Categorias
Natal Ofertas Ofertas e Recursos Perda gestacional
prendas com amor para além da lua natal

Para o Natal de 2022 pensamos em algo diferente. Criámos uma campanha a pensar em quem passou por uma perda gestacional, família e amigos.

Assim, juntamo-nos a alguns pequenos negócios, bem portugueses, para ajudar a celebrar esta quadra e incluir e lembrar os nossos pequeninos.

Vamos conhecê-los, bem como aos descontos aplicados:

A Party Inspirations oferece 10% de desconto em ornamentos de Natal para o vosso bebé nas estrelas e num caderninho para registarem as vossas memórias ou escreverem aos vossos filhotes.

Sobre Party Inspirations

Muito mais do que uma empresa, é um projeto de duas amigas, que, enquanto mães, sentiram a necessidade de criar um conceito especial de festas. Festas essas em que o principal foco é este doce mundo da pequenada mas não deixando no entanto, as festas dos mais graúdos de fora.
Uma com a paixão pela doçaria e outra com a vontade de criar sempre algo diferente para cada festa pessoal, por sua vez, fez com que quisessem partilhar com o MUNDO todo o carinho que dedicam a cada festa, deixando assim sorrisos e memórias deliciosas em cada pessoa.
Como tal, decidiram que cada festa teria de ter os pormenores e o encanto merecido, pois cada pessoa é diferente de outra, com gostos e opiniões diferentes e que a diferença teria de ser marcada pela personalização, deixando o «cunho» de cada cliente impresso no dia tão especial, tornando-o INESQUECÍVEL e MEMORÁVEL!

Contactos

amor de papel

A Renata Pintor vai oferecer 10% de desconto nos seus quadros de lembrança ou celebração dos vossos bebés!

Sobre o Amor de Papel Atelier

É um projeto da designer Renata Pintor, que abraçou após uma perda gestacional. Ao criar a página de apoio Amor com Asas encontrou um reconforto nos pais quando homenageavam os seus bebés que partiram. No seguimento desse projeto lançou ilustrações especiais, de memórias ou nascimento para bebés. No Amor de Papel Atelier podem encontrar ilustrações personalizadas e fotográficas dirigidas às famílias. É sobre transformar dor, em amor. Sobre transmitir amor em forma de papel.

Contactos

A Renata Alves Marvão, da editora MyAura, vai descontar 15% na compra do seu livro: “Camila, meu amor”.

Sobre o livro

Camila, Meu Amor conta na primeira pessoa a história de uma perda gestacional e de uma interrupção voluntária da gravidez. Baseado na compilação de textos publicados pela autora no blogue Sobre nós, Mulheres, em 2018 e 2019, enquanto passava pelo processo de escrita terapêutica pós-traumática, Renata decide ir além e fazer uma reflexão ainda mais profunda, tocando em momentos chave da sua infância, adolescência e juventude.

Contactos

A Nagami oferece 10% de desconto nos seus produtos. Também criou, para esta campanha, um especial marca-livros com o tsuru, um pássaro que simboliza a paz e a cura.

Sobre Nagami Origami & Paper Craft

É um projeto criado por Nadime Sequeira e também surgiu depois de uma perda: a perda de um irmão. Há 9 anos, desafiada pelo marido, Nadime começou a fazer estrelas de origami para decorar a árvore de Natal. A árvore deu nas vistas, os pedidos surgiram e a criatividade continuou e nunca mais parou.

Hoje em dia faz brincos, colares, pulseiras, marca-livros e objetos de decoração e podemos encontrá-la em algumas feiras de artesanato do Porto ou encomendar online. Está no Mercado da Alegria, na Foz (Porto), das 9 às 18 horas aos domingos e no Mercado de Natal da Batalha (Porto), de 18 a 29 de dezembro.

Contactos

tatiana catoja

A Tatiana Catoja faz um desconto de 10% em produtos de aromaterapia ligados à perda gestacional. Disponibiliza um voucher especial para oferta de uma consulta no valor de 15 euros.

