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Ginecologia e Obstetrícia

Após a perda de um filho(s), e dependendo da experiência de cada um, pode ser muito difícil confiar num obstetra, ou em quem nos acompanha numa gravidez pós-perda. A pensar nisso, compilamos neste artigo uma listagem de profissionais de saúde sensíveis à perda gestacional e neonatal que nos vão sendo recomendados por outras mamãs que com eles lidaram na sua jornada de gravidez pós-perda.

Seja para exames para investigar a causa da morte do bebé ou para preparar e seguir uma nova gravidez e tudo fazer para evitar uma nova perda ter do nosso lado profissionais de saúde sensíveis à perda gestacional e neonatal faz toda a diferença (física ou psicologicamente!).

Assim, esperamos que esta listagem, por zonas do país, vos possa, de alguma forma, ajudar:

Porto e Norte

  • Dr. Pedro Xavier – Ginecologia/Obstetrícia, Medicina da Reprodução, Hospital de São João
  • Dr. Joaquim Gonçalves – Ginecologia e Obstetrícia no Hospital Lusíadas da Boavista
  • Dr. António Braga – Obstetrícia, Medicina Materno Fetal Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar Universitário do Porto
  • Dr. Gonçalo Inocêncio – Obstetrícia, Medicina Materno Fetal Centro Materno Infantil do Norte, Centro Hospitalar Universitário do Porto
  • Dr. Joaquim Rodrigo – Ginecologia/Obstetrícia, Hospital da Luz de Póvoa do Varzim
  • Dr.ª Cátia Lia Abreu – Ginecologia/Obstetrícia, Trofa Saúde Barcelos e Hospital de Braga

Lisboa e Sul

  • Dr. Jorge Lima – Ginecologia/Obstetrícia, Hospital da Luz Lisboa
  • Dr.ª Filipa Dias Lourenço – Ginecologia/Obstetrícia, CUF Descobertas e Alvalade
  • Dr.ª Filipa Teles – Essence Prime Care
  • Dr. Miguel Raimundo – Ginecologia/Obstetrícia, Hospital da Luz Setúbal
  • Dr.ª Ana Beatriz Godinho, Ginecologia/Obstetrícia, Consultório Médico Dr. Salvado Godinho, Setúbal
  • Dra. Lara Caseiro, Hospital da Luz, Évora

Caso tenha algum profissional que gostava de acrescentar por uma experiência positiva, por favor entre em contacto. Obrigada.

Por favor, note que esta lista está em constante construção e é feita de recomendação de famílias que passaram por perdas e seguiram para gravidezes pós-perda. Desta forma, não nos responsabilizamos pela sua experiência, mas esperamos que receba o apoio que merece e precisa.

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Gravidez pós-perda Testemunhos arco-irís

Perdi o meu primeiro bebé em Janeiro de 2021, às 7 semanas.

Soube, desde o primeiro momento, que a minha dor só iria diminuir quando conseguisse cumprir o meu desejo de ser mãe, pensamento um pouco egoísta, talvez, porque o meu arco-íris não substitui o meu primeiro bebé.

Dois meses após a perda, começámos a tentar, mas a minha própria pressão era tanta que não me deixava conseguir engravidar. Passaram 7 meses e o meu positivo não chegava.

Ao oitavo mês, decidi desistir e deixar nas mãos de quem me dá sentido à vida decidir se eu ia, ou não, ser mãe. Nesse mês, engravidei.

Outubro de 2022.

O meu namorado soube primeiro que eu, insistia que eu estava grávida mas eu nem queria fazer o teste. Tive um atraso, testei e o positivo estava lá. Não quis acreditar.

A primeira coisa que disse ao meu namorado foi: “Não me quero mexer. Não quero fazer nada que me possa fazer perder o bebé”. Foram 9 meses muito intensos, com indícios de pré-eclâmpsia, com paralisia facial, com um aumento excessivo de peso e com muita, mas muita ansiedade.

No final correu tudo bem. A minha bebé está aqui, linda e a mostrar-me que o amor existe. Trouxe um bónus, uma manchinha no pulso, onde eu também tenho uma, em forma de coração. Cada vez que olho para ela, tenho a certeza que o irmão ou irmã, a enviou e enviou com ela a mensagem mais bonita de amor que existe.

Esse bebé não está cá, mas é meu filho e amo-o como amo a minha arco-íris e ele retribuiu-me esse amor.

Não deixem de acreditar. O que é nosso volta sempre e, se não voltar, fica o amor no coração.

