O mês dele! Agosto (em particular o dia 24 de Agosto) será – para nós – sempre o mês do nosso bebé, do nosso Afonso! E para nós será sempre altura de o festejar. E por isso, hoje – dia 24 – comemoramos um ano dele nas nossas vidas!
Nunca pensei um dia escrever sobre isto, mas a vida – sem aviso, sem dó, nem piedade! – aqui nos trouxe e agora cá estamos, a contar o tempo, a falar da vida, sem o nosso menino, o nosso Afonso.
O Afonso foi o nosso melhor e maior plano! Eu e o pai temos já uma história longa juntos, são quase 17 anos (4 de casados). Ter filhos estava nos planos. E assim, quando decidimos dar esse passo, quisemos fazer tudo certinho. Depois das consultas pré-concepcionais, estivemos mais de um ano à espera dele, do nosso Rei. E em Abril de 2022, ele chegou!
Naquele dia 2 de Abril, subi ao céu. Estava radiante e ao mesmo tempo incrédula. Parte de mim não acreditava que aquilo estava mesmo a acontecer. Tanto assim era que fiz um segundo teste e, uns dias mais tarde, um terceiro. Todos confirmaram. Era verdade! O nosso bebé tinha finalmente chegado às nossas vidas. O mundo passou a ser dele naquele instante. Tudo o que fazíamos era pensar em garantir que ele estava bem.
Estávamos tão felizes! Cautelosos com tudo, mas felizes. Vivemos os meses seguintes num mundo só nosso, dos três! Não contamos a ninguém, durante 12 longas semanas. E ao mesmo tempo que vivíamos um segredo maravilhoso, parecia que íamos explodir com a vontade de gritar aos sete ventos que o Afonso estava a caminho.
Durante 12 semanas, fizemos tudo. Os exames que eram supostos fazer. As ecografias previstas. Tudo!
Nessas 12 semanas, ali por volta da 7ª ou 8ª semana, tivemos um pequeno (grande!) susto. Durante o dia, tive uma ligeira perda de sangue. Não sentia qualquer dor ou desconforto, mas a prudência levou-nos até à urgência de um hospital (privado). Ali contactei com o único profissional de saúde que me causou mal-estar e desalento.
Naquela que foi a 1ª ecografia onde vimos o nosso bebé e ouvimos o coração bater, aquela que devia ter sido um mar de felicidade, sentimos medo. O médico, ao observar, limitou-se a dizer de forma muito fria:
– “Pois, é uma ameaça de aborto!”.
E à pergunta se devia ter algum cuidado adicional, respondeu apenas:
– “Não. Vá para casa, se piorar vá para a urgência, está a abortar”.
Tudo o que não queríamos ouvir. Sei que ele não estará a ler isto, mas para qualquer médico/a que o possa estar a fazer, sejam mais cuidadosos na forma como comunicam com os vossos pacientes. Não são amigos nem familiares, mas nestes momentos são a voz e a mão que pode amparar o desespero!
Na semana seguinte ao episódio da urgência, felizmente, em consulta com a minha médica ginecologista, confirmava-se que estava tudo bem. Tudo dentro do expectável para a idade gestacional. Recuperamos alguma paz. Aqui veio a marcação da primeira eco morfológica e, com ela, também a do rastreio bioquímico (afinal eu tinha mais de 35 anos – 36 acabados de fazer – e nesta altura os procedimentos quase que nos fazem crer tratar-se de uma gravidez geriátrica). Rastreio esse que nos levou a realizar um teste pré-natal não invasivo para pesquisa de aneuploidias.
2022 foi um ano de muitos casamentos e festas. Em Maio, tivemos o primeiro de 6 casamentos. Era a primeira vez que a família do meu marido se juntava depois do período conturbado da pandemia. O que mais ouvimos nessa altura: “Então prognósticos? Quando temos mais um bebé na família?”. Íamos respondendo em jeito de brincadeira, cúmplices, sabendo do segredo que era só nosso.
Nessa altura decidimos contar aos nossos pais e irmãos. A alegria deles foi tão grande! E passaram a fazer parte do nosso segredo, queríamos esperar pelos resultados do teste pré-natal para ter a certeza que estava tudo bem. Sei que ficaram ainda mais impacientes do que nós na expectativa de contar sobre o Afonso, mas lá se aguentaram!