Sobre Tatiana Catoja

Aromaterapeuta, Terapeuta sacro-craniana e Terapeuta de Massagem Shantala, a Tatiana Catoja, mãe de um menino, iniciou as jornada nas terapias para ajudar o seu filho a fortalecer o sistema imunitário e aliviar o desconfortos das famosas “ites” Infantis. Começou por trabalhar na área materno-infantil dando atenção às grávidas e aos bebés. Contudo, passou por duas perdas gestacionais e, nessa altura, percebeu como as mulheres sofrem “sozinhas” e que a Aromaterapia poderia ser uma excelente terapia complementar e natural. Tem ajudado várias mulheres que passaram pelo mesmo. A Aromaterapia pode ajudar as mulheres a terem noites de sono mais relaxantes e tranquilas, reduzir o stress, aumentar o foco e concentração, reduzir a ansiedade e muito mais.

Contactos


De forma a poderem usufruir destes descontos, precisam de mencionar a nossa página ao contactar estes negócios através dos contactos que indicamos.

Esperamos que seja uma linda prenda no sapatinho de mãe para bebé ou até de mãe para mãe, de amiga para amiga, de avó para mãe…

Categorias
Testemunhos Testemunhos Perda Precoce

Não tenho filhos e já pensava não ser possível, pela minha idade!

No mês de Setembro de 2022 comecei a sentir algumas dores no peito, sobretudo quando me levantava de manhã e sentia o peito maior. O período devia ter vindo no final do mês de Setembro, mas não veio. Não quis começar a sonhar, pois já não era o primeiro grande atraso; era apenas um atraso e nada mais. Tinha acabado de fazer 44 anos e já quase não acreditava ser possível uma gravidez.

Entretanto marquei uma consulta com uma nova ginecologista (Dra. RR) para ter uma segunda opinião sobre um exame que a minha ginecologista (Dra. MJA) me tinha indicado fazer (após inúmeros exames feitos para perceber se o que tinha era um quisto ou outra coisa).

No dia 3 de Outubro, fui à tal consulta. Após analisar os exames que levei, a médica fez uma ecografia e viu duas bolsas com uma forma irregular, um tamanho aproximado uma de 5 semanas e outra de 6 semanas, mas sem nada lá dentro. Pensou logo que poderia ser uma gravidez gemelar, o que a deixou preocupada pois não via nada lá dentro. Não sei se fiquei contente ou preocupada. Fui de imediato fazer uma análise de sangue para confirmar se era ou não gravidez. Se fosse, teria de ser vigiada semana a semana, estando já avisada que em caso de hemorragia devia ir de imediato à maternidade. Se não fosse gravidez, aí poderia fazer o dito exame que a outra médica tinha indicado.

A análise que a médica me mandou fazer foi a análise B-HCG total que detetaria logo caso se tratasse de gravidez. Mas o laboratório fez a análise B-HCG Livre…  Só mais tarde percebi as implicações!

Entretanto a médica pediu-me que a avisasse assim que chegasse o resultado… as horas passavam e nada… foram quase 48h intermináveis.

Recebo o resultado e ficamos descansadas… Não estava grávida! Se estivesse já sabia que ia correr mal.

Entretanto o período continuava sem vir…as dores no peito continuavam… o peito maior…mas a análise tinha “dito” que não estava grávida. A médica receita-me um remédio para fazer vir o período. Tinha de tomar durante 10 dias.

Durante a noite de 16 para 17 de Outubro tive algumas dores do lado esquerdo da barriga, abaixo do umbigo. Com os meus habituais problemas de intestinos (Cólon irritável) pensei que poderia ser algo que tivesse comido ou o período para vir, apesar da dor ser diferente do normal. Não aguentei a dor e tomei um buscopan.

No dia 17 de Outubro, último dia do dito medicamento, acordo bem-disposta, sem a dor da noite anterior, visto-me para ir trabalhar e vou para mais uma semana de trabalho. Na dúvida levei o buscopan, não fosse a dor voltar!

