Quando me casei em 2007 queria engravidar rápido, mas não consegui. Por 3 anos tentamos naturalmente até procurar ajuda médica. Foram muitos os exames até chegar à conclusão que uma tuba uterina estava totalmente obstruída.
A médica disse que a chance da outra adoecer e obstruir também era muito grande e deu-nos a opção de uma FIV, o que estava fora da nossa realidade. O procedimento e medicação são muitos caros. Aconteceu em 2014 se eu não estiver enganada e seguimos na luta sem conseguir engravidar naturalmente. Fui atrás de conseguir uma vaga pelo SUS na Unicamp para tentar alguma solução na infertilidade.
A fila é bem grande e, para minha surpresa, no ano de 2020, consegui a vaga e começamos a tratar e seguir para cirurgia para tentar desobstruir as trompas. Foi um milagre: as trompas estavam perfeitas…Tenho exame de imagem, mostrando a trompa obstruída e eu creio foi Deus que me curou.
Seguimos na tentativa com coito programado e nada. Depois de um tempo fizemos uma inseminação e nada, depois de mais um tempo outra e nada.
Depois de 4 anos nessa luta muito desgastante psicologicamente e financeira, porque pagava pela medicação e não é barato….eu e o meu esposo decidimos desistir do tratamento e entramos no processo de adoção. Em menos de 1 ano, acredite, eu engravidei naturalmente, e, infelizmente perdi o bebe com 10 semanas, mas ascendeu uma esperança de ter meu bebê da barriga era meu sonho e fizemos mais uma inseminação e engravidei de uma menina.
Nasceu prematura extrema com 27 semanas porque tive muitas complicações de saúde e uma trombose descoberta só às 25 semanas. As medicações não faziam mais tanto efeito a minha pressão subiu muito, nada controlava tive embolia pulmonar fui para a UTI 3x e, por fim, os médicos decidiram interromper minha gravidez para eu não morrer e a neném também…
Ela nasceu com 675 gramas e ficou 4 meses na UTI neonatologia. Enfrentou muitos desafios, mas venceu pela Glória de Deus e está hoje linda com 1 ano e 3 meses!
Digo que para Deus não existe impossível! Ela realiza desejos do coração não desista do seu sonho de ser mãe!
Tenho vindo a partilhar a nossa história com muitas pessoas, família, amigos, conhecidos do Instagram, mas senti necessidade de a fazer chegar a mais pessoas.
Não sei se por mim, se por ti que estás a ler, ou se por alguém que, ainda sem coragem de ler sobre o assunto, um dia chegue aqui.
A nossa história começou em 2019. Conheci o homem com quem tive de imediato a certeza que casaria e teria filhos. Fiz logo todas as análises de pré concepção. Como tinha tirado um ovário aos 18 anos, por ter um quisto significativamente grande, queria garantir que, quando quiséssemos ser pais, porque o se aqui não estava em questão, tudo estaria ok para isso.
E assim foi. Em junho de 2022 casámos. Foi o melhor dia das nossas vidas, felicidade essa que acreditamos que nem um filho trará. Este é o nosso sonho, esta pessoa que temos ao nosso lado.
Deixei de tomar a pílula no dia do nosso casamento, completamente inconsciente, a meio de uma caixa! Passei a lua de mel toda no vai, não vai de menstruação, mas sem stress. Tínhamos tempo!
Desde sempre que achei que seria difícil engravidar. Apesar de todos os médicos dizerem que não era um problema, eu acreditava que só com um ovário as coisas seriam mais difíceis.
Setembro de 2022 o nosso primeiro positivo. Não fiquei radiante! Disse logo ao meu marido para que não ficasse super feliz, porque era bom de mais para ser verdade.
Fomos à ecografia às 7 semanas. Saco gestacional no sítio, mas apenas de 5 semanas. “Pode acontecer.”, dizia a médica,”teremos de repetir daqui a 15 dias para ver se há evolução”.
Decidimos contar aos pais e irmãos, já com a consciência de que poderia não evoluir. E assim foi. Em novembro confirmámos: gravidez anembreonaria, temos de provocar o aborto.
Optámos por fazer a medicação em casa dos meus sogros. Sabíamos que ia ser doloroso e não queríamos guardar recordações desse momento em nossa casa.
