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Jéssica

Em fevereiro de 2021, engravidei do meu primeiro bebé, estava feliz mas triste ao mesmo tempo. Era um misto de emoções, de insegurança, medo de não ser capaz de cuidar de um bebé mas a felicidade era tanta que só pensava nele com tanto mas tanto amor. Em março, tive um pequeno sangramento que me levou ao hospital, em que viram que efetivamente o bebé estava bem, mas a médica disse-me que, caso eu perdesse o bebé, que a culpa nunca seria minha.

Eu fiquei em alerta porque, se estivesse mesmo tudo bem, porque a médica diria aquilo?! Fui para casa e adormeci mas com medo de acordar. No dia seguinte, fui à casa de banho e estava cheia de sangue, em que olhei para o papel e vi o que nenhuma gravida queria ver. Foi assustador. Foi o pior pesadelo da minha vida. O meu namorado desmaiou ao ver, em que eu ainda o socorri para ir ao hospital para ter a certeza da minha suspeita. Mas o azar da minha vida não terminou naquele dia…

Em agosto de 2021, engravidei de novo. O medo apoderou-se de mim, tive medo de passar tudo de novo. Mas o bebé era tão desejado que tentei relaxar, rezei pela primeira vez na vida para que o bebé viesse bem de saúde. Até que comecei a sangrar novamente, mas desta vez foi um castanho, muito estranho, não entendi e tive assim quase 2 semanas. Fiz de imediato o repouso absoluto, mas nem assim parava de sangrar.

Falei com a minha obstetra e ela recomendou dirigir-me ao hospital em que ela estava e assim foi, cheguei lá fiz a análise Beta HCG e deu positivo, bastante até mas no útero não estava lá nada. A análise dava positivo, mas na ecografia não confirmava nenhuma gravidez em curso. A minha médica disse que eu podia estar de muito poucas semanas, mas eu sei que já estaria de 7 semanas e era impossível não se ver nada. Mas agarrei-me à fé e à esperança. Voltei lá passado 4 dias, repeti todo o processo e deu positivo, ainda mais do que devia. Depois de muitas tentativas, de muitas médicas a observarem-me, lá viram o meu bebé. Foi diagnosticada uma gravidez com localização indeterminada, ou seja, gravidez ectópica.

Lembro-me de chorar e dizer “não pode ser, outra vez não. Por favor, não”. Naquele momento tudo parou. Não ouvi mais nada sem ser a médica a comentar com a outra de que o feto já tinha batimentos cardíacos. Pior comentário que podiam fazer, porque aí sim o meu coração parou por segundos. A minha médica falou comigo, calmamente, e explicou qual seria o processo para retirar o bebé, pois eu estava em risco de vida e ela não podia permitir que algo me acontecesse. Não ouvi nada do que ela falava, eu só chorava e só queria estar com a minha mãe. Sim, estive sozinha o tempo todo. A dor. O medo. Tudo vivido sozinha. Tenho 25 anos e sinto-me mais velha, sinto-me cansada, sinto-me mal comigo, sinto que já não sou a mesma.

Neste momento, só respiro. Sou mãe de 2 anjinhos e um dia vou contar aos meus filhos o quão agradecida estou por ter tido aqueles bebés na minha barriga.

2 comentários a “Jéssica”

Quero, primeiro, mandar um abraço, daqueles bem fortes, porque é disso que precisamos quando a vida nos dá um rasteira destas.
Depois quero dizer: não desistas! Permite-me tratar por tu, não estás velha como dizes, estás magoada, destroçada. Não vai passar, a dor não passa, mas és forte e vais conseguir! Não desistas, a luta é grande mas vão conseguir! Beijinho

Em julho de 2019 descobri que estava gravida, tudo optimo ate ir fazer a eco das 12 semanas e o bebe nao tinha batimentos cardiacos. Antes de ir para as urgencia fui a casa de banho ao limpar me sangue no papel, a hipotese de poder nao estar gravida do tempo que pensava estar desapareceu naquele momento e confirmei que esta em processo de aborto. Em novembro de 2019 decobri que estava gravida em Janeiro de 2020 acordo a meio da noite com colicas… e ao limpar me sangue. So pensei nao acredito, nao pode estar a acontecer de novo. Infelizmente nas urgencia confirmou se nao havia batimentos cardiacos r estava em processo de perda novamente. Agosto de 2020 gravida de novo todos os cuidado e as 10 semanas tudo de novo. Pensamentos foram os piores, senti me a pior pessoa do mundo se esta tudo bem comigo porque nao consigo levar a gravidez a avante. Porque nao consigo fazer o que mais desejo. Porque passo por este sofrimento constante. Porque nao sao so as dores fisicas que essas acabam por desaparecer, e as dores psicologicas, o vazio que fica? Como sobreviver a isso?! Mas nao desisti foi a procura do porque de isto me acontecer, e sim no meu caso existe uma razao… sofro de teombofilia gestacional. Em maio de 2021 voltei a ter coragem de voltar a tentar em julho descubro que estou gravida novamente. Fique feliz?! Claro que sim…. e o meu que viveu em mim nos 8 meses seguintes? O medo de cada fez que fazia xixi limpar me e so da hipotese de vwr sangue naquele papel arrepiava me. Apos 229 injecoes diaria consegui que o meu quarto filho chegasse aos meus braços, aproveitei a gravideZ? Nao o medo e a preocupacao constante apoderam se de mim. Hoje sou mae de 3 anjos e de um rapaz lindo. Se ultrapassei a perda? Nao. Nunca se esquece. Uma maeca profunda que fica na historia da minha vida. Um dia vou contar ao meu filho a historia de como ele chegou ate nos e o quanto foi desejado. Tenho orgulho em mim de ter conseguido nao desistir….

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