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Venho partilhar com vocês a nossa história, uma história de 6 e de muito Amor! Eu, o meu marido, o meu filho do anterior casamento, os gémeos e a minha filha.

Tudo começou em novembro de 2018, quando eu e o meu marido percebemos que algo estaria de errado,  mais de 1 ano tinha passado e nada de conseguir-mos engravidar. Foi aí que decidimos conversar com a minha Ginecologista, sobre a possibilidade de algo estar errado. A médica pôs em cima da mesa a possibilidade, e decidiu então avançar para os procedimentos normais de avaliação.

Dia 27 de dezembro tivemos a confirmação de que havia sim um problema de infertilidade e expôs todas as hipóteses para nos ajudar a ser pais. Avançámos então para todos os procedimentos seguintes, necessários, para o tratamento. Sempre estivemos muito positivos e a levar o tratamento com imensa calma e… após todos os procedimentos, dia 14 de Abril temos a confirmação: estava grávida de Gémeos, transbordámos de felicidade, pois tínhamos conseguido engravidar e à primeira.

Tive gravidez de alto risco a partir das 9 semanas, porque tive um descolamento e foi a total felicidade até às 18 semanas.

Às 18 semanas tivemos a melhor e a pior notícia que podiamos ter, a melhor notícia foi que era um menino e uma menina um tão desejado casal, a pior notícia foi que, felizmente, estava tudo bem com o menino mas, infelizmente, a menina tinha um problema grave e a gravidez não era viável.

“diga à sua filha o quanto a ama, o quanto foi importante o tempo que esteve dentro de si, diga-lhe tudo agora”

Tive a reação mais fria e pragmática da minha vida, congelei, aquelas palavras eram como se não tivessem chegado ao coração. Quando saí do gabinete fui marcar normalmente a próxima Ecografia e, quando saí, o meu Mundo caiu; foi como se apenas naquela altura o cérebro tivesse passado a mensagem ao meu coração. Chorei, chorei muito agarrada ao meu marido, questionei a Deus o porquê.

Apenas depois nos apercebemos que não sabíamos então o que fazer, nem o que ia acontecer. Passados uns dias fomos à consulta, e aí foi-nos explicado os prodecimentos possíveis, na minha cabeça eu ia perder os dois, mas porquê se o meu filho estava bem.

Foi então que conheci um mundo que desconhecia e que depois apercebi-me que imensas mulheres passavam por ele e aí ainda me senti pior. Foi-me dada a possibilidade de fazer um Feticídio seletivo, ou seja, parar o coração da minha filha para a gravidez dela não avançar e a do meu filho continuar. Isto era possível porque estavam em bolsas separadas e porque a minha filha tinha um problema realmente grave e se não perdesse a vida durante a gravidez, iria ter imenso sofrimento até acontecer após o nascimento. Enquanto me explicavam tudo isto e de como era feito o prodecimento, na minha cabeça eu só tinha, que para ter um filho eu ia ter que parar o coração do outro e a minha cabeça bloqueou ali.

A lei em Portugal nestas situações de gémeos em bolsas separadas cujo segundo bebé está bem, só permite o feticídio seletivo às 32 semanas, ou seja, até lá tudo podia acontecer: eu podia inclusive perder os dois se a minha filha não sobrevivesse até às 32 semanas, podia até entrar em trabalho de parto antes das 32 semanas e eles iriam nascer. A minha filha iria nascer viva, ou não, e iria sofrer até acontecer o inevitável. Eu ia ter a minha filha dentro de mim a mexer, a interagir com o meu toque e a interagir com o irmão até lá, e eu sabia o que iria acontecer.

Foi uma gravidez de muito stress, medo, culpa, e tantas coisas mais à volta na minha cabeça, desde o primeiro dia que o hospital disponibilizou uma psicóloga para os dois. Nós iamos às consultas com ela, ajudou muito, a preparar-me para o dia em que eu ia parar o coração da minha filha.

O que eu fiz foi amor, foi por amor

O pior dia da minha vida tinha chegado, o dia em que fazia as 32 semanas. O dia que eu não queria. O dia em que eu perdi para sempre um pedaço de mim, o pior vazio que senti, e, ao mesmo tempo, no meio de tudo, tinha que estar capaz, com forças pelo meu menino que podia por causa do procedimento querer nascer, naquela altura ou nos dias seguintes.