Correu tudo bem, expulsei no próprio dia, e bola para a frente.
Março de 2023 estava grávida outra vez. Nem queríamos acreditar. Era desta!!!
28 de março, o meu dia de anos, uma terça feira! Acordei, fui trabalhar, sem saber que seria o pior dia da minha vida, da nossa vida.
Por volta das 11h deu-me uma dor que me tirou todas as forças. Corri para o WC e nada. Zero!
Chamei a diretora da escola onde trabalho (sim, sou educadora de infância) e esta ligou de imediato ao meu marido. Nem 5 segundos e lá estava ele. Ele e a ambulância atrás de si.
Fomos para o CMIN, tinha sido seguida lá na interrupção da 1a gravidez.
Fazemos ecografia à chegada. Nada, nem saco, nem embrião, nem líquido. “Como sabe que está grávida?” pergunta a médica que nos recebeu nas urgências. “Fiz um teste e deu positivo!” “Ah, então são sabe se está grávida mesmo” responde a médica. (OBVIAMENTE QUE ESTOU GRÁVIDA!!!)
Chamam outros médicos para ver a eco. Um médico, não nos lembramos do nome diz “se tem teste positivo, está grávida! Mas realmente muito estranho, nada se vê nem se encontra.”
Pedem para ficar por perto que vou fazer análises e demora cerca de 2 horas até termos os resultados. (Atenção que ainda estamos no meu dia de anos)
Eu, o meu marido e a minha mãe, lá ficámos. Encontrámos amigos, rimos de tudo aquilo e continuámos com a mesa do jantar de anos marcada.
Por volta das 14h tenho uma quebra de tensão enorme, aparece a enfermeira e levam-nos para nova ecografia. Muito líquido solto. Voltam a chamar muitos médicos, gravidez ectopica é o mais provável. Mais pessoas começam a chegar, pai, irmão, sogros que estavam cá para festejar o meu aniversário, etc…
“Mas o que é isso? Vão me tirar o que tenho aqui? Nem pensem, não deixo. Não têm a certeza? Descubram, mas ninguém me abre.”
“Tem a certeza? Sabe que pode morrer? Tem de assinar um consentimento a dizer que não quer intervenção.” E eu assinei! Isto sem o meu marido ao meu lado, “porque o marido tem de ficar no lado do computador….”
Lá passaram as horas, dor forte no ombro esquerdo, hemorragia interna brutal, operação de urgência…. Tudo acabou bem. O embrião ficou no coto da trompa que tirei aos 18 anos. O lado “bom” continua funcional para continuarmos a tentar de forma espontânea. Ufa! Bola para a frente outra vez!
Fomos a especialistas, clínica Alberto Barros, Porto clínica, … “São azares, vocês engravidam, continuem a tentar”. “Umas análises hormonais podem fazer…”
Antimulleriana (reserva ovárica) 0,17, muito baixa, “mas a verdade é que engravidam, continuem a tentar.” E assim fizemos.
Agosto de 2023 grávida outra vez.
Descobrimos numa ida às urgências no hospital de Abrantes, por outros motivos e nem quisemos acreditar. “É desta, à terceira é de vez!” dizíamos nós a toda a gente!
Fizemos ecografia na maternidade de Abrantes e nada, apenas líquido no fundo do saco. Beta positivo, historial de gravidez ectopica, digo que costumo ter ascite e então “Vamos fazer uma punção para perceber o que é este líquido.”
E lá se confirmou. Não era sangue, respirámos de alívio. Era desta, tínhamos a certeza.
Repetimos ecografia e beta na semana seguinte. Beta a descer, continua sem se ver nada ecografia. Infelizmente não deixaram o meu marido entrar. Ouço coisas do “género” (ponho género para não chocar, pois foi literal o que eu ouvi) “isto? Isto é infertilidade. Este ovário é miserável. É uma inconsciente por estar a tentar de forma natural, está a pôr a sua vida em risco, nunca vai ser mãe de forma natural.”
Caiu-me o mundo, todo! Sozinha naquela sala com o médico (se se pode chamar médico a essa pessoa) e com a enfermeira, que estava branca, sem qualquer reação. Saí daquela sala sem verter uma lágrima. Esperei entrar no elevador para dizer ao meu marido “nunca seremos pais de forma natural, sou infértil”. O meu marido ficou possuído, queria entrar por lá a dentro e desfazer aquele senhor, mas optámos por fazer uma queixa à ordem dos médicos e assim foi.
