O meu nome é Vanessa tenho 31 anos e em 2020, no dia 20 de maio, soube que estava grávida de 6 semanas.
Uma gravidez desejada, tudo super tranquilo até ao dia 19 de outubro já com 29 semanas…comecei a sentir umas picadas na barriga, um ligeiro corrimento com sangue; pensei logo que seria uma infeção urinária porque já tinha tido durante a gravidez.
Dirigi-me às urgências onde me foi dito que com o bebé estava tudo bem. Iríamos então fazer análises à urina e à urina acética (esta análise demoraria 2 dias até sair o resultado e até lá iria tomar progesterona). Assim foi. Fiz um CTG tudo normal.
Dia 21 de outubro, mesmas dores mas mais fortes. Vou à consulta médica, só por precaução, quando a médica me diz “não há batimento cardíaco”… Nesse momento o mundo para, fico sem chão, sozinha no consultório.
Então a médica decide: “vamos mudar de máquina porque pode ser uma avaria”… mas não era! O meu Afonso partiu e eu não consegui perceber quando ele deixou de se mexer. Já estava a entrar em trabalho de parto!
Na altura só pensei “e agora?!”. Lá fui para o hospital, nas urgências sozinha, só tive o meu namorado comigo às 17h30, dei entrada às 12h30. Fui sujeita a todo o tipo de estudo: amniocentese, análises, tudo!
O Afonso nasceu no dia 21 de outubro às 23h45, um parto normal com uma equipa médica fantástica. Não vi o meu filho porque, quando dei entrada no hospital, a médica disse-me: “sente-se preparada para ver o seu filho, sabe que ele pode não ter uma aparência normal.” Fiquei assustada e não vi. A médica disse isso porque o Afonso tinha a transluscência da nuca um pouco elevada, mas fiz todos os exames e o meu bebé era normal.
Tenho alta no dia seguinte – se havia dia para saírem mães com ovinhos foi no dia que eu saí de colo vazio ainda em choque com o que nos aconteceu. Tinha tudo planeado, roupinhas e de repente a vida pregou-me uma partida.
Fizemos muitos exames e morte inexplicada foi o resultado, e é isto que me dizem, sujeitei-me a tudo a nível de exames, mas “a medicina ainda não está assim tão evoluída”.
Felizmente descobri o vosso blogue que tem sido uma grande ajuda a nível psicológico, porque sempre que vejo uma grávida, um bebé no ovinho pergunto-me quando será a minha vez.
Como fazemos tantos exames e ninguém vê que algo está errado com o bebé?
Espero que a minha história ajude quem também passou por uma perda.
Sou mãe de primeira viagem de um anjo que tenho a certeza me vai proteger.
4 comentários a “Vanessa”
Sou mãe de 1 viagem no dia 5 de Novembro comecei com dores 37 semanas estava a entrar em trabalho de parto fizeram eco, também me disseram que tinha de fazer noutra porque aquela não estava muito boa quando me dizem que a minha estrelinha Carolina já ano tinha batimentos! Fiquei sem chão nasceu as 20.15 de cesariana! Com o choque tive a tenção muito alta e comecei a fazer hemorragias internas! Fiquei de coração partido e colo vazio! Um bjinho
Eu revejo-me bem nesta história… o meu Mateus nasceu a 4 de janeiro 2021, 2 dias nos cuidados intensivos e acaba por ser o meu anjo… fiz tantos e tantos exames durante a gravidez… e às 38 semanas aconteceu o inexplicável… e saí passadas 24h do hospital de colo vazio…
Obrigada ao Amor para além da Lua, que ajuda a atenuar a saudade e dor!!
Um beijinho gigante querida Ana. Muito amor e força!
Minha querida Vanessa Vicente só te conheci este ano mas deixo aqui o meu testemunho com um abracinho bem apertadinho e fé num futuro próximo: Após um namoro de 8 anos, o casamento acontece em 04 de outubro de 1997, nesse que foi um dos dias mais felizes da minha vida – o do nosso casamento, onde só a presença física da minha mãe faltou, para que fosse perfeito.
Depois do casamento, e tal como acontece à maioria das jovens mulheres quando se casam, o chamado relógio biológico fez despertar, também em mim, o desejo de ser mãe.
Porém, o meu corpo parecia negar-me a realização do sonho que os meus anseios reclamavam, uma vez que entre 1998 e 2001, por quatro vezes engravidei, sem que, em todas elas, por complicações várias, se concretizasse o nascimento do tão desejado filho, com tudo o que de nefasto essas interrupções da gravidez trouxeram, quer física, quer psíquica e emocionalmente, ao meu corpo e à minha saúde .A gravidez de 2001 em que tudo corria bem foi após uma amniocentese abruptamente interrompida ás 26 semanas uma vez que o bebé tinha uma deficiência incompatível com a vida, por incrível que pareça foi o único parto natural que tive precisamente no dia do meus anos irónico não é?