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Gravidez pós-perda Infertilidade Testemunhos arco-irís

Senti que tinha que deixar isto escrito antes do meu filho nascer!


E prometo um dia escrever-vos a história do nosso caminho até aqui…

Estou talvez a dias ou horas de conhecer aquele que foi o meu/nosso sonho durante muitos anos, desejar tanto um filho e não conseguir… Um sonho tão grande, que não passava disso, um sonho tão bom que ao mesmo tempo era tão duro…

Muitos anos a viver um sonho tão grande de mãos dadas com a In(Fertilidade). Um caminho tão longo, tratamentos falhados, perdas, muitas, muitas lágrimas, mas com o sentimento seguro de que um dia haveria de ser dia!

E não é que o arco-íris acabou mesmo por brilhar?
O que é para ser nosso, acaba por chegar. Lutem, não desistam, acreditem muito. Se foi fácil? Não! Mas quem percorre este caminho sabe que, quando a vitória chega, não há nada que pague este AMOR ❤️
E O AMOR VENCE TUDO!

Só quando tiver o meu filho nos braços vou ter a certeza de que isto é mesmo real…

Termino estas palavras com uma Gratidão gigante por poder estar a viver esta fase da nossa vida.
Nunca me esqueço de todos aqueles que continuam a percorrer este caminho: um abraço de coragem e ACREDITEM, ACREDITEM MUITOOOO.

Com muito carinho por todos vós:

“Abraça – me até sempre”

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Gravidez pós-perda Testemunhos arco-irís

Era o mês de Outubro de 2021 e os sinais que uma alma estava próxima a chegar foram aparecendo!

Eu sabia que Novembro e Dezembro iam ser meses a evitar para engravidar, para as datas não se cruzarem com as datas que pertenciam à Maya!

O tempo foi passando e os sinais eram cada vez mais intensos. Um dia, em pleno inverno, passeava o cão e vi 3 cegonhas! Pensei: cegonhas no inverno não parece muito normal, acredito que a cegonha vai chegar em breve, mas na minha mente pensava que começava a tentar após Janeiro de 2022.

A verdade é que neste dia eu devo ter engravidado. Testes de ovulação todos negativos, alguns problemas urinários… gravidez não era de todo uma possibilidade! A verdade é que no dia 25 de Dezembro acordei com um sentimento muito forte de que estava grávida. Parecia até contraditório, porque não queria ter engravidado naquele período, mas dentro de mim algo me dizia que estava grávida. Nessa manhã fiz um teste que se mostrou negativo e eu desabei a chorar e no fundo nem sabia bem porquê! O tempo foi passando e a menstruação estava atrasada, nada normal em mim. Dia 30/12/2021 resolvi fazer um teste e, qual o meu espanto, quando vejo o positivo. Em todas as outras 3 gravidezes o teste deu positivo mesmo antes do atraso da menstruação. Não foi o caso desta.

Fiquei em negação durante quase um mês, primeiro porque percebi que as datas iam ficar muito próximas e também com medo que os abortos se repetissem! Só quando fiz a primeira ecografia é que caí em mim!

Foi uma sensação única, os medos eram arrebatadores, mas a esperança de que desta vez tudo correria bem era mais forte. Em Fevereiro, com 10 semanas, fomos passar férias em Portugal e o nosso mundo desabou: uma perda de sangue monstruosa aconteceu (verdadeiramente pior do que os dois abortos que eu já tinha tido). Dei entrada na maternidade e a médica ao ver tanto sangue e ao saber o histórico, tentava encontrar as palavras para, se calhar, me dar mais uma má notícia. Pedi que fosse rápida (com o tempo ficamos calejados com as más notícias), até que a Dra disse que ia fazer uma ecografia vaginal e, qual o espanto dela, quando o meu bebé mexia no seu ninho, feliz da vida!

Então, com esperança o tempo foi passando e este arco-íris foi ganhando espaço na minha barriga. Ela foi aumentando, ele começou a dar sinais e uma conexão começou a criar-se!

Nunca soubemos bem o que aconteceu, mas a verdade é que este ser continuou agarrado à vida, agarrado a nós… fiquei de repouso para garantir que podia voltar para casa. Voltamos a casa e duas semanas depois fizemos a primeira ecografia, que mostrou que tudo estava bem com o nosso bebé. Então, com esperança o tempo foi passando e este arco-íris foi ganhando espaço na minha barriga. Ela foi aumentando, ele começou a dar sinais e uma conexão começou a criar-se!