Ao chegar ao trabalho, passado um pouco, começo a sentir cólicas. Nada de novo considerando os meus habituais problemas de intestinos. Uma corrida à casa de banho, suores frios, testa toda molhada, palidez e uma forte dor do lado esquerdo da barriga abaixo do umbigo. Já não era normal! Não conseguia sequer pensar.

Tomei buscopan na esperança de um milagre. Enviei mensagem à médica e liguei ao meu marido para me ir buscar. Tinha de ir às urgências. Não aguentava! Entretanto a médica liga-me e diz para ir ter com ela à consulta na Casa de Saúde.

Quando me começa a examinar, pensei…“Cá para mim são mesmo problemas de intestinos e a Dra. R. vai se rir e mandar-me embora para ser vista por outra médica!”

Mantive-me calma. Quer dizer, não podia abrir a boca senão desabava, de tão nervosa que estava

De repente liga o som do ecógrafo e por segundos e ouço um barulho estranho…a cara da médica não era boa! Pede desculpa, mas informa-me que ia ter de chamar um colega para confirmar algo que ela estaria a ver. Aqui já começo a achar estranho…algo se passava!

Chega o colega e com ele o veredito final…estava com uma gravidez ectópica na trompa esquerda… 6 semanas e 6 dias, com batimento cardíaco!!!!

Voltando à análise que a médica tinha mandado fazer…se o laboratório tivesse feito a B-HCG total que foi pedida, já tinha dado resultado positivo pois nessa altura já estaria grávida de 3 semanas!

Mantive-me calma. Quer dizer, não podia abrir a boca senão desabava, de tão nervosa que estava! O meu marido entrou na consulta para a médica explicar tudo aos dois!

De lá fui direta para a maternidade, com uma carta da médica, sem poder parar em casa para levar roupa. Tinha de ser operada porque corria risco de vida se a trompa rebentasse. Já tinha sangue, ou outro líquido qualquer de algo que tinha rebentado no útero ou ovários, já nem sei!

Já na urgência da maternidade, não consegui ligar à minha mãe. Pedi ao meu marido para lhe contar.

Quando entrei para a triagem estava lá a minha outra ginecologista à minha espera. Foi a minha salvação, uma cara conhecida naquele momento! Tinha-lhe enviado uma mensagem a informar o que se estava a passar. Como era dia de estar lá, ela foi ter comigo à urgência. Facilitou bastante porque já me conhecia, conhecia o meu historial e foi tratando de tudo com a médica da urgência. Quando sai da sala e me diz “Vai correr tudo bem”, desabei…Foram muitas horas a controlar e manter a calma…

Da triagem, após mais exames, fui direta para o internamento e lá fiquei.

A auxiliar que me leva ao quarto deseja-me as maiores felicidades! (Não terá visto a cor dos meus olhos????)…

Naquele dia não tinham equipa para uma laparoscopia. Mas fiquei preparada caso tivesse de descer de urgência para o bloco (aí teria de ser operação de “barriga aberta”).

No dia 18 de manhã preparam-me para a cirurgia e lá vou eu…

No dia 18 de Outubro acordei grávida de 7 semanas e deitei-me apenas com 4 furos na barriga e cheia de pensos!

No meio deste pesadelo encontrei duas médicas maravilhosas a quem não tenho palavras para agradecer o apoio (Dra. MJA e a Dra. RR)… um marido preocupado que desde que vim para casa não me deixa mexer uma palha…

Hoje faz 10 dias que o que pensei ser crise de intestinos era afinal uma gravidez ectópica…

Contínuo de baixa, na esperança que este desconforto físico passe rápido e me deixei voltar à normalidade! Uma nova normalidade…O psicológico lá chegará.

Categorias
Testemunhos Testemunhos Perda Tardia

Por volta dos 29 chegou o desejo de ser mãe. Fiz consulta na ginecologista e check up e como estava tudo bem avancei. Passados dois anos não estava a conseguir (devido ao síndrome SOP). A ginecologista decidiu avançar com um indutor de ovulação, sem estar muito esperançosa que engravidasse logo no 1º ciclo.