Mas foi nesse dia que me foi enviada uma enfermeira que me acompanhou no antes, durante e pôs procedimento, um anjo de bata branca, deu-me uma força extraordinária; deu-me a mão antes do procedimento e disse-me ao ouvido “diga à sua filha o quanto a ama, o quanto foi importante o tempo que esteve dentro de si, diga-lhe tudo agora” e eu disse!! Foi tão bom!! Fez toda a diferença, hoje eu sei isso.

O meu sentimento de culpa desapareceu ali, o que eu fiz foi amor, foi por amor, e todo o amor que lhe dei durante 32 semanas ela retribui-me com mais amor.

1 ano depois nasceu a irmã. De forma natural engravidei e não tive medo na gravidez. Eu sabia que tinha uma estrelinha a proteger-nos a todos, e protege.

O irmão nasceu às 36 semanas, quis nascer exatamente no dia em que fazia 1 mês do procedimento, e a minha filha também nasceu.

Foi um misto de emoções o dia em que nasceram, a felicidade de finalmente conhecer e ter nos braços o meu filho, e o dia em que conheci e tive nos braços para lhe dizer mais uma vez o quanto a amava, a minha filha. Sim eu quis ver e despedir-me do rosto da minha filha, a mesma enfermeira aconselhou-me a fazê-lo que era importante para o luto e foi sim, mais uma vez aquele anjo de bata branca me ajudou.

Ultrapassei com o passar dos dias; todos os dias tenho um momento em que me lembro como se fosse hoje. Para mim o dia em que perdi a minha filha foi em novembro e o dia em que nasceu foi em dezembro.

Foi uma corajosa, aguentou com todas as forças até às 32 semanas pelo irmão, é o meu anjinho que quando perco um pouco as forças me lembra o que é a força e a coragem e me faz erguer.

A minha filha que 1 ano depois nasceu em dezembro de 2020 foi o amor que a minha estrelinha me enviou.

Espero de alguma forma ajudar com o meu testemunho outras mulheres que estão a passar ou passaram pelo mesmo que eu, desconhecia mas são muitas, no dia em que fiz o procedimento lá estavam mais 2 casais a prepararem-se para o mesmo que eu, e eu fui o caminho a pensar porquê a mim e eles provavelmente a pensar o mesmo.

❤

️ Com amor.

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Somos Gémeos! Tomás e Tomé.

Estaríamos quase, quase a nascer, se tudo tivesse corrido bem, mas em vez disso nascemos antes… dezembro de 2020. A nossa mamã e papá foram muito corajosos, preferiram sofrer sozinhos do que nos ver sofrer. A mamã conta tudo.

O meu nome é Telma, tenho 36 anos e carrego comigo a maior dor que uma mãe pode suportar, a perda de um filho, sim porque para mim é e sempre serão filhos. Os meus filhos!

Foram precisos 6 anos para conseguirmos engravidar, entre consultas e tratamentos lá conseguimos o nosso tão desejado positivo a 23 de Julho de 2020, fruto de uma FIV e consequentemente TEC, onde transferimos dois embriões. Foi uma alegria quando soubemos que estava grávida e ainda para mais de Gémeos.

Fizemos todos os exames e mais alguns, desde análises, ecografias de trissomias até o NEOBONA nós fizemos, afinal não podíamos correr o risco de alguma coisa correr mal, tanto tempo à espera dos meus meninos.

Tudo correu bem, até à Morfológica, onde foi detetada, em ambos os meus meninos, uma cardiopatia muito grave, não era viver mas sim sobreviver.

Ficámos sem chão, não podíamos acreditar, fomos a vários médicos e todos nos disseram o mesmo. Muitas consultas, medicação, operações e nunca nos garantiram que sobreviveriam sequer à primeira intervenção cirúrgica.

Nenhuma mãe ou pai acredita às primeiras no que os médicos lhes dizem, não é o que esperamos e muito menos o que desejamos para os nossos filhos, foi preciso tentar não pensar com o coração e sim pensar com a cabeça o que era melhor para eles, e infelizmente o melhor para os meus meninos não o era para nós.

Tomámos, assim, a difícil decisão de interromper a gravidez. Os nossos filhos deixaram-nos a 16 de dezembro e a expulsão foi a 17. Apesar de tudo termos feito por eles, sinto uma dor cortante.

Tenho um colo vazio. São dias difíceis, muito difíceis.