E foi assim, de desilusão em desilusão, transformando, através do amor, lágrimas em ânimo, luto em renovada esperança, a qual a minha fé em Deus não deixava abalar, que, no início de 2002, recebi a feliz notícia de que estava novamente grávida.
A gravidez, de risco pelos episódios infelizes que a antecederam, decorreu rodeada do máximo acompanhamento médico e cuidados extremos, como se a pequena semente que em mim germinava, fosse uma frágil flor ou um cristal delicado que era imperioso proteger.
E assim decorriam os meses de uma gravidez tão complicada quanto desejada, envolvida numa redoma de proteção e cuidado, mas também de grande preocupação, até porque, no oitavo mês de gestação, a minha vida sofreu novo revés, com a morte do meu querido pai, em agosto de 2002, aos 65 anos, vítima de doença oncológica fulminante.
Apesar dos receios que este novo abalo emocional na minha vida poderia provocar à minha saúde e, por essa via, ao bem-estar do bebé, a verdade é que, não obstante a dor que a morte de um ente querido envolve, com o conforto da família, que me protegeu o melhor possível da exposição social, e do sofrimento acrescido e desnecessário que a mesma comporta, consegui levar até ao fim esta gravidez, conturbada, marcante, mas especial, que culminou com o nascimento, em setembro de 2002, do nosso primeiro e tão desejado filho – João Pedro.
Vivia eu no estado de graça que a bênção da maternidade me oferecia, experienciando a descoberta do novo ser que trouxe ao mundo, com tudo o que de belo e fascinante a condição de mãe envolve, quando, em 2004, uma rouquidão persistente, um pequeno nódulo no pescoço, e um mal-estar geral me impeliram a consultar um médico.
O diagnóstico, depois dos necessários exames, foi devastador e dilacerante – carcinoma na tiroide, numa das suas formas mais agressivas.
Sem chão, alarmada e assolada pelas dúvidas e receios que uma notícia destas provoca, até porque o meu pai tinha perecido, há cerca de 2 anos, de doença oncológica na tiroide, socorri-me uma vez mais da minha inabalável fé em Deus, e na esperança que tinha de ver crescer o meu filho, para buscar as forças adicionais para continuar a lutar contra os infortúnios que a vida me ditava.
Por isso, por orientação médica, fui sujeita em 2004, no IPO (Instituto Português de Oncologia) em Lisboa, a duas cirurgias, a primeira para remoção de toda a glândula tiroide (tiroidectomia total) e a segunda para extração de pequenos nódulos e limpeza do tecido tiroideo circundante afetado.
Parcialmente recuperada, física, anímica e emocionalmente, e sempre sob acompanhamento médico no IPO, fui submetida ainda, no ano de 2005, a dois tratamentos suplementares de iodo radioativo.
Estabilizado o meu estado geral de saúde, com a medicação prescrita e que me irá acompanhar por toda a vida, mantive-me sob vigilância e acompanhamento médico, com consultas regulares, sem que isso me retirasse o foco dos meus ideais de vida, pessoais e profissionais, do trajeto que queria continuar a percorrer, lado a lado com a minha família, em suma, dos meus sonhos.
Contudo, consciente dos riscos que corria, pelo meu historial clínico, mas firme na fé e confiante no plano que Deus tinha desenhado para a minha vida, e sempre imbuída duma forte perseverança, tentei realizar, em 2006, uma vez mais, o desejo de ser mãe.
Porém, só em 2008, depois de mais uma gravidez interrompida, essa bênção me foi concedida com o nascimento do nosso segundo filho – Martim.
Mas Deus, na sua sabedoria e poder, havia de me conceder ainda outra dádiva, em 2012, com o nascimento do meu terceiro filho – Santiago.
Hoje, sinto-me uma mulher realizada, profissional e pessoalmente, como dona de casa de uma família numerosa, tarefa muitas vezes penosa, desgastante, onde tenho por vezes que abdicar de mim em prol de todos, mas gratificante todos os dias.
Mas sinto-me sobretudo uma mulher abençoada, como mãe de três filhos que muito amo, como esposa de um marido que tem sido o meu companheiro de luta nesta jornada de muitas provações, mas também de muitas bênçãos, cujo caminho vou continuar a percorrer, sempre de mãos dadas com esta minha enorme vontade de viver.