O que é certo é que comecei a ter os sintomas típicos de gravidez: sensibilidade mamária e atraso menstrual. Resolvi fazer um teste: e tive o meu positivo!

Naquele momento tremia e chorei de felicidade. Marquei consulta na ginecologista e ouço: está grávida e bem grávida. São gémeos.

Foi um misto de emoções uma vez que o meu companheiro estava em isolamento devido à covid, e não pôde ir comigo à consulta. Ambos sabíamos que havia essa probabilidade e até tínhamos brincado com isso. E estávamos muito felizes.

A gravidez decorreu normalmente até às 21 semanas, dia em que comecei a ter cólicas, que se vieram a intensificar e comecei também a perder sangue. Fui direta para o hospital, mas com a esperança que não ia ser nada grave. A médica começa a fazer a ecografia e diz que eles vão nascer, uma vez que entrei em trabalho de parto prematuro e um já estava fora do útero e que o prognóstico era reservado.

Fica a eterna saudade e grata por me terem escolhido para vossa mãe.

O meu sonho começou a acabar ali naquele momento e virou pesadelo. Fui internada e diagnosticaram uma infecção (e que provocou o parto prematuro). Começaram logo a dar me antibióticos e diziam que tudo tinha de processar naturalmente e sempre com o discurso de prognóstico reservado. Tinha muitas dores, de chegar ao ponto de enfermeira me propor anestesia epidural para ajudar. Sempre que iam lá as médicas diziam que estava cada vez pior (basicamente diziam que não havia nada a fazer, para evitar que nascessem). Estive assim dois dias, com contrações dolorosas e com uma tristeza de quem já sabia o desfecho. Chorava, chorava muito.

Já só dizia ao meu companheiro que íamos perder os nossos meninos. Ele também estava triste, mas manteve-se firme para me apoiar. Dizia que eu não tinha culpa…

Entretanto nasceram o meu Duarte e Tomás e tornaram-se os meus anjinhos…Doeu tanto perder-vos. Ainda dói e ficou um vazio muito grande. Tinha começado a sentir-vos na minha barriga há pouco tempo e Deus quis levar-vos de mim.  Fica a eterna saudade e grata por me terem escolhido para vossa mãe.

A todas as mães de anjo, muita força.

Categorias
Testemunhos Testemunhos Perda Precoce

No dia 11 de Novembro de 2021 descobri que a minha vida ia mudar por completo, chegou o tão sonhado positivo. Pais de primeira viagem fomos à médica de família que nos marcou as consultas no público, como pensei que estava tudo bem fiz a minha vida normal até à consulta no público (a minha irmã já tinha sido seguida dessa forma e tudo correu bem).

No dia 20 de Dezembro 2021 ansiosos pela ecografia para ver o nosso bebé e a médica quando faz a ecografia muito fria diz “não existe bebé, nunca fez nenhuma ecografia? ” e eu respondo que não e ela diz “não sabe que tem que ir ao privado antes desta consulta”. Eu sem chão e ela manda-me embora para as urgências para ir tomar comprimidos para expulsar o saco gestacional sem explicações. Fui para os urgências sem saber o que se passava, só chorava e aí foi-me explicado que era uma gravidez anembrionária. Nunca tinha ouvido falar em tal coisa.

Fiz a expulsão em casa e foi terrível. Estava cheia de dores físicas e psicológicas (fazia anos dia 21 de Dezembro onde tinha planeado contar a todos da gravidez). Os médicos disseram que a probabilidade de ter repetição de anembrionária era muito baixa e que a probabilidade de aborto era a normal. Contudo, diziam eles muito raro acontecer duas vezes seguidas.


