Nunca tive aquele sonho em ser mãe, ter um filho… nada!
No início de 2022, algo deu corda ao meu relógio biológico e essa vontade despertou em mim. Comecei a imaginar-me de barriguinha, de bebé nos braços, as noites mal dormidas, tudo..
Fui dando o meu parecer ao meu namorado. No fim de maio de 2022 decidimos que ia deixar a pílula e assim foi. Começamos os preparativos, marcar consultas, começar a tomar o ácido fólico, fazer análises, avaliar o útero… tudo ok; vamos lá seguir em frente e tentar.
Eu sabia que ia ser uma longa jornada. Entretanto, reduzi o tabaco e em 22 de novembro acordei e decidi não pegar mais num cigarro. E assim foi, nunca mais!
Os meses passavam e o medo de não conseguir engravidar atormentavam-me a cabeça!
Em fevereiro de 2023, 3 dias de atraso (igual às duas últimas menstruações). Mais um dia de atraso e, ao fim do dia de trabalho, fui à farmácia comprar o teste. Dia 23 de fevereiro, acordei nervosa e sem sinais de menstruação. Ok, vamos lá fazer o teste e…. Primeiro teste da minha vida e tão positivo eu vibrei!
Eu tremia por todo lado, não conseguia acreditar! Antes de sair para o trabalho tinha de dizer ao meu namorado, claro! Marcar consulta, tudo bem, mais exames ao sangue etc.. fui ao privado; queria ter a certeza que tinha um bebé dentro de mim, parte de mim não acreditava! Dia 8 de Março, feliz da vida, vi o coraçãozinho minúsculo a bater e a partir daí a minha vida ganhou outro sentido. Eu vivia não só por mim, eu estava a gerar uma vida…uma responsabilidade enorme nas minhas mãos, uma benção!
Todos os dias andava feliz e contente, acho que foram os melhores dias da minha vida! Dia 3 de abril – primeira consulta no hospital. Fui à enfermeira, entretanto o médico chamou, mal sabia eu que o meu sonho estava por um fio…
Após as perguntas e conversa com o médico, fomos ver se estava tudo bem. O médico chamou o pai para vir ver o bebé connosco! Ele veio e… um silêncio ensurdecedor apoderou-se daquela sala, um longo silêncio esquisito. “Catarina, lamento mas não tenho as melhores notícias…”
O meu coração disparou. “O bebé parou de evoluir por volta das 8 semanas e a Catarina já está com 10, não há batimentos.”. E as lágrimas rolaram.
Tive de decidir entre uns comprimidos para provocar um aborto ou esperar que o corpo expulsasse naturalmente. Optei pelos comprimidos, não havia esperanças, não valia a pena a espera do meu corpo reagir! Posso dizer que depois das melhores 10 (6) semanas da minha vida, veio o pior dia e noite da minha vida! Um processo tão doloroso, físico e psicológico… não fazia ideia que ia passar por tudo aquilo.
Apesar de na semana antes da consulta, ter comentado com uma colega que estava com medo de chegar e ouvir “o seu bebé não evoluiu”, nunca quis acreditar que isso me aconteceria! Longe de imaginar a dor que uma mãe sente, por gerar uma vida e não ter a capacidade de evitar perder essa mesma vida!
Uma dor que fica sempre comigo, serei sempre tua mãe meu anjo.
(3-04-2023)