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Cátia G.

Por volta dos 29 chegou o desejo de ser mãe. Fiz consulta na ginecologista e check up e como estava tudo bem avancei. Passados dois anos não estava a conseguir (devido ao síndrome SOP). A ginecologista decidiu avançar com um indutor de ovulação, sem estar muito esperançosa que engravidasse logo no 1º ciclo.

O que é certo é que comecei a ter os sintomas típicos de gravidez: sensibilidade mamária e atraso menstrual. Resolvi fazer um teste: e tive o meu positivo!

Naquele momento tremia e chorei de felicidade. Marquei consulta na ginecologista e ouço: está grávida e bem grávida. São gémeos.

Foi um misto de emoções uma vez que o meu companheiro estava em isolamento devido à covid, e não pôde ir comigo à consulta. Ambos sabíamos que havia essa probabilidade e até tínhamos brincado com isso. E estávamos muito felizes.

A gravidez decorreu normalmente até às 21 semanas, dia em que comecei a ter cólicas, que se vieram a intensificar e comecei também a perder sangue. Fui direta para o hospital, mas com a esperança que não ia ser nada grave. A médica começa a fazer a ecografia e diz que eles vão nascer, uma vez que entrei em trabalho de parto prematuro e um já estava fora do útero e que o prognóstico era reservado.

Fica a eterna saudade e grata por me terem escolhido para vossa mãe.

O meu sonho começou a acabar ali naquele momento e virou pesadelo. Fui internada e diagnosticaram uma infecção (e que provocou o parto prematuro). Começaram logo a dar me antibióticos e diziam que tudo tinha de processar naturalmente e sempre com o discurso de prognóstico reservado. Tinha muitas dores, de chegar ao ponto de enfermeira me propor anestesia epidural para ajudar. Sempre que iam lá as médicas diziam que estava cada vez pior (basicamente diziam que não havia nada a fazer, para evitar que nascessem). Estive assim dois dias, com contrações dolorosas e com uma tristeza de quem já sabia o desfecho. Chorava, chorava muito.

Já só dizia ao meu companheiro que íamos perder os nossos meninos. Ele também estava triste, mas manteve-se firme para me apoiar. Dizia que eu não tinha culpa…

Entretanto nasceram o meu Duarte e Tomás e tornaram-se os meus anjinhos…Doeu tanto perder-vos. Ainda dói e ficou um vazio muito grande. Tinha começado a sentir-vos na minha barriga há pouco tempo e Deus quis levar-vos de mim.  Fica a eterna saudade e grata por me terem escolhido para vossa mãe.

A todas as mães de anjo, muita força.

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