Ao fim de três longas semanas, chegou o resultado tão esperado: tudo bem! Tudo certo!
Lembro-me de ligar ao pai a chorar, num pranto, e dizer entre soluços que estava tudo bem. Ele ficou tão preocupado e, sem perceber ao certo o que se estava a passar (desculpa meu amor!), que me pediu para lhe enviar o resultado. Assim fiz! A preocupação era uma e apenas uma: certificar-me que estava tudo bem com o meu bebé. Ao ponto de nem sequer ter visto que era um menino. Foi ele, o pai, que me ligou e disse: “Viste que vamos ter um menino?!”
Estava tudo certo. Confirmava-se aquilo que eu sempre soube. Ia ser mãe de um menino!
A partir daqui o nosso segredo passou a ser de todos. E que bom que foi! Família e amigos partilharam a felicidade da existência do Afonso connosco. E sei que ele foi amado, muito amado por todos!
O nome… bem, apesar de termos andado ali às voltas, acho que sempre soubemos que nome lhe íamos dar: Afonso Manuel. Dois nomes de Reis (sendo que Manuel é também o nome dos dois avôs), porque ele era o nosso rei, foi desde o primeiro momento.
A partir daqui tudo estava calmo. Ele começou a mexer e começamos a ter momentos ainda mais incríveis com ele. Mexia muito e eu adorava que assim fosse. Era sinal que estava bem, que comunicava comigo da forma que nos era possível. Foram tão boas estas semanas.
Até que chegamos ao dia 23 de Agosto. Acordei de madrugada… e percebi que a insónia não me ia deixar dormir mais. A certa altura senti algo quente. Saltei da cama com medo que fosse sangue. Não era! Ao fim de algum tempo, percebi! Estava a perder líquido amniótico. Não demoramos sequer 10 minutos a sair de casa e voamos até à Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra.
Dei entrada na maternidade, no dia em que completava 25 semanas de gravidez… E tudo mudou! A partir daqui o tempo passou ainda mais rápido, quando tudo o que eu queria era que passasse em câmara lenta.
Estava com uma ruptura prematura das membranas. Fui internada de imediato e foi iniciado o protocolo, numa tentativa de evitar o trabalho de parto. No internamento, fui observada, mais uma série de exames e análises, que mais tarde confirmavam uma infecção urinária assintomática (que se tornou o meu pior pesadelo, tenho pavor de infecções urinárias neste momento!).
Numa dessas observações, o médico ‘despejou-me’ todos os factos em cima. Colocou-me ali todas as cartas em cima da mesa. A expressão que mais me ficou gravada daquela conversa:
– “Se a natureza decidir agir, não podemos fazer nada para impedir”.
Por outras palavras, se entrasse em trabalho de parto, o Afonso ia nascer. Fiquei em choque, pânico… nem sei bem! Sabia que o cenário não era o ideal. Estava longe disso! O meu menino, o meu Afonso, tão pequenino, podia nascer a qualquer momento.
E assim foi. No dia 23 à noite comecei a sentir contrações, que se foram intensificando a cada hora que passava. No dia 24 de manhã, o enfermeiro de serviço explicou-me que iam antecipar o meu antibiótico, porque mal terminasse o protocolo de ruptura as minhas contrações iriam disparar… Assim foi! Por volta das 16h/16h30 levaram-me para o bloco de partos. Não havia dúvidas. O Afonso ia nascer!
Senti tanto medo. Sabia que era muito arriscado. Sabia que era muito pequenino, sabia dos riscos, sabia… naquele momento acho que desejei não saber, talvez a inocência e o desconhecimento fossem uma bênção…
A certa altura perguntei a uma das enfermeiras se esse podia fazer contacto pele a pele quando ele nascesse. O olhar dela ficou gravado na minha memória. Senti-lhe toda a empatia através do olhar. Disse-me que não podia ser, que ele ia nascer muito pequenino e que teriam que cuidar dele. Respondi-lhe que sabia, mas tinha de perguntar. Em resposta, colocou-me a mão carinhosamente no ombro e disse apenas: “eu sei!”. Sei que entendeu a minha dor e apesar de não lhe saber o nome, sei que lhe conheceria o olhar na hora. E estou-lhe grata pelo cuidado que teve. Na verdade, a ela e a todos os profissionais com quem nos cruzamos naqueles dias, pelo cuidado e humanidade que demonstraram sempre.