Voltámos para o Porto, aos nossos médicos de referência, fizemos estudo genético, mais mil analises, tudo ok. Sem qualquer incompatibilidade. Bola para a frente, mais uma vez.
Conhecemos o nosso novo médico nos Lusíadas, que nos referenciou para o CMIN e começámos a ser seguidos lá. Fizemos os exames todos, comecei a tomar tromalyt, poderia ajudar.
Falaram-me no Ponto de Fertilidade, a quem devo muito, lá comecei eu a acupuntura, desta vez estava decidida a fazer tudo o que estava ao meu alcance.
Ficámos 7 meses em que não conseguimos engravidar. Chorava quase todos os dias. Já tinhamos passado por muito, 3 abortos, 7 meses de tentativas sem sucesso. Finalmente referenciados para PMA fomos a uma consulta, não ficámos satisfeitos com o que nos ofereciam, mais os tempos de espera.
A nossa médica de família e a minha psicóloga, a quem devo toda a minha sanidade, acharam que seria bom eu tirar uns tempos, ficar de baixa, descansar, tratar de mim, de nós. E assim foi.
“Não queríamos acreditar! Era um milagre!”
Fomos a mais umas clínicas no Porto. Ouvimos coisas como “o seu ovário está adormecido, provavelmente não irá funcionar este mês. O ideal é ovodoação.” Ok, conformados, aceitamos e decidimos “vamos avançar para tratamento. Vamos a Vigo! Falam tão bem de Vigo, que é lá que vamos” (sem querer desvalorizar todos os médicos que tínhamos em Portugal até agora).
Encontramos uma médica na IVI, a quem lhe agradecemos a calma que trouxe aos nossos corações. “O ovário está ótimo, funciona perfeitamente, tem aqui um folículo que rebentou ou vai rebentar, ainda podem engravidar naturalmente este mês.”
Maio 2024, esperava ansiosamente a menstruação para começar a estimulação para FIV, e esta nunca mais chegou. Atrasou um dia, dois dias, e eu não aceitava. Fomos para Cristelo, para estar mais perto de Vigo, com as injeções atrás (se alguém precisar, ou souber a quem eu possa doar, tenho as injeções no frigorífico e não vou utilizar), e continuava sem chegar. Acreditava que era a minha cabeça a atrasar todo o processo. O meu marido dizia que era bom sinal, mas eu não acreditava.
Tinha um teste em casa, mas não o quis fazer, não queria gastar dinheiro. Até que uma amiga, médica, me liga e pergunta como está a correr o tratamento. Quando lhe conto o que se está a passar ela “obriga-me” a ir fazer um beta. Deu positivo, 80 e qualquer coisa… Não queríamos acreditar!!! Era um milagre! “Impossível. Como assim agora? É desta! Não há como, é o destino!”
Fizemos beta de semana em semana, ecografia de 15 em 15 dias, vesícula vitelina, depois embrião, depois coração… É desta!!! Só pode ser.
Às 11 semanas fazemos as análises do 1o trimestre. Uma médica amiga pergunta se queremos fazer uma eco para confirmar as 11 semanas e fazer o trust, e nós pensámos “porque não?”
Embrião ainda de 10 semanas, é normal, mas… Translucência nucal aumentada. A médica tenta suavizar “é sinal de anomalia, mas é muito cedo, pode ser do crescimento, pode desaparecer”.
Às 13 semanas, estamos em Madrid de férias, um ligeiro sangramento. Não sabemos se podemos voltar pois estamos de carro e o repouso poderia ser o mais indicado. Vamos às urgências. Hospital La Paz. Pessoas incríveis e nós confiantes de que seria apenas mais um susto.
Ecografia, bebe sem batimentos, o nosso chão desaparece. Abraçamos, choramos, ouvimos a médica. Voltámos para o Porto. O nosso bebe morreu. O nosso primeiro bebe.
Ligámos aos nossos médicos, fomos diretos para o CMIN onde já estavam à nossa espera e onde nos explicaram todo o processo e nos garantiram que seríamos bem acompanhados.
A minha psicóloga recebeu-me de urgência nessa noite.
