Somos Gémeos! Tomás e Tomé.
Estaríamos quase, quase a nascer, se tudo tivesse corrido bem, mas em vez disso nascemos antes… dezembro de 2020. A nossa mamã e papá foram muito corajosos, preferiram sofrer sozinhos do que nos ver sofrer. A mamã conta tudo.
O meu nome é Telma, tenho 36 anos e carrego comigo a maior dor que uma mãe pode suportar, a perda de um filho, sim porque para mim é e sempre serão filhos. Os meus filhos!
Foram precisos 6 anos para conseguirmos engravidar, entre consultas e tratamentos lá conseguimos o nosso tão desejado positivo a 23 de Julho de 2020, fruto de uma FIV e consequentemente TEC, onde transferimos dois embriões. Foi uma alegria quando soubemos que estava grávida e ainda para mais de Gémeos.
Fizemos todos os exames e mais alguns, desde análises, ecografias de trissomias até o NEOBONA nós fizemos, afinal não podíamos correr o risco de alguma coisa correr mal, tanto tempo à espera dos meus meninos.
Tudo correu bem, até à Morfológica, onde foi detetada, em ambos os meus meninos, uma cardiopatia muito grave, não era viver mas sim sobreviver.
Ficámos sem chão, não podíamos acreditar, fomos a vários médicos e todos nos disseram o mesmo. Muitas consultas, medicação, operações e nunca nos garantiram que sobreviveriam sequer à primeira intervenção cirúrgica.
Nenhuma mãe ou pai acredita às primeiras no que os médicos lhes dizem, não é o que esperamos e muito menos o que desejamos para os nossos filhos, foi preciso tentar não pensar com o coração e sim pensar com a cabeça o que era melhor para eles, e infelizmente o melhor para os meus meninos não o era para nós.
Tomámos, assim, a difícil decisão de interromper a gravidez. Os nossos filhos deixaram-nos a 16 de dezembro e a expulsão foi a 17. Apesar de tudo termos feito por eles, sinto uma dor cortante.
Tenho um colo vazio. São dias difíceis, muito difíceis.