Decidimos voltar a tentar e, no dia 22 de Maio, descubro que estou novamente grávida. O medo era imenso, marquei logo com uma ginecologista no privado, fazia ecografia de 15 em 15 dias. Não contámos a ninguém porque o medo de correr mal era imenso. A barriga começava a aparecer e eu sempre a dizer que estava a ficar gordinha. A médica sempre a dizer que estava tudo bem. Fiz a última ecografia o bebé tinha 11s4d a médica fez as medições todas e disse que estava tudo bem. Pela consulta no público o bebé estaria com 13s2d. Lá fomos nós dia 25 de Julho todos contentes porque eu tinha visto o bebé e convenci o meu marido que estava tudo bem.


Entramos, a médica coloca o ecógrafo e eu não ouvi o coração do bebé e ela diz “papás infelizmente o bebé parou”. Eu gritei que não podia estar a acontecer de novo, eu tinha visto o bebé uns dias antes. E ela diz “parou com 12s, tem um aborto retido e precisa ir para as urgências para retirar”. Fico sem chão novamente e aí entro nas urgências a chorar compulsivamente. Dão-me um comprimido e mandam-me voltar 2 dias depois para ser internada.
Foram os dias mais longos da minha vida, saber que o meu bebé estava morto e eu sem poder fazer nada.

Fui internada colocaram os comprimidos vaginais para a expulsão e fiquei sozinha entre 4 paredes cheia de dores e sempre a ouvir corações dos outros bebés que estavam ali para nascer. Senti a bolsa a rebentar passadas umas 7h. Chamei a enfermeira e passado alguns minutos sinto o bebé a sair e eu sem um enfermeiro ou médico para me ajudar.

Tão pequenino, mas era o meu bebé.

Chamei novamente e lá o levaram para fazer os testes necessários, nunca me vou esquecer dele: o meu menino mais lindo.
Vai estar para sempre no meu coração.

Categorias
Testemunhos Testemunhos Interrupção Médica da Gravidez Testemunhos Perda Tardia

Hoje, um ano depois do dia mais triste das nossas vidas, abro pela primeira vez, o meu coração para partilhar a minha história, a nossa história. 

Hoje, com o coração mais calmo, e depois de aceitar que deixar partir é um ato de amor, venho contar-vos que a perda de um filho é dos momentos mais traumáticos na vida de qualquer família.

Era Agosto e nós íamos fazer a ecografia morfológica, decidi levar a nossa filha para que pudesse ver pela primeira vez o mano/a. 

Sempre ouvi dizer que as mães têm um sexto sentido, e caramba… nesse dia fiquei a saber da pior forma possível, que afinal ele existe mesmo.

Pouco tempo antes de entrar no consultório, lembro-me perfeitamente de dizer esta frase “tenho tanto medo que não esteja tudo bem”. E não, não estava. Mal eu sabia que partir daquele dia, iria carregar uma das maiores dores em toda a minha vida. 

Entrámos no consultório, entusiasmados. Afinal íamos ser pais de 2, que bênção!

O médico coloca a sonda, e pergunta-nos se já sabemos o sexo do nosso bebé, e nós respondemos que não. Minutos depois, recebemos a notícia que íamos ter mais uma menina, para fazer companhia a este nosso leque familiar de mulheres. 

Pouco tempo depois, um silêncio invade a sala. A dada altura, decidimos perguntar se estava tudo bem, ao qual prontamente o médico me diz que não, não está tudo bem. O seu bebé tem um quisto no cérebro, tem de ir imediatamente à maternidade fazer exames mais específicos. 

Saímos desalmadamente daquele consultório, lavados em lágrimas, em desespero e completamente sem reação. 

Rapidamente as nossas famílias nos prestaram auxílio e vieram ao nosso encontro. Nessa tarde, corremos todos os hospitais possíveis. Estava a ser seguida no hospital particular, e dirigi-me as urgências ao qual rapidamente fui descartada, pois poderia não ser uma gravidez evolutiva. A resposta que me foi dada, era de que se tratava de uma situação muito burocrática. Corri mais 2 hospitais, acabei na Maternidade Alfredo Da Costa, onde com a maior empatia do mundo, me marcaram uma consulta no Diagnóstico Pré-Natal. Um sítio onde tudo começa, e onde acaba para muitos dos bebés. 