Voltámos no dia seguinte para iniciar a medicação da indução do aborto, horas que nunca mais passavam, dores que não são possíveis de descrever e naquele caos penso: “amor para além da lua, eu preciso de partilhar a nossa história, eu preciso que acreditem que é possível e que acontece”. Enviei uma mensagem nesse dia, nesse momento. Eu precisava disso.
O meu marido não me largou um segundo, a minha mãe, o meu pai, os meus irmãos, os meus sogros, os meus cunhados, as nossas famílias e amigos, todos sempre connosco.
O nosso bebe saiu. 4 centímetros de gente. Com tudo. Pernas, braços, mãos, olhos, tudo. 4 centímetros de gente. O nosso primeiro bebe.
Despedimo-nos dele, despedimo-nos da maternidade no dia seguinte, despedimo-nos de mais uma luta, mais um desafio, com o coração cheio de todos os profissionais que nos acompanharam, de todos os amigos, família, conhecidos, etc etc etc. de toda a gente que se emociona com a nossa história e acredita em nós.
Despedimo-nos do nosso bebe com a certeza que foi ele que nos fez acreditar, foi ele que nos fez confiar e é ele que um dia vai dar vida aos seus irmãos.
Sabemos disso, temos a certeza disso. E queremos que tu também tenhas, tu que nos lês! E finalmente, bola para a frente, mais vez…
Senti que tinha que deixar isto escrito antes do meu filho nascer!
E prometo um dia escrever-vos a história do nosso caminho até aqui…
Estou talvez a dias ou horas de conhecer aquele que foi o meu/nosso sonho durante muitos anos, desejar tanto um filho e não conseguir… Um sonho tão grande, que não passava disso, um sonho tão bom que ao mesmo tempo era tão duro…
Muitos anos a viver um sonho tão grande de mãos dadas com a In(Fertilidade). Um caminho tão longo, tratamentos falhados, perdas, muitas, muitas lágrimas, mas com o sentimento seguro de que um dia haveria de ser dia!
E não é que o arco-íris acabou mesmo por brilhar? O que é para ser nosso, acaba por chegar. Lutem, não desistam, acreditem muito. Se foi fácil? Não! Mas quem percorre este caminho sabe que, quando a vitória chega, não há nada que pague este AMOR ❤️ E O AMOR VENCE TUDO!
Só quando tiver o meu filho nos braços vou ter a certeza de que isto é mesmo real…
Termino estas palavras com uma Gratidão gigante por poder estar a viver esta fase da nossa vida. Nunca me esqueço de todos aqueles que continuam a percorrer este caminho: um abraço de coragem e ACREDITEM, ACREDITEM MUITOOOO.
Estamos a tentar engravidar há 7 anos. Um ano depois de tentarmos naturalmente, sem sucesso, começamos a ser acompanhados em PMA no CMIN, e assim foi durante 5 anos.
O diagnóstico era apenas que eu não ovulava. Começamos por coito programado, passámos para Inseminação e duas FIV sem sucesso. Os médicos apenas encolhiam os ombros, diziam que não percebiam o que se passava e à minha pergunta sobre se existia um exame para explicar as falhas de implantação, foi-me dito que não, que a explicação era que os meus óvulos não tinham qualidade.
Entretanto emigramos, mas o desejo de ter filhos não esmoreceu e, no meio de tudo, tive a sorte de encontrar uma equipa médica fantástica que fez todos os exames possíveis para detetar o motivo. E assim foi, após uma esteroscopia, foi-me detetada uma endometrite crónica que, segundo o que investiguei, poderia explicar as falhas de implantação.
Após tratamento e resolução, fiz mais uma FIV e o primeiro positivo chegou no dia 16 de Novembro de 2022. Infelizmente na primeira ecografia começaram os pesadelos pois não conseguiam ver os batimentos cardíacos. No entanto, como o feto era pequeno, poderia ser normal. Disseram para regressar ao fim de uma semana e nessa segunda eco as desconfianças confirmaram-se e o nosso mundo despenhou-se. Fui do céu ao inferno no espaço de um mês. Como foi aborto retido tive que tomar medicação para o sangramento ocorrer.
Foi um Natal muito triste pois já me tinha imaginado a contar a minha avó e à minha enteada, que tanto quer um irmãozinho. Teria sido triste em qualquer altura do ano, mas nesta altura tem um peso ainda maior.