Nem todos os dias foram fáceis, mas aceitei sempre as minhas emoções, permitir-me senti-las e extravasá-las sempre que necessário! O tempo foi passando, e com medo não queria preparar o quarto, mas a minha enfermeira e a psiquiatra foram-me recomendando começar a avançar aos poucos. Que depois no pós-parto ia ser mais difícil! Lá ganhei coragem e comecei.

Segui as recomendações: as roupas fui lavando e mudei o cheiro dos produtos para a intenção passar a ser outra (o cheiro da Maya será para sempre o cheiro da Maya) e este seria o cheiro para este bebé! Lavei roupas, organizamos o quarto, tudo foi fluindo, mas também houve momentos de emoções elevadas e de muito choro. O medo de voltar a entrar em casa de braços vazios invadia-me. Permitimo-nos avançar nesta montanha russa, de incertezas, medos, angústias e amor!

Tudo foi avançando e as semanas foram passando. O meu bebé que, tamanha era a conexão, que reagia até ao pensamento, diga-se de passagem, que o bebé arco-íris sente tudo muito mais. Preparámos um plano de parto, ao qual eu ainda pensava na tentativa de um parto normal após a cesariana da Maya (às 37 semanas fiz uma ecografia para analisar a minha cicatriz e tudo indicava que se o bebé assim entendesse podia ser normal). Mas o nascimento de um bebé não é só nosso e o pai tem um papel importante também…no nosso caso, o pai não se sentia confiante com o parto normal. Afinal havia todo um passado…

Acabei por ceder e marcamos uma cesariana… mesmo assim entre a espera ainda tive uma consulta e tentaram-me fazer o descolamento das membranas sem sucesso. Tudo apontava que o mais seguro para este bebé chegar era mesmo por cesariana!

Assim foi, no dia 29 o nosso bebé surpresa chegou. Com ele descobrimos que o nosso mundo teria muita cor…descobrimos também que passaríamos a ser pais de um menino…e após este dia eu aprendi a viver com um bebé nos braços e outros no coração.

O Adam sabe e saberá que para nós ele é o nosso 4º filho, mas o primeiro que trouxemos para casa, o primeiro que se comprometeu a fazer esta caminhada terrena connosco!

É uma benção ter este arco-íris connosco após todas as tempestades! Nada é por acaso e no momento certo tudo chega em tempo divino… com carinho, abraço cada um de vocês pais e mães de colo vazio, mas que em breve acreditem, terão o vosso arco-íris.

Ana, mãe do arco íris Adam
Abelhinha Maya e
Anjinhos Jonas e Ayam

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Gravidez pós-perda Testemunhos arco-irís

A Clara chegou ao mundo a 4 de Janeiro depois de um parto de mais de 40 horas.

Tal como toda a gravidez, foram as horas mais lentas e mais rápidas da minha vida. Não vou mentir, não foi uma gravidez fácil. Aliás, começou com uma visita ao hospital, por causa de um sangramento e com más notícias: “Claudia, prepara o coração que esse bebé também não vai ficar. Os teus níveis estão muito baixos. Para a semana, quando fizeres o teste de novo, já confirmamos a não evolução com um negativo”.

Eu já estava preparada, afinal, o meu arco-íris não tinha ficado e uma pessoa quase que se habitua a receber más notícias – enfim, perda era tudo o que conhecia!

O teste veio positivo, em segundos. Mas tinham-me avisado que podia acontecer e, se fosse esse o caso, para esperar 3 dias, refazer e se ainda fosse positivo, voltar ao hospital.

Os positivos continuaram a aparecer e eu, com a ânsia, até fiz daqueles electrónicos e as semanas subiram.

Na consulta confirmou-se: má datação inicial, bebé de 7 semanas, coraçãozinho a bater. Eu fiz aquele caminho até casa 2 vezes sozinha. Em ambas tive de dar as más notícias ao meu parceiro. Esta foi a primeira vez que as lágrimas eram de felicidade.

Por ter perdido a Charlie tarde na gravidez, fui seguida muito de perto com ecos regulares e várias consultas. O resto da gravidez, felizmente, foi tranquilo. O meu estado emocional, por outro lado, foi uma montanha russa. Um dia de cada vez. Como forma de proteção, não partilhei a gravidez com quase ninguém e, quando o fiz, foi em fase bem avançada.

Quando o coração de um bebé deixa de bater dentro de nós sem motivo, aprendemos que não há rede de segurança em nenhuma fase da gestação e nada que garanta que vá correr bem. É aceitar o medo, a falta de controlo e seguir, esperando o melhor e preparando-nos para o pior. Mas eu também sabia que ela merecia ser celebrada. Quando passei as 25 semanas, mentalizei-me que ia ter de a conhecer, quer corresse bem ou mal, e por isso, já contava que o coração ia sofrer se ela não ficasse; não havia nada que me salvasse disso.

Houve muitas coisas que fiz diferentes, aliás, eu queria e precisava que fosse diferente, porque semelhanças, na minha cabeça, indicavam uma repetição do desfecho. É importante ter mecanismos de cooperação. Não que eles impeçam os medos ou os dias de saudade e choro, mas precisamos de aproveitar os bons e acreditar, nesses dias, que vai tudo correr bem. Por isso, se se encontrar a fazer qualquer coisa que possa parecer estranha mas que esteja, de alguma maneira, ligada à gravidez, é normal. É um dia de cada vez. É respirar e pôr um pé em frente do outro. Muitas vezes, é esperar que aquele dia acabe.

Mas, nos dias bons, se conseguir, aproveite. Nós culpamo-nos de não fazermos memórias suficientes com os bebés que perdemos e, por medo, acabamos por fazer o mesmo – mas mesmo sem recordação física, o bebé existiu e somos a mãe dele.

Tudo o que vos desejo, é que sintam o alívio, o amor, o quentinho, o cheirinho e a felicidade que eu senti quando a Clara chegou.

É estranho como ela nos pertence, mesmo quando penso que, se calhar, se a Charlie tivesse ficado, ela não teria chegado. E isso parece-me tão errado como a perda dos meus 2 bebés.

A todos nesta viagem, cuidem de vocês, procurem apoio e aproveitem como conseguirem, prometo que vale a pena!

Claudia.

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Gravidez pós-perda Testemunhos arco-irís

Perdi o meu Tiago no dia 20 de Janeiro de 2021. Um bebé muito desejado, depois de vários anos de tratamentos de fertilidade. Foi muito duro e por várias vezes me veio à cabeça a ideia de que ser mãe não era para mim, parecia que não estava destinado.

O medo invadiu o meu coração. Procurei ajuda psicológica, fiz reiki, entre outras terapias, que me ajudaram a aceitar aquela perda.

Quando pude comecei novamente com as transferências de embriões. Cada negativo era um murro no estômago, vinha novamente o medo e a dor.

Foram 4 transferência negativas. As forças começavam a faltar. Mas, no fundo, não queríamos desistir. Cada sinal que recebia me “dizia não desistas”. O arco-íris estava lá para mim. Até que decidimos fazer uma última transferência; o embrião que supostamente era o mais fraquinho de todos e veio o positivo. Um valor muito baixo que ninguém acreditava que ia vingar. Mas vingou e hoje tenho uma bela princesa nos braços.

Não foi uma gravidez fácil. Toda aquela inocência acabou. Tudo era medo. Tudo era um problema. Não foi uma gravidez onde aproveitei para tirar fotos, para mostrar a barriga. Afastei-me de tudo que me fizesse pensar que poderia correr mal e confiei que o universo ia ser generoso comigo.

Como perdi o meu Tiago às 37 semanas, imaginem o final da minha gravidez… super ansiosa. O medo de ela parar de mexer era tanto. O trauma do dia em que soubemos que já não tinha batimentos….

Ela não quis esperar pelas 37 semanas e decidiu romper a bolsa num domingo à noite, dia 20 de Novembro de 2022. Curiosamente no dia do irmão (20).

Nasceu às 36+3 cheia de saúde e linda.

Isto tudo para passar a mensagem a quem, assim como eu, perdeu um bebé e está a tentar outro: Não desistam, o caminho é longo e duro. A luta contra a infertilidade é difícil. Mas acreditem no amor. Acreditem em vocês. 

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Gravidez pós-perda Testemunhos arco-irís

Tenho 2 filhos e são ambos bebés arco-íris!

A situação mais difícil foi a minha segunda perda em 2020, às 17 semanas, depois de uma 1ª eco normal e um teste Harmony sem problemas.

Em 2021 voltei a engravidar porque não havia motivo aparente nem doenças diagnosticadas (às vezes preferia que tivesse havido…) mas às 9 semanas o sonho acabou .

Posso dizer que só tenho neste momento um bebé de 2 meses no colo porque o médico que encontrei se mostrou otimista desde a primeira consulta, caso contrário teríamos desistido.