O Afonso nasceu! Segundo o relatório médico às 20h28, mas o pai gosta de ser mais preciso e diz que a hora certa foi às 20h17, porque fez questão de tirar foto mal ele nasceu.
O Afonso chorou! Foi o melhor som que ouvi até hoje. Um choro frágil, mas que me deu toda a esperança do mundo. Ele estava ali, em toda a fragilidade das suas 25 semanas mais um dia, mas chorou, como que a mostrar toda a sua força. O meu bebé, era tão pequenino, mas já era o meu herói.
As horas que se seguiram foram longas. Fiquei ali no bloco, sem saber do meu menino (percebi depois que fiquei ali porque a equipa da maternidade estava a tentar encontrar um quarto mais reservado, onde eu ficasse protegida do choro de outros bebés, esse cuidado e humanidade que demonstraram não vou esquecer, se pudesse agradecia-lhes individualmente).
Nunca senti tanto medo como neste momento. Eu não sabia dele, do meu Afonso. E só precisava de saber dele. A certa altura o pai pode ir vê-lo e fez uma videochamada. Foi a primeira vez que o vi.
Depois disto, só no dia 25 o pude ver e tocar-lhe. Muito irracionalmente tive medo de lhe tocar. Sentia-me culpada, afinal o meu corpo tinha falhado e era por isso que ele estava ali, quando ainda devia estar na minha barriga. Uma parte de mim, achava que se lhe tocasse ia deixa-lo doente, fazer-lhe mal. Mas a equipa médica e as enfermeiras asseguram-me que não e tocar-lhe foi o melhor dos sentimentos.
Quando lhe toquei, ele como que se aninhou na minha mão, naquilo que me pareceu ser ele a reconhecer-me e foi tão bom! O dia 25 de Agosto foi o nosso dia. Conseguimos estar ali os três, o Afonso, eu e o pai. A nossa família. O pai costuma dizer que este foi um dia bom.
Um de 3 dias! Sendo que antecedia aquele que será sempre o pior dia das nossas vidas. O dia 26. O dia em que tudo desabou. Dizem que coração de mãe sente quando algo está errado. E eu senti quando entrei na UCIN naquele dia e vi a enfermeira que esteve connosco no dia anterior a olhar e dizer com ar apreensivo:
– “Está ali a mãe do Afonso!”
Esta frase teve muito impacto, pelo medo que me fez sentir, mas – hoje à distância de alguns meses – de orgulho. Ali eu fui a MÃE do Afonso. A melhor das identidades.
A partir daqui, foi como se estivesse num filme de terror ou numa experiência paranormal, em que assistia a tudo fora do meu corpo. Mandaram-me aguardar e a médica veio falar comigo para explicar a gravidade da situação. Pedi para deixarem subir o pai (ainda não era hora das visitas). Também aqui devo um agradecimento à enfermeira que me deu um abraço no momento em que me sentia a quebrar e ficou ali comigo até o Edgar chegar.
Depois fomos os dois para a UCIN e quebramos. Sabíamos que nos íamos despedir dele. Disseram-nos que podíamos pegar nele. Mais uma vez a irracionalidade tomou conta de mim e dizia-me que talvez fosse melhor deixa-lo na incubadora, enquanto estivesse lá estava protegido. Mas não era assim. E antes que fosse tarde demais, peguei nele ao colo.
Nesta que foi a primeira e última vez que lhe peguei, dei-lhe todos os beijos que consegui. Medi-lhe e memorizei-lhe todos os centímetros. Senti-lhe a pele, o cabelinho (tinha muito!) e o cheiro doce e único. A memória táctil será sempre a melhor lembrança, porque o sinto gravado na minha pele.
Ficamos ali os três, bem juntinhos. Quebrados, mas juntinhos. Ficamos ali, não sei bem quanto tempo. Não importa também. Foi pouco tempo. Muito pouco!
A certa altura, perguntaram-nos se o queríamos baptizar. Até nisto, aqueles profissionais foram cuidadosos. Uma enfermeira baptizou o Afonso, num momento que foi só nosso. Mais um.
E de repente, uma voz suave:
– “Ele já partiu!”
Foi o pior momento da minha vida. Será sempre. Senti que morri ali. Fiquei quebrada, em milhões de peças, tão pequeninas que seria impossível voltar a juntar. Queria ter sido eu. Era o que fazia sentido. Não podia ser o Afonso a partir. Não devia. Que mundo é este? Que vida é esta que me leva o meu bebé?
Ficamos ali mais algum tempo, não sei quanto tempo mais. Não me interessa. Continua a ser muito pouco.
O mundo parecia ter acabado ali, mas foi pior do que isso. Porque o mundo estava ali e obrigou-nos a olhar para ele, agora desprovido de tudo.
Senti-me culpada. Muito. Na verdade, a culpa consumiu-me. A única coisa que conseguia pensar era que o meu corpo falhou. Eu falhei ao meu bebé porque não consegui protegê-lo. Por muito que me dissessem o contrário, a culpa esteve lá, desde o parto. Não devia ter sido assim e eu sentia (e por vezes ainda sinto) que a culpa foi minha.
Esperávamos ansiosos a chegada dele, que seria em Dezembro. Seria o melhor presente de Natal. Ao invés tivemos um Natal vazio, desprovido de toda e qualquer magia. Nunca o Natal me doeu tanto… eu que adoro a época. Não conseguia perceber a felicidade das pessoas que nos rodeavam, era errado. Como podiam estar felizes se faltava o Afonso. Porque o mundo é assim, avança sem pensar nas mágoas dos pais de colo vazio.
Aliás, a prova disso são as muitas frases feitas que todos se apressam a dizer. Ouvimos todas, como o bom cliché que são. De todas, ainda hoje a que mais me perturba é que “a vida continua”.
Sim, nós sabemos. Soubemos logo ali, quando imediatamente depois de perdemos o Afonso, de nos despedirmos dele, tivemos que tratar de todas as burocracias; quando o pai teve que sair para ir tratar do registo de nascimento e da certidão de óbito, tudo em simultâneo; quando saímos da maternidade apenas agarrados um ao outro, de colo vazio; quando entramos em casa sozinhos e a casa parecia vazia, desconhecida, afinal já não se iam viver as primeiras vezes do nosso Afonso, o quarto já não ia ganhar forma (ainda hoje está fechado, apesar de lá irmos os dois com frequência), nada!
Soubemos desde o primeiro momento que a vida continua, mas para nós continuou com um buraco, uma falta enorme, uma saudade de tudo o que devia ter sido e não foi.
Sim mundo, a vida continua, mas não precisamos que nos digam isso repetidamente, para nos obrigar a “ficar bem”, para vosso conforto. É disso que se trata afinal. É isso que se exige aos pais enlutados: que fiquem bem, por ser mais confortável para a maioria.
Não ficamos bem. Apenas aprendemos a gerir o luto. O “bem” passa a ser feito, em muitas ocasiões, a custo de lágrimas escondidas e muitos sorrisos forçados.
Mas nós tivemos sorte. Temos ao nosso redor, no nosso núcleo mais próximo, as melhores pessoas. Pessoas que nos deram colo (ainda dão!), que estiveram connosco desde o primeiro momento da forma que lhes foi possível, que nos permitem falar do Afonso, que dizem o nome dele sempre que podem e dessa forma nos ajudam a dar-lhe existência, a mantê-lo vivo…
Pessoas tão incríveis que continuam a dar-nos a mão a cada partida que a vida nos prega. Sim, este ano (em Maio, 2023) a vida voltou a puxar-nos o tapete, a cravar-nos a faca no coração ainda partido. Sofremos uma perda gestacional precoce, às 6 semanas de gravidez. Ainda não tinha nome, não sabíamos ser era menino ou menina, era apenas a Sementinha. Foi mais uma fonte de esperança, seguida de mais um golpe. Ainda temos o coração a sangrar. Mas, mais uma vez, não nos faltaram os de sempre.
A todos eles (não me atrevo a nomeá-los individualmente para não correr risco de esquecer alguém, seria demasiado injusto): somos tão, mas tão gratos por vocês!