Neste momento, a minha cabeça está recuperada, mas quando estou sozinha só me apetece chorar, parece que o meu coração vai rebentar.
Por um lado, fiquei feliz por ter tido uma explicação para a minha infertilidade, mas este acontecimento cravou uma faca no meu coração.
Não vou parar de tentar mas o medo só aumentou e às vezes chego a pensar se será saudável para mim.
O que me dá alento é ter um marido que me apoia, assim como os meus pais e uma enteada que me deu, inconscientemente, força para suportar todos estes anos e que é uma filha que tenho no coração.
Perdi o meu Tiago no dia 20 de Janeiro de 2021. Um bebé muito desejado, depois de vários anos de tratamentos de fertilidade. Foi muito duro e por várias vezes me veio à cabeça a ideia de que ser mãe não era para mim, parecia que não estava destinado.
O medo invadiu o meu coração. Procurei ajuda psicológica, fiz reiki, entre outras terapias, que me ajudaram a aceitar aquela perda.
Quando pude comecei novamente com as transferências de embriões. Cada negativo era um murro no estômago, vinha novamente o medo e a dor.
Foram 4 transferência negativas. As forças começavam a faltar. Mas, no fundo, não queríamos desistir. Cada sinal que recebia me “dizia não desistas”. O arco-íris estava lá para mim. Até que decidimos fazer uma última transferência; o embrião que supostamente era o mais fraquinho de todos e veio o positivo. Um valor muito baixo que ninguém acreditava que ia vingar. Mas vingou e hoje tenho uma bela princesa nos braços.
Não foi uma gravidez fácil. Toda aquela inocência acabou. Tudo era medo. Tudo era um problema. Não foi uma gravidez onde aproveitei para tirar fotos, para mostrar a barriga. Afastei-me de tudo que me fizesse pensar que poderia correr mal e confiei que o universo ia ser generoso comigo.
Como perdi o meu Tiago às 37 semanas, imaginem o final da minha gravidez… super ansiosa. O medo de ela parar de mexer era tanto. O trauma do dia em que soubemos que já não tinha batimentos….
Ela não quis esperar pelas 37 semanas e decidiu romper a bolsa num domingo à noite, dia 20 de Novembro de 2022. Curiosamente no dia do irmão (20).
Nasceu às 36+3 cheia de saúde e linda.
Isto tudo para passar a mensagem a quem, assim como eu, perdeu um bebé e está a tentar outro: Não desistam, o caminho é longo e duro. A luta contra a infertilidade é difícil. Mas acreditem no amor. Acreditem em vocês.
Há mais de dois anos entrou nas nossas vidas a nossa Ana do Carmo.
Não foi fácil, mas nenhum filho nos facilita a vida. Logo logo quando ia desistir, ela finalmente apareceu e tem sido uma crescente emoção na nossa vida e na vida dela.
A nossa história começa com uns longos nove anos de namoro. Eu e o Martim casámos e, logo a seguir engravidei, mas infelizmente perdi o bebé às doze semanas. Foi um choque para mim (para nós) pois sempre idealizei ser Mãe de quatro… e achei que nunca teria problemas em engravidar. Mas a vida prega-nos destas partidas.
Foi um processo doloroso pois acabei por ter um parto normal, vi o meu bebé e tive de fazer duas raspagens no espaço de dois dias! Enfim, uma violência logo de início!
Mas, como sou uma pessoa positivista, logo a seguir comecei a pensar em engravidar novamente, mas descobri que também tinha hipotiroidismo, endometriose e pouca reserva ovárica. Assim, estive cerca de quatro anos para voltar a engravidar quer pela consulta de infertilidade no público, quer pelo privado: sempre a tentar e a ter desmanchos. Foram longos anos a fazer estimulação com injeções, se não me falha a memória foram três, pelo meio uma menopausa precoce… enfim… resumidamente: um filme.
No meio de tudo isto tinha uma grande vontade de adotar e o meu marido, que sempre me disse durante este processo todo que tinha casado comigo por mim e não para ter filhos, que se eles viessem tanto melhor
Até que em 2010/2011 metemos o processo de adoção, pensando até em adotar irmãos. Continuámos com o processo de infertilidade e, em janeiro de 2012, fiz uma FIV finalmente com 2 embriões e engravidei, não vingaram e, mais uma vez, a desilusão.