Esta gravidez foi uma montanha russa de sentimentos, sendo o medo o principal. Por exemplo, só contámos a novidade quando já não era possível esconder. Com apoio psicológico, a determinada altura percebi que não era justo para nenhum de nós, bebé incluído, fazer de conta que não estava a acontecer nada. Era uma vida nova e merecia ser celebrada como tal!

Mesmo assim, agora que passou, arrependo-me de não ter tirado mais fotos, guardado mais lembranças… O mais provável é ter sido a minha última gravidez e ficou uma grande nostalgia. 

Apesar de tudo é uma história com final feliz!

Desejo todo o amor e compaixão a quem esteja a passar ou tenha passado pelo mesmo.

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Gravidez pós-perda Testemunhos Testemunhos arco-irís Testemunhos Perda Precoce

Estive grávida 5 vezes. Na primeira gravidez (2012,) o sonho durou apenas às 7 semanas. A segunda gravidez teve sucesso. Embora tenha tido ameaça de aborto com perdas de sangue às 6 semanas, com repouso e progesterona, chegamos às 41 semanas. Nasceu então a minha bebé arco- íris a 7 de janeiro de 2014.

A terceira gravidez (2019) tive um aborto espontâneo às 10 semanas. O choque foi ainda maior do que da primeira perda. Primeiro, porque sempre pensei que era só fazer a medicação e ia correr tudo bem, nunca pensei que ia correr mal. E depois também porque já tinha dito à minha filha que carregava um bebé na minha barriga.

Foi um turbilhão de emoções enorme. Saí do hospital sem qualquer apoio. O meu ginecologista, na revisão, passadas 5 semanas, só me soube dizer que podia tentar de novo, quando o que eu esperava ouvir era “vamos fazer exames” porque o meu coração me dizia que algo se passava. Perdia sempre sangue às 6 semanas e era sempre com o mesma intensidade. Mas, como não ouvi isso, saí porta fora sem tão pouco dizer que era isso que eu pretendia.

Na consulta da médica de família o discurso foi: “ainda bem que o seu corpo eliminou, é sinal que está a fazer bem o trabalho dele, porque quando há estas perdas é porque há um defeito do óvulo ou do embrião.” Eu aí ainda disse que na gravidez anterior tinha perdido sangue com as mesmas semanas, nasceu e é perfeita e saudável e que o melhor era vermos porque tinha de haver uma justificação”. Não mandou fazer nada porque, segundo o protocolo, só se investiga após a 3ª perda consecutiva.

Fiz uma pausa. Uma colega recomendou falar com uma pessoa que talvez me ajudasse a encontrar um médico que investigasse e assim foi. Arranjei uma consulta no Porto e o tal médico disse que apenas em 5% dos casos se descobrem as causas. Fizemos o cariótipo do casal, estava tudo ok, eu fiz mais análises que estavam todas dentro do normal. Então o médico recomendou que, numa futura gravidez, fizesse aspirina, assim como progesterona e foi descoberto que tenho o útero bicórneo.

Uma vez que as análises estavam todas ok e o Porto fica longe de Viseu, onde vivo, comecei de novo a sondar as pessoas; quem as acompanhou, etc., pois queria tentar um médico por cá, que concordasse com o que o do Porto me mandou fazer e aceitasse acompanhar-me numa futura gravidez. Uma senhora, minha conhecida, recomendou-me o seu médico e, pelo relato dela, a minha intuição disse “marca consulta”. Fui a essa consulta, o médico concordou com a recomendação do médico do Porto e teve interesse em ver os exames todos desde que quis ser mãe. Olhou para eles como nenhum outro tinha olhado. Os que não tinha comigo enviei depois.

Finalmente, em finais de 2020, senti-me preparada para tentar de novo mas desta vez com muito receio. No início de 2021 descubro a minha quarta gravidez. Mal descubro que estou grávida, uma colega fica contaminada com covid-19. Eu vim logo para casa por prevenção, mas passado 10 dias os sintomas aparecem e testo positivo. Passadas 2 semanas tenho aborto espontâneo…

Na consulta após o aborto, o médico disse que, apesar eu ter antecedentes, quer acreditar que este aborto esteja relacionado com a covid. A sugestão que me deu foi fazer mais um par de análises e, se tudo estiver bem, tentar novamente sabendo que corro o risco de ter novo aborto espontâneo ou, então, avançar para a correção do útero. Aí, teria de aguardar mais tempo, mas que a escolha seria minha. Ele faria o que eu optasse.

Ele disse que se eu não tivesse uma gravidez com sucesso, ou este aborto não tivesse coincidido com o facto de eu ter estado infetada com covid -9, nem me dava a escolher – a opção seria avançar para a correção. Mais uma vez sigo a minha intuição, que me dizia “faz as análises e acredita”, e assim foi. Fiz mais exames a nível particular; sempre, pois nunca tive apoio a nível do SNS. Mal envio o resultado por e-mail, o médico responde: finalmente encontramos o que tanto procuramos, a “causa”. Tenho uma trombofilia. A minha é défice de proteína S.

Marquei então consulta para entender um pouco melhor do que se tratava, e então o médico disse logo que mal engravidasse teria de fazer injeções lovenox, às quais dei o nome “piquinhas de amor”.

Em Outubro de 2021, descubro que estou grávida e iniciei logo as injeções. Tive uma gravidez maravilhosa, com as coisas normais de qualquer gravidez.

No final começou a reduzir o líquido e o meu médico decidiu, muito bem, provocar o parto. Digo muito bem porque depois me disseram que a placenta tinha um hematoma. Os outros médicos sempre disseram que estava tudo ok, enquanto o meu (anjo na terra) dizia “vou apertar a vigilância, vamos ver se aguentamos até as 37 semanas”.

Aguentamos e sinto que a minha filha esta cá graças a ele e à minha insistência.

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Gravidez pós-perda

Semana 28

Apoio para uma gravidez depois da perda

Olá, 3º trimestre! Estamos na última etapa desta gravidez depois da perda. Esta semana, o seu bebé pesa, oficialmente, 1 kg. Sim: um pacote de arroz ou de açúcar. Se vir outra mulher (ou homem) a embalar um pacote destes, já sabe, estão a testar o peso do bebé que aí vem.

Dependendo das condições da mãe, posição do pequeno ou placenta, se colocar um estetoscópio na sua barriga, vai conseguir ouvir o coração do seu rebento.

Esta semana, o cérebro do seu pequeno génio continua a desenvolver-se rapidamente e ganha as suas ‘dobras’. O seu bebé já deve ter uma rotina mais ou menos estabelecida de sono e já reage à sua voz, barulhos altos e luz exterior.

Ao entrar no terceiro trimestre, muitos pais têm dificuldade em confiar no seu corpo. Afinal, muitos ainda o culpam por uma perda anterior. Por vezes, esta desconfiança, leva a culpa ‘porque é que este bebé chegou aqui e o outro não?’, ‘será que foi algo que eu fiz?’ Isto é especialmente verdade para os pais que nunca souberam a razão da perda do bebé. Independentemente destes pensamentos, saiba que a morte do seu bebé não foi culpa sua. Foi, é, a melhor mãe que os seus bebés podiam ter e tanto a mãe como o seu corpo estão a fazer o melhor que podem para trazer este bebé ao mundo, vivo e saudável.

Eu permito-me apreciar a beleza e a alegria que esta gravidez me traz

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Gravidez pós-perda

Semana 13

Apoio na gravidez após a perda

Esta semana, estamos oficialmente no 2º trimestre. Noutra vida, esta seria a semana que, provavelmente, iria partilhar a notícia; com uma foto de uma ecografia, mãos em forma de coração na barriga… Mas desta vez, nesta gravidez após a perda, é diferente, não é?

Anunciar uma gravidez é algo muito pessoal. Para alguns pais, vai fazer sentido guardar até não poderem mais (por norma se tiver sido uma perda mais tardia). Outros, vão partilhar, finalmente, que chegaram ao 2º trimestre. Já outras famílias vão partilhar logo porque, afinal, não é contar que vai afetar o desfecho, mas poderá influenciar o apoio que recebem se voltarem a perder.

Seja qual for a sua decisão, saiba que é a correcta. Se quiserem guardar para vocês, está tudo bem. Se quiserem contar, força também!

Esta semana o seu pequenino deve pesar cerca de 25 gramas e medir 7.4 centímetros. Para além disto, os ovários ou testículos do seu pesseguinho devem estar a desenvolver-se por dentro, mas ainda não são visíveis cá fora.

Por esta altura, os sintomas mais desagradáveis, como os enjoos, devem começar a acalmar. Bem-vinda à lua de mel da gravidez!

A coragem tem muitas formas. Por vezes é correr para um edíficio em chamas, outras é contar a sua história.

Nate Pile