Perdi a inocência da gravidez. Sei que uma nova gestação será acompanhada de medos e muita ansiedade. Curiosamente, ouvi já várias vezes que não posso ter medo. Engraçadas as assumpções e exigências de quem nunca passou por nada semelhante.
Sim, temos direito a ter medo. Sabemos bem o pior que pode acontecer. O medo faz parte. Se isto nos faz desistir do desejo de ter um bebé connosco?! Não.
Mas, passado um ano, é isto que quero focar. O Afonso (e agora a Sementinha) foi e será sempre sinónimo de amor. Foi isto que mais nos trouxe: amor!
É a manifestação do amor que me une ao pai, ele que é e foi desde o primeiro momento o meu porto seguro, a mão e o abraço – que na nossa pior dor – me manteve à tona, que não me deixou afundar. Dizem que um filho é a multiplicação do amor e mesmo na partida foi isto que ficou.
É o amor de todos (amigos e família).
É o amor de todos que o celebram todos os meses connosco. Aqui tenho um agradecimento especial a ela, a amiga que se tornou família do coração – ela sabe quem é! – que me envia aquela mensagem, simples, mas tão poderosa, todos os meses. Obrigada por me ajudares nesta missão de manter o Afonso bem presente!
Um ano dele nas nossas vidas. Foi assim que optei por ver tudo. Sim, a dor de o perder é imensa, será sempre, para toda a vida. Mas o amor por ele será sempre maior. Porque aquele mês de Agosto de 2022 trouxe-o até nós. E mesmo não estando aqui connosco, está sempre presente nas nossas vidas, muito vivo em nós.
Dói saber que vou perder todas as primeiras vezes dele e que nunca lhe vou conhecer a cor dos olhos… dói. Dói todos os dias. Ainda que para mim, ele tenha os olhos do pai, aquele castanho esverdeado azeitona que tanto adoro. Sempre disse que ele seria parecido com ele, numa simbiose perfeita das nossas melhores características e traços (físicos e de personalidade).
A dor está lá, vai estar sempre. O luto nunca vai terminar (lamento – na verdade não! – pelos que esperavam por esse final).
Esta foi para mim a verdade que – depois de a aceitar – me permitiu gerir todo este emaranhado de emoções que é a perda de um filho. Aceitei que o tempo não cura, que nada passa (esta foi a maior mentira que me contaram). Mas também não quero que passe. Porque o Afonso será sempre parte da nossa família e das nossas vidas. É assim que queremos que seja, é assim que deve ser.
Vou sempre celebrar o dia 24 de Agosto. É o dia dele, o dia que o trouxe ao mundo, que me permitiu ouvir aquele choro que me deu toda a esperança; aquele choro frágil, mas que foi sinal de toda a força.
Foi o dia 24 de Agosto que me permitiu tocar-lhe, sentir-lhe a pele sedosa, o cabelinho e o cheirinho doce (diferente de tudo, só dele, inigualável).
Vou sempre falar dele com um sorriso e mesmo quando as lágrimas teimarem em cair, serão sinónimo de amor, da saudade alimentada por esse amor que transcende tudo.
Vou sempre falar dele ao mundo, a todas as pessoas que me permitam fazê-lo, porque essa é a forma que tenho de lhe dar a existência que é só dele. E um dia espero contar a história dele a um irmão ou irmã (ou vários, a vida o saberá!) e sei que mais alguém o vai amar (mesmo sem o ter conhecido).
Quis partilhar a história dele numa altura em que fosse capaz de olhar para tudo de um lugar de amor, que se sobrepõe a toda e qualquer dor. Porque a dor quando se sobrepõe a tudo, sufoca, impede-nos de ver o que de bonito todos os capítulos da vida têm. E este, ainda que não tenha sido como devia, teve o que de mais bonito alguma vez podíamos ter tido ou feito: o Afonso. O nosso anjo, o nosso eterno bebé, lindo e perfeito como só ele podia ser!
E porque nestes 12 meses, foi o amor que o Afonso trouxe ao mundo, esse amor maior que entrou nas nossas vidas, que me deu forças para continuar, para sobreviver, para acreditar num amanhã ainda com mais amor.