Era sábado, tinha um fim-de-semana inteiro pela frente…foi horrível. Não estávamos a conseguir aceitar o que se estava a passar, e estávamos aterrorizados a espera que a segunda feira chegasse. 

O dia chegou, dirigi-me à Maternidade Alfredo da Costa para a minha primeira consulta, no local onde ninguém quer estar, o diagnóstico pré-natal. Lá eu poderia imaginar que aos 30 anos de idade, iria ter de passar por um processo tão difícil como este.

No dia 15 de Outubro , no dia em que se celebra o dia da consciencialização da perda gestacional, a Benedita veio ao mundo, num parto respeitado e humanizado.

Depois de várias horas em espera lá entrei, e o médico teve perto de 1h a fazer uma ecografia. Realmente viu que existia um problema, mas ainda com muitas dúvidas. Aconselharam-me a fazer a amniocentese, para avaliar e despistar outro tipo de doenças gravas. Nesse mesmo dia fiz o procedimento. 

Lembro-me perfeitamente de nesse mesmo dia, me darem um termo de responsabilidade para assinar, caso fosse necessária intervenção médica, ou melhor dizendo uma Interrupção médica da gravidez, tendo em conta o estado avançado em que já me encontrava da gravidez. 

Colocarem nas nossas mãos, o destino da vida dos nossos filhos é um peso muito grande. É o peso de uma vida. A vida da minha filha. 

Informaram-me que deveria fazer uma ressonância magnética, pois só partir daí se conseguia ver melhor o bebé e problemas internos. 

Fui para casa de repouso, e 2 dias depois estava a fazer a ressonância. Disseram-me que teria de aguardar o resultado, e que a maternidade me ligaria para ir novamente a consulta. 

3 semanas depois, volto a fazer ecografia e a dúvida do médico persiste apesar da ressonância confirmar que existia um problema. 

Informaram-me que teria de aguardar, e fazer um acompanhamento da minha bebé para ver se o problema podia ter um retrocesso. Segundo os médicos era um problema que poderia ir ao lugar com o crescimento fetal. 

Na altura fiquei muito revoltada, não aceitava porque tanto tempo, porque me fazerem sofrer tanto. A espera era horrível, e eu sabia que quanto mais tempo passasse, mais doloroso seria para a nossa família. 

Durante longos 2 meses entre esperas e exames, lá chegamos ao diagnóstico final. 

Nesse dia, deram-nos a pior noticia que se pode dar a qualquer mãe ou pai. 

A nossa filha aos 8 meses de gestação, foi diagnosticada com uma má formação do sistema nervoso central, tinha uma síndrome muito rara e que seria totalmente incompatível com a vida humana. Foi devastador.

Disseram-me que uma neura pediatra iria entrar em contacto connosco, para nos explicar o que se estava a passar com a nossa bebé, e assim foi. 

Estávamos devastados, íamos a sair da maternidade quando recebemos uma chamada de uma enfermeira, a enfermeira Leonor Gonçalves, que para mim continua a ser um anjo da guarda. A Leonor queria saber como nós estamos, e falar connosco. Assim foi, voltamos para trás, fomos levados para uma sala e lembro-me como se fosse hoje. A Leonor, tocou no meu braço e disse pode chorar, fique a vontade. Foi um dos gestos mais bonitos que podiam ter tido connosco naquele momento doloroso. A ajuda veio ter connosco, sem pedirmos ajuda. Foi bonito e muito importante para nós. Até aos dias de hoje, a Leonor está sempre presente nas nossas vidas. 

Realmente são as pessoas que fazem os sítios, e o trabalho daqueles profissionais é tão importante para nós pais que vamos perder os nossos filhos. 

Dia 11 de Outubro, vamos }a maternidade iniciar o processo. Nesse dia somos deparados com uma série de questões, e mais uma vez a Leonor estava lá para nos apoiar, ajudar e agilizar todo este processo. 