Mas, como a vida dá muitas voltas, tivemos uma surpresa no mês a seguir de fazer a FIV: engravidei naturalmente da minha primeira filha, a Constança. Um verdadeiro milagre da natureza, para nós, mas também para os médicos.
Foram 41 semanas de uma santa gravidez, embora com um mix de medo e felicidade, mas correu super bem. Pelo meio tive de comunicar às assistentes sociais que estava grávida e fomos aconselhados a suspender a adopção para “vivenciar” a gravidez. Embora não concordássemos muito, lá aceitámos.
A Constança nasceu e passado pouco tempo descobrimos que ela era surda. Lidámos muito bem com isso, dentro do que se pode lidar e partimos para a colocação de implantes cocleares…mas isto já dava outra história…o que interessava é que afinal tinha nascido uma filha que era o que mais queríamos!
Passado 9 meses de a Constança nascer, engravidei novamente e mais uma vez perdi. É aí que decidimos reforçar à segurança social a nossa vontade de continuar no processo de adoção e, até 2017, nada aconteceu.
A nossa Ana do Carmo chega quando menos esperávamos. Eu já tinha dito ao Martim que esperava até aos 45…depois disso desistia pois não fazia mais sentido. Mas eis que em Fevereiro de 2017 chamaram-nos para fazer uma formação e lá fomos nós sem expectativa nenhuma. Lembro-me de dizer ao Martim…”já não vai acontecer connosco, é tão difícil!!”.
Em Março desse mesmo ano, a 4 dias antes de fazer anos…estava a trabalhar e ligaram da segurança social a dizer que havia uma menina, fiquei a tremer de todos os lados…isto está mesmo a acontecer ?!?! Tinha metido o dia de anos de férias (meto sempre) e nesse mesmo dia lá fomos à segurança social e lá estava a foto com ela.
Em dois dias tivemos de decidir e em quinze dias tínhamos de lá estar a ir buscá-la! Foi um turbilhão de emoções, uma série de decisões a fazer, tais como logística (comprar bilhetes de avião, alterar o quarto delas para comportar mais uma), preparar a nossa filha Constança da vinda da irmã, etc e, por fim, lá fomos nós.
Mais giro ainda foi que a Ana do Carmo estava aos cuidados de uma instituição cuja Freira já de idade tinha sido Freira no Colégio onde o Martim tinha andado e inclusive ela fazia-lhe ovos estrelados quando o Pai se atrasava a ir buscar-lo. Que coincidência inacreditável!!!
Caíram os dois nos braços um e do outro, não se viam desde que o Martim era miúdo. E agora era ela quem cuidava da Ana e ficou super feliz por ficarmos com ela, dizia ela que levávamos um tesouro e nós tão contentes por sabermos que a Ana tinha tido tanto amor dela.
Ela começou de imediato a chamar-nos Mãe e Pai….pois a psicóloga da instituição trabalhou muito bem a integração, aliás ela ao terceiro dia de chegarmos, ficou a dormir connosco.
Não foi de todo um processo fácil, principalmente para ela: de repente vê-se com dois adultos estranhos….lembro-me que nem a mão queria para adormecer…para mim também era tão estranho…a Constança adora que lhe dê festas e a mão e a Ana nada…tirava a mão…
Mas agora já diz “mãe dá miminho e festinhas” ou então “Mãe, gosto de ti até à Lua” ou ainda “Gosto muito da minha família…” e começa a enumerar cada um de nós.
Desde então, tem sido uma descoberta e um crescimento fantástico, mas nem tudo é um mar de rosas, porque não é fácil de repente amar alguém de um dia para o outro. É um processo gradual de conhecimento mútuo, um amor que vai crescendo de dia para dia.
Hoje, já não vemos a nossa vida sem ela! A nossa querida teimosa Anocas
Quando um casal resolve procurar ajuda para a Infertilidade, o primeiro passo é contatar o seu médico de família. No entanto, as listas de espera do Sistema Nacional de Saúde levam, por vezes, à procura por ajuda em hospitais e clínicas privadas.
Embora sendo uma opção de custos avultados, compilámos uma lista de centros de procriação medicamente assistida: