar energias positivas somos nós, pais que sabem o que é vir para casa de braços vazios É que, apesar de ser algo solitário, que sabemos que acontece e estarmos preparadas para acolher, ninguém vai fazer de cheerleader melhor que nós. Nós queremos esse bebé aqui, vivo e saudável, tanto como os pais e não nos contar, com medo que nos magoe, só vai agravar o sentimento de isolamento que sentimos.

No entanto, temos plena consciência que é um tema difícil e esperamos que os próximos conselhos ajudem.

Como anunciar a gravidez a alguém que perdeu o bebé

Se puder, avise-nos antes de publicar nas redes sociais

Claro que isto depende do nível de intimidade e amizade que tem com a pessoa – esta lista é a pensar em pessoas próximas, envolvidas na nossa vida. Por isso, antes de anunciar ao mundo, avise-nos. Não é por mal, mas, dependendo de onde estamos no nosso luto, ver publicações destas podem tornar o nosso estômago num nó. É involuntário, mas depararmo-nos com estas publicações, desta forma abrupta, faz-nos pensar no que perdemos, podendo deixar-nos fragilizadas. Assim, saber de antemão vai oferecer a oportunidade para nos prepararmos ou evitarmos ver essa publicação.

Se puder, evite fazê-lo cara a cara

Pode soar estranho e é de louvar a honestidade de uma conversa assim. Mas considere que nos vai pôr no foco – quando ouvimos uma notícia destas podemos, mesmo sem querer, ser assaltados por emoções desconfortáveis. Então, temos de processar e reagir rapidamente e esta digestão acelerada e podemos dizer ou fazer algo que o vai magoar por não mostrarmos o entusiasmo adequado (e sim…esta é uma preocupação válida!).

Envie uma mensagem

Nós sabemos: parece uma forma impessoal de dar notícias tão grandes. Mas permite-nos processar a informação, pôr em ordem sentimentos difíceis e compor uma resposta apropriada (ou até preparamo-nos para uma chamada celebratória).

Dê-nos tempo

Não leve a mal se demorarmos a responder. Afinal, precisamos de tempo para processar. Saibam que estamos felizes por vocês mas, ao mesmo tempo, incrivelmente tristes por nós, seja porque a perda foi recente, ainda deveríamos estar grávidas ou estejamos a tentar novamente sem sucesso.

Não leve a mal os nossos novos limites

Podemos não conseguir acompanhar a vossa jornada na maternidade. Chás de bebé, festas de revelação de género ou até compras para bebé podem ser experiências dolorosas para pais que perderam um filho. Não se ofenda: apenas estamos a proteger-nos e a não tornar esta vossa fase feliz mais sombria por nossa causa.

Prometemos que estamos felizes por vocês, mas também estamos incrivelmente tristes por nós

Apesar de tudo o que os pais de colo vazio possam estar a sentir, lembre-se que esta é uma fase lindíssima e feliz para si. Poderá notar que estes pais se retraem mais em eventos sociais, mas uma vez que processem o que está a acontecer, vão querer estar envolvidos na sua vida. Não deixe de os convidar mesmo que eles digam que não. O importante é manter o espaço aberto para acolher, apoiar e abraçar quando for a altura.

E obrigada por terem os nossos sentimentos em consideração!

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Ajuda prática Família e Amigos Ofertas Ofertas e Recursos Perda gestacional

Apoio para os mais pequeninos

Um dos momentos mais bonitos de uma gravidez é contar aos filhos que se tem, que vem aí um bebé. Um irmãozinho ou irmãzinha. Mas, quando eles não vêm para casa, há conversas delicadas a ter com esses filhos.

Dependendo da idade, pode haver mais ou menos compreensão do que aconteceu. No entanto, percebemos que as crianças expressam a sua dor ou emoções de forma diferente.

A pensar nisto, fizemos uns desenhos para colorir, como forma de incluir o bebé que perdeu na vida dos seus filhos.

Com a chegada das festas, estes são de tema natalício. Esperamos que gostem.

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Apoio psicológico Artigos de Autor | Especialistas Perda gestacional

Estivemos à conversa com a psicóloga Ana Rita Silva, que, também, tal como nós, passou por uma perda gestacional. 

Numa conversa via zoom, abordámos vários temas, sobre os quais escreveremos um conjunto de artigos.

Perguntamos-lhe se lhe chegavam muitos casos de perda gestacional. Disse-nos que, em Portugal, ainda “há um enorme preconceito em relação à ajuda psicológica”. 

“Já acompanhei pessoas que tinham perdido um bebé há 30 anos e o trauma continuava tão vivo e tão presente como se tivesse sido no dia anterior. 

É quase como se aquela experiência ficasse encapsulada no tempo e, não interessa quanto tempo passa, mas é como se tivesse sido no dia anterior. Os gatilhos que fazem disparar as emoções são os mesmos e iguais, agora, ou daqui a 50 anos. É como se o trauma estivesse dentro de uma cápsula. 

É mesmo preciso abrir esta cápsula e trabalhar o que está lá dentro. Conseguimos manter experiências avassaladoras exatamente como elas são a vida inteira se for preciso.”

Apesar de se falar mais sobre a perda gestacional, a verdade é que ainda é um tema tabu, pouco compreendido e desvalorizado pela sociedade. 

“Uma das coisas mais difíceis na perda gestacional e neonatal é a solidão. É transversal e muito dolorosa”, explica. Enquanto noutro tipo de traumas e perdas, temos tendencialmente uma rede a apoiar-nos, porque são consideradas mais naturais e passíveis de acontecer, neste caso não temos porque é quase como se fosse algo contranatura, como se fosse alienígena. É uma solidão excruciante. Chegamos a um ponto de nos dizerem: “então, ainda estás a falar disto?” 

Estas atitudes são isoladoras e não ajudam quem está a passar por uma perda gestacional. Aliás, acabam por contribuir para este trauma. Como nos disse a psicóloga Ana Rita Silva, “a sociedade não ajuda nesse campo”. Não poderíamos estar mais de acordo. 

Nunca é tarde para pedir ajuda. É importante encontrar formas de falar e desabafar. Principalmente se o nosso objetivo é voltar a engravidar: “Se a pessoa tenciona ter mais filhos, há toda uma vivência que tem de ser resolvida para não arrastar o trauma para o presente. 

Hoje em dia, existem vários profissionais especializados no luto e ligados à perda gestacional que podem ajudar nesta caminhada de recuperação. Afinal, o trauma não pode estar sempre numa cápsula. 

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Ajuda prática Apoio psicológico Informação útil Perda gestacional Pós-Perda

Para além de consultas de psicologia com profissionais especializados no luto, há também, para alturas de maior urgência, linhas telefónicas de apoio psicológico. Não está sozinho(a)!

  • Centro SOS-Voz Amiga: Ajuda na solidão, ansiedade, depressão e risco de suicídio : 213 544 545 | 912 802 669 | 963 524 660 (Diariamente das 15:30 à 00:30)
  • Voz de apoio: Horário: 21:00 – 24:00; Contacto Telefónico: 225 506 070 | Email: sos@vozdeapoio.pt
  • Linha de apoio psicológico SNS24: 808 24 24 24 . O serviço está disponível 24h/dia, 7 dias por semana.
  • Sociedade Portuguesa de Psicanálise: 300 051 920 (Segunda-feira a Domingo das 8:00 à 00:00)

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Ofertas Ofertas e Recursos Perda gestacional

Temos um miminho para quem nos visita. Sabemos que, infelizmente, em muitos casos, não há sequer um registo de nascimento e de óbito. Pouco é o que guardamos, em termos físicos, dos nossos filhos que tanto amamos. Por isso, prepararmos estes certificados que podem descarregar e preencher com os dados do vosso(s) bebé(s).

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Ajuda prática Família e Amigos Perda gestacional Perda tardia - Depois
explicar a perda de um bebé

A perda de um bebé pode ter um impacto profundo em toda a família. Terá impacto nas crianças que estavam à espera de um irmão(ã), sobrinha(o) ou primo(a). Igualmente na criança que sobreviveu de um par de gémeos ou até filhos que nascem depois do bebé ter morrido. Neste artigo, damos algumas dicas para explicar às crianças a perda de um bebé.

Apesar de estar dirigido aos pais, este artigo pode aplicar-se a outros familiares, professores e outras pessoas que possam apoiar a criança.

Explicar às crianças a perda de um bebé: dicas

Contar a alguém que um bebé morreu já pode ser bastante difícil. Contar a crianças pode ser especialmente complicado.

É desafiante escolher quando e qual informação dar e explicar o que aconteceu de forma a que a criança entenda. É também complexo passar a mensagem de que este fim não pode ser alterado.

Se não se achar capaz de contar aos seus filhos o que aconteceu, pode pedir a um familiar, como os avós, para o/a ajudar.

Esta pessoa poderá explicar o que aconteceu e o porquê de você estar triste e que, enquanto se estão a resolver as coisas, a criança terá de ficar com ela.

Se o seu bebé faleceu numa unidade neonatal, pode recorrer a um psicólogo ou terapeuta que o possa ajudar com isto.

Quando decidir partilhar a notícia com os seus filhos, é natural sentir-se ansiosa(o) e protetor(a). É importante que considere as idades e a sua capacidade de perceção.

As crianças podem reagir de forma diferente ao esperada – podem não lhe dar a atenção que acha que deveriam ou podem mostrar-se incrivelmente afectados. Ambas e tudo no entremeio é normal

É também fundamental que as crianças percebam que não há problema em chorar e que a(o) podem ver a chorar também.

Quando falar com eles, pode usar frases como “estamos tristes porque o nosso bebé morreu. Quando alguém morre, isso significa que nunca mais os vamos poder ver”. Pode também ser levado pelas questões das próprias crianças.

Pode querer incluir alguns detalhes como o sexo do bebé ou o nome. Assegure-os que podem perguntar mais quando quiserem.

Muitas vezes as crianças aceitam estas simples explicações sem grandes dúvidas e continuarem com as atividades em que se encontravam antes ou mudam imediatamente de assunto. Esta é uma reação normal.

Quando a perda é neonatal

E como explicar às crianças a perda de um bebé nos casos de perda neonatal?

Crianças pequenas que tenham visitado o bebé nas unidades neonatais poderiam estar sob a impressão que o bebé iria melhorar e vir para casa. Podem, portanto, ficar confusos e aflitos sem perceber porque é que este não foi o caso.

É possível que as suas rotinas tenham sido alteradas pelos longos períodos no hospital e desenvolvido uma relação com o bebé. É importante encorajá-los a falar sobre o que sentem e explicar-lhes o que aconteceu.

Algumas crianças gostam de saber sobre o funeral ou para onde vamos quando morremos. Crenças religiosas podem influenciar as suas respostas. Se não for o caso ou quiser manter o assunto mais neutro pode começar as suas respostas com “algumas pessoas acreditam…” ou simplesmente “não sabemos…” Para crianças mais novas, tente dar-lhes uma ideia do que vai acontecer no funeral. Relembre-os que o bebé não sente nada e não está em sofrimento – já que um funeral pode ser assustador.

como explicar às crianças a perda de um bebé

Uma forma de ajudar crianças mais novas a entender a morte é ler livros que abordam o tema de modo apropriado para a idade.

Ser honesto com as crianças

Mesmo pequenas, as crianças sentem quando algo está errado.

Se não lhes for dito o que está a contecer, isso pode assustá-los e fazê-los imaginar que eles são a razão da sua tristeza.

Por duro que pareça, uma linguagem simples e honesta é melhor do que frases que possam ter significados múltiplos.

Por exemplo, dizer que o bebé está a dormir podem soar confusas e pode preocupa-los sobre irem para a cama e não voltarem a acordar. Expressões como “perdemos o bebé” ou “ não está cá” podem levá-los a pensar que o bebé está só perdido ou vai voltar. Isso leva a uma esperança falsa sobre o estado do bebé e a possibilidade de ele poder acordar ou ser encontrado. Estas expressões podem também preocupar a criança sobre se o mesmo lhe poderá acontecer ou a si.

De igual forma, dizer que o bebé estava doente pode assustá-lo quando eles ficarem doentes.

Tal como os adultos, as crianças têm um vasto leque de emoções; estes podem aparecer em ordem aleatória. E, tal como os adultos, estes sentimentos podem ser conflituosos e complicados.

Sentimentos de revolta e culpa

As crianças têm sentimentos mistos sobre o novo irmão ou irmã. Uma criança que tenha sentido inveja durante a gravidez pode sentir-se culpada sobre a morte do bebé. Pode ser benéfico lembrá-lo que nada é culpa deles e nada que eles tenham feito ou pensado poderia mudar o que aconteceu.

Outras crianças podem sentir revolta contra o bebé ou até os pais. Poderão também temer que que outros chegados a si possam morrer também. Podem demonstrar também mais irritação do que o habitual a pais que estejam separados, especialmente se a mãe se encontrar criticamente doente ou tem de ficar no hospital.

Fatores de alerta no comportamento

Assim como os adultos, crianças, especialmente as mais novas, podem ter dificuldades em expressar os seus sentimentos. Procure mudanças no seu comportamento. Por exemplo, uma criança que já estava treinada para ir à casa de banho, podem querer voltar a fraldas ou recomeçar a molhar a cama. Poderão também tornar-se mais dependentes. Mudanças em rotinas de alimentação ou sono também devem ser notadas. Tente manter a rotina o mais normal possível e crie oportunidades para os seus filhos fazerem perguntas.

É comum para crianças expressarem os seus sentimentos através de brincadeira, pintura ou desenho. Isto poderá indicar os sentimentos e humor deles e ser uma forma de expressar o que sentem. Considere que apoio externo a criança pode precisar, quer seja através de familiares, amigos ou terapia.

Profissionais como professores, tutores ou médicos devem ser mantidos informados para que possam ser apoiados devidamente.

Crianças, por norma, navegam o entendimento como vai ver mais à frente. Se a criança já tiver experienciado uma morte na família ou tiver dificuldade de aprendizagem ou mental, isto pode afetar a sua capacidade de compreensão ou de resposta.

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Ajuda prática Perda Tardia - Durante

Quando lhe dão a notícia de que o seu bebé faleceu ainda no seu útero, ou irá falecer em breve ou mesmo que terá de interromper a gravidez por razões médicas, uma das questões que pode colocar a seguir é como contar a amigos e familiares sobre a perda do seu bebé. Nas primeiras horas, poderá ser complicado. Logo que se sinta preparado, damos algumas dicas do que pode fazer para ser mais fácil:

  • Pedir ajuda quando precisar. Por exemplo: use um familiar em que confie para partilhar a notícia com a restante família ou amigos;
  • Em alternativa, uma mensagem para todos poderá chegar;
  • Se precisar ou quiser, pode também partilhar nas redes sociais para que possa revelar o que aconteceu e pedir que lhe deem espaço ou o(a) contactem para o(a) ajudarem.

Como contar a amigos e familiares sobre a perda do seu bebé: mais conselhos

Se o seu bebé tiver morrido perto da data prevista do seu nascimento, é comum que as pessoas a par da sua gravidez estejam à espera, entusiasticamente, por notícias boas. Assim, poderá ser um equilíbrio bastante delicado contar a amigos e familiares sobre a perda do seu bebé. Se ligar a familiares e amigos, pode, por exemplo, começar por: “Tenho notícias tristes”.

Assim, frases como esta poderão ajudar a definir o tom da conversa que se vai seguir. Ajudam ainda a reduzir o número de comentários e interjeições que serão custosas. Seja firme quanto ao tempo da conversa, explicando que será uma conversa breve. Isto pode ser não só pela quantidade de partilha, mas também para proteção pessoal.

Se a perda for neonatal, pessoas que estavam a par do estado de saúde do bebé podem também ter dificuldades em continuar uma conversa consigo.

É possível que os seus amigos e entes queridos não saibam bem o que dizer. As suas notícias são difíceis para eles também e poderão despertar experiências pessoais. Desta feita, poderá sentir-se culpado(a) e na situação de os confortar a eles. No entanto, é importante que se lembre que esta é a sua experiência e que esta é a altura para receber apoio e conforto em vez de se preocupar com os outros.

Peça ajuda, se precisar

Tente não sentir que tem de responder a todas as perguntas de toda a gente. Diga apenas o que achar melhor e conseguir. Mais tarde, haverá tempo e cabeça para partilhar mais detalhes e responder a pessoas.

Se precisar e puder, peça a família e amigos que tomem conta de crianças que possa ter ou ajudar em atividades caseiras, como trazer uma refeição ou até ajudar na lida da casa.

Frequentemente as pessoas vão querer ajudar e agradecem instruções claras. Se deixar outros filhos com avós ou familiares próximos, poderá também pedir-lhes que expliquem o que aconteceu e que os pais estão a resolver as coisas antes de voltarem para casa.

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Perda gestacional Perda tardia - Depois

Ao voltar para casa, muitos são os desafios emocionais e físicos da perda gestacional a enfrentar. Sobretudo se esta foi a sua primeira gravidez ou fruto de um tratamento de fertilidade. Neste caso, há muitas coisas que pode não conseguir entender imediatamente. Como resultado, vai sentir mudanças no seu corpo, incluindo alguma dor física e desconforto nas primeiras semanas, especialmente no caso de ter tido um parto normal.

Durante esta fase, pode tentar perceber por que é que aconteceu. Este é um direito que tem. Notará que, na grande parte das vezes, os momentos que se seguem são de espera para saber os resultados de exames que possam ter sido realizados a si e ao seu bebé.

Há, indiscutivelmente, poucas experiências que se possam comparar ao trauma de perder um bebé. Assim como os vários aspetos práticos que possam ocupar o seu tempo nas primeiras semanas, deverá reconhecer que haverá significantes desafios emocionais e físicos da perda gestacional. Apesar do impacto ser, principalmente para si e para o seu parceiro, é usual que a família sinta o peso e a tristeza da perda.

desafios físicos e emocionais, vazio

Desafios Físicos

Da mesma forma que o seu corpo se preparou para um bebé vivo, este nem sempre regista que o bebé tenha morrido. Na maior parte dos casos, o parto será efetuado à semelhança de um nascimento normal. No evento de sofrer de complicações pós-parto, é vital que receba a atenção médica que lhe é devida.

Consequentemente, pode expressar leite. Isto pode ser um choque físico e psicológico. Frequentemente, e dependendo da fase da gravidez, o seu corpo estaria preparado em antecipação da chegada do bebé. Nestes casos, os médicos poderão dar-lhe medicação para parar a produção de leite.

Por causa de todas as tranformações que occorrem durante um curto espaço de tempo, é natural que o seu corpo demore o seu tempo a voltar à “normalidade”. Assim, pode estar algum tempo sem menstruar e voltar à regularidade.

Para todos os pais, o luto pode ser esgotante. Como tal, pode estar cansada física e emocionalmente. Devido ao do choque de descobrir que o seu bebé morreu, as decisões que teve de tomar ou até mesmo o parto, a probabilidade de se sentir exausta (o) será enorme.

Desafios Emocionais

O impacto emocional de perder um bebé é inestimável e duradouro. Será, por isso, natural sentir choque, entorpecimento, raiva, ressentimento, tristeza, vazio, culpa, perda de autoestima e muitas mais emoções. Enquanto isto pode ser difícil de aceitar, é importante que faça o luto pela a sua perda e que procure a ajuda que precisar.

É absolutamente normal sentir uma confusão de emoções e, passado algum tempo, vai perceber que esta não é uma dor comum. Assim, vai vê-la de outra forma e perceber que esta angústia vai demorar mais a passar que o esperado. No entanto, se passado algum tempo, continuar a achar a vida diária difícil, ou não conseguir ir trabalhar, por favor procure ajuda.

Acima de tudo, Lembre-se que pode contactar o seu médico de família e explicar o que sente e eles poderão referi-la(o) para um psicólogo.  Alternativamente, pode também procurar ajuda pessoalmente.

desafios físicos e emocionais

Para além disto, conversar com alguém que tenha passado por uma situação semelhante e partilhar a experiência, pode também ser extremamente benéfico. Recorde-se que todos sofrem de forma diferente e tente não comparar a sua experiência ou luto com a dos outros. Pode ler aqui alguns testemunhos de perda gestacional.

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Ajuda prática Família e Amigos

Oferecer apoio pode ser complicado. Afinal, a perda gestacional ou neonatal pode apanhar-nos desprevenidos e muitas vezes podemos não saber como lidar ou como ajudar. Assim, como podemos apoiar os pais que perderam um bebé? Neste artigo, damos algumas dicas.

Primeiramente, o nível de envolvimento depende do quanto você quiser ou sentir que é certo. É natural ser influenciado pela relação que partilha com os pais e também pela forma como lidou com problemas comuns no passado.

Alguns pais precisam de tempo e privacidade e de passar pelas coisas sozinhos enquanto outros precisam de extravazar os seus sentimentos.

apoiar pais que perderam um bebé

É importante que ouça os pais para que perceba que tipo de apoio necessitam. Todos lidam com isto de maneira diferente. Portanto, oferecer uma forma de ajuda que lhe foi útil no passado, pode não ser aplicável para algumas pessoas.

Se recusarem ajuda ou preferirem estar sozinhos, é normal que se sinta excluído ou magoado. Todavia, nesta altura, eles precisam de fazer o que é certo para eles. Claro que isto não significa que não valorizem esforços no futuro – podem só não estar preparados agora, mas podem precisar em breve.

Mostre que se importa com os pais e com o bebé

É delicado encontrar um equilíbrio entre ser prestável e intrusivo. E, claro, também ser difícil mostrar que se importa sem trazer tristeza aos pais. Assim, isto pode reverter os papéis e eles podem sentir que o têm de confortar a si ou que a sua dor se sobrepõe à deles. Nestas alturas, se quer apoiar os pais que perderam um bebé mostre-lhes que se importa com eles e com o bebé. Ao fazer isso, tente sempre mostrar que eles não têm de o confortar a si.

O luto e a angústia podem tornar mais complicado que o usual ver e aceitar os pontos de vista e modos de fazer coisas diferentes. Lembre-se que as suas opiniões sobre os pais ou a recuperação dos mesmos, ou como deveriam estar a comportar-se podem ser ofensivas. Desta forma, estar presente para ouvir é a melhor forma de apoio.

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Ajuda prática Família e Amigos

Ainda há muito desconforto e inquietação sobre como lidar com amigos cuja gravidez não resultou num bebé saudável em casa. Para além da perda em si, há uma quebra nos sonhos, desejos e conversas que inundavam os pais. Por isso, é importante sobretudo saber o que (não) dizer.

O que (não) dizer, ajuda pratica, planta

O que (não) dizer:

“Tu ainda és nova. Vais ver que vais engravidar outra vez num instante e vai tudo correr bem!”

Antes de mais, há certas coisas a entender aqui: quando uma mulher perde um bebé, não há nenhum outro que o possa substituir. Assim, o que esta frase faz é minimizar a vida que se perdeu aos olhos do pai e desta forma desvalorizar a dor que os pais sentem. Lembre-se, especialmente se já tiver sido mãe, que, para estes pais, este bebé é amado, é uma pessoa e uma vida.

Agora, o bebé está num lugar melhor” ou “Agora tens um anjinho a olhar por ti/vocês” ou qualquer variação religiosa.

Entenda-se, todos os pais percebem que a ideia principal de frases como esta é dar conforto. Desta forma, alguns vão apreciar este tipo de linguagem. Mas imagine que os pais não ligam a religião? Ou o peso que estas frases têm para os pais – muitos podem ouvir: não merecias este bebé, é melhor onde está.

 “Foi o melhor. Se não vingou é porque não tinha de ser. Se calhar havia algo de errado com o bebé.”

Muitos pais são alertados cedo da probabilidade (ou confirmação) que o seu bebé vai ter uma deficiência. Mesmo sendo uma notícia difícil, os pais preparam-se para isso (ou tentam). Quando se está grávida, o amor pelo filho é incondicional. NA maioria das vezes, não há dúvida para os pais que o que eles querem é que o filho nasça… Apesar de não ser fácil para muitos pais, isso não dita o amor que sentem pelos filhos.

“Tudo acontece por uma razão”

Embora comum, esta é uma expressão agridoce. Eventualmente todos a dizem a na vida em relação a quase tudo. Sim, é um facto. Tudo acontece porque houve um motivo. Mas nesta altura não é o que os pais querem ouvir.

Primeiro, porque pode-se nunca descobrir o porquê. Segundo, os pais, especialmente a mãe, vai carregar um sentimento de culpa consigo. Por exemplo, vai julgar-se por não conseguir levar uma gravidez a termo. Numa situação destas…esta expressão pode trazer dor, fúria e tristeza.

 “Antes agora ao início do que mais tarde” ou “Estavas tão no início ainda nem era um bebé

Desde o momento que se engravida, o espírito de mãe vem ao de cima. De repente, todas as conversas são sobre o bebé, do bebé e para o bebé. Imediatamente o tempo torna-se relativo. A partir daí, o que importa são os sentimentos e é importante perceber que existe uma perda associada e agir de acordo com isso.

“Ai se fosse eu, não sei se conseguia… Não sei o que faria se fosse comigo”

Pense, sincera e arduamente no que seria para si. Especialmente se já tiver filhos. De seguida, use esse sentimento para criar empatia com os pais. O que gostaria que me dissessem a mim? Para além disto, frases como esta normalmente são seguidas por histórias para os pais, defletindo a atenção deles e da sua dor.

“Devias estar agradecida pelo que tens

E estamos. Incrivelmente gratos. Mas esse não é o caso. Afinal, se um bebé foi desejado e planeado, ele foi querido. Ele esteve cá e partiu. Desta forma, a gratidão é implícita. Um filho não substitui o outro e frases assim adicionam outra camada de culpa nos pais.

 “O tempo cura tudo”

O tempo dá-lhe perspetiva. Dá-lhe espaço entre o que aconteceu e onde você está. O tempo não cura. Esta é uma ferida no coração, não um braço partido. Não se remenda, apenas se aprende a viver com isto. Preste atenção ao seu humor no Natal ou celebrações em família ou até em datas especiais. O tempo traz distância, mas não esquecimento.

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O que pode dizer e fazer:

Não desespere! Embora menos seja mais em muitos dos casos, pode usar os seguintes exemplos:

  • “Lamento muito.”
  • “O que posso fazer por ti? Há algo que te possa ajudar?”
  • “Se precisares, estou aqui”
  • “Se não te apetecer falar, eu posso só sentar-me aqui ao teu lado e fazer-te companhia.”

O que pode fazer para ajudar nestas alturas: 

  • Ajudar na lida da casa;
  • Trazer comida ou cozinhar;
  • Passear os animais, se for o caso;
  • Tomar conta de outros filhos que possam ter para dar uma pausa ao casal.

E lembre-se, mantenha o contacto durante os próximos meses. No início haverá sempre pessoas, mas o apoio vai diminuindo com o tempo. Faça questão de se manter próxima(o).

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