A Leonor ajudou-nos com as questões mais burocráticas, e falou-nos sobre a oportunidade de conhecer a nossa filha, de ficar com as impressões dos pés e das mãos da nossa filha. Nem sequer pensei que isso fosse possível para um bebé que nasce sem vida.

 Dois dias depois, seguia-se o meu internamento para iniciar a indução de trabalho de parto. 

Nesses 2 longos dias, tivemos que tratar daquilo que mais custa a qualquer pai, enterrar um filho. Tratar do funeral da nossa filha que ainda não tinha nascido, e quem nem o mundo ia conhecer. 

Foi completamente devastador, não fui capaz de entrar na agência funerária, assinei os papéis no carro. Mas saímos dali com tudo tratado. 

Seguia-se outra fase complicada, comprar uma roupa para a nossa filha. Entrei 3 vezes na mesma loja e não consegui comprar nada. Acabei por ter de pedir ajuda a família para comprar a roupa para a nossa filha. 

É muito duro preparar o funeral de alguém ainda em vida. 

Dia 13 de Outubro com 31 semanas, fui internada. Cheguei a maternidade, a Enfermeira Leonor já estava a nossa espera. Fomos para uma sala, onde revimos todos os pormenores do que iria acontecer partir dali. 

A Leonor generosamente, sentou-me num cadeirão ao lado da janela e disse-me para eu me despedir da minha filha, para lhe poder dizer que me perdoasse, porque o que eu estava a fazer era um ato de amor.  A Leonor deu-me tempo, deu-me a mão, fez-me sentir mais calma. 

Ensinou-me a exercícios para me sentir mais calma, para saber controlar as dores no trabalho de parto. 

Fomos então para a sala de ecografias, onde a médica estava a minha espera, acho que foi o momento mais duro do processo no hospital. Iriam ter de provocar a paragem cardíaca a nossa Filha. Deitei-me, demos a mão os dois e encostamos as nossas cabeças e a médica pediu-nos que não olhássemos para o monitor. Minutos depois, senti-me a perder os sentidos, estava completamente em outra dimensão e só me lembro da Leonor me tirar a máscara e dizer “fique comigo, concentre-se na minha voz”. O procedimento terminou, e estava meio adormecida.

Desci para o internamento, onde fui para uma sala isolada, para não ter qualquer tipo de contacto com as outras grávidas e ouvir os bebés chorar. Acho que isso é de uma enorme empatia que se pode ter com alguém. 

Fiz a primeira medicação para indução de parto, e nesse dia nada aconteceu, ao final da noite tentaram outro método de indução, que teria de se dar uma janela de 24h para tentar novo método. No dia seguinte, comecei a ter muitas dores, mas não tinha dilatação ainda, e na noite de 14, as dores começaram a agravar. A todas as enfermeiras da maternidade só posso agradecer todo o carinho que me deram, traziam me medicação, sentaram-se na minha cama e deram-me a mão, limparam as minhas lágrimas imensas vezes. 

Na manhã seguinte fui para o banho para atenuar as dores, estavam insuportáveis. Já estava em trabalho de parto desde essa noite. A médica veio avaliar, e já estava pronta para ir para o bloco de partos. Desci, levei epidural e começa o início de tudo, o medo, o fazer nascer. 

A enfermeira parteira Cleisa, que até hoje não me esqueço do nome dela disse-me “vamos ao seu ritmo, nasce quando você quiser” e assim foi. 

No dia 15 de Outubro , no dia em que se celebra o dia da consciencialização da perda gestacional, a Benedita veio ao mundo, num parto respeitado e humanizado. Não, a Benedita não chorou, mas tudo em mim se desfez por completo. 

Levaram a Benedita e aconchegaram-na na mantinha que tinha sido da irmã, a enfermeira regressa com uma caixa de memórias, com a hora do nascimento, o dia, e a impressão dos pezinhos e das mãozinhas. 

Chorei muito, foi devastador. 

No dia seguinte tive alta logo de manhã e fui para casa descansar, a nossa filha estava ao cuidado da nossa família, mas tínhamos que nos preparar para lhe dar a notícia. 

Na manhã seguinte fui buscá-la, sentei-me com ela e expliquei o que aconteceu à mana. Ela reagiu bem, ficou calma apenas nos perguntou se ia continuar a ser só ela na nossa vida e nós respondemos que sim e demos um abraço. 

Estivemos 1 semana a espera que liberassem o corpo da Benedita, e o dia do funeral chegou. Decidimos cremar a nossa filha, e lembro-me que ao chegar ao crematório havia uma placa que dizia “Filho de Soraia Carvalho”, foi aí que tudo se tornou ainda mais real. 

Demos a mão e entrámos, quando eu vi aquele caixão pequenino, não consegui conter-me e chorei compulsivamente. Foi um ambiente muito pesado, foi muito complicado, mas as nossas famílias estiveram sempre lá para nós. 

Aos poucos fui aprendendo a lidar com a nossa dor, a gerir os meus sentimentos. Descobri da pior forma, que o luto é um caminho longo e solitário. 

Hoje com o coração mais calmo, fiz as pazes com a vida, porque tal e qual como comecei a nossa história, deixar ir é um ato de amor. E assim foi.

Enquanto mãe, vivi o dia mais feliz da minha vida, e o mais triste também. Mas Hoje, Inicio um novo ciclo, e tu querida Benedita vais sempre fazer parte da história da minha há vida. 

Querida Benedita, espero que estejas em paz. Lembro-me de ti todos os dias. 

Com amor, Mãe.

Categorias
Testemunhos Testemunhos Perda Precoce

Decidimos parar de tomar a pílula. Estávamos preparados para dar início à aventura da nossa vida.

Fiz um teste de gravidez. Minto. Fiz dois.

Um tradicional que me indicou dois traços bem fortes e um digital que me indicou que estaria grávida há mais de três semanas.
Fiquei nervosa, mas feliz.

Há algum tempo que sentia algumas cólicas.
Completamente suportáveis e do que já tinha lido, um sintoma comum de uma gravidez inicial. 

Para descargo de consciência, vamos marcar consulta o mais rapidamente possível para saber se está tudo bem e podermos respirar de alívio e sermos felizes por inteiro.
Consegui consulta dois dias depois.
“Não vejo nada no útero. Desconfio que esteja noutra cavidade..”
Já tinha lido sobre gravidez ectópica.
Naquele momento caiu-me o mundo. Não podia ser.
Não me podia estar a acontecer a mim.

Uma mulher saudável, de 29 anos, primeira gravidez. E agora? 
Fui para a urgência do hospital.

Tinha de ser novamente examinada para perceber a situação e a “solução”.
Gravidez tubária.
O embrião, o feto, o nosso bebé, a nossa sementinha de 5 semanas e 7 dias tinha-se alojado na minha trompa esquerda. Cresceu e fez com que houvesse uma ruptura.
“Coágulos, coágulos. Ela tem a barriga cheia de sangue”
Comecei a entrar em pânico.
Entrei na urgência por volta das 17:00, às 19:00 estava a vestir uma bata, a assinar um termo de responsabilidade e a saber que ia para cirurgia (pela primeira vez na minha vida), sem saber qual seria o desfecho. Sozinha (Covid).

Deixei de ver e comecei a desfalecer. Que medo avassalador.
O meu bebé foi sacrificado por não ser uma gravidez viável sendo ectópica e a minha trompa retirada.

Os meses vão passando, a vida lá fora segue, as pessoas deixam de perguntar como estás e ali estás tu, perdida na tua própria dor a tentar encontrar um porquê que não existe. 

Em recuperação, já em casa, abria as redes sociais e era o raro o dia que não dava de caras com o anúncio de uma gravidez. O meu coração ficava do tamanho de uma ervilha.
Desde sempre que imaginavamos cenários na nossa cabeça de como iríamos contar à família e amigos. Meses depois uma amiga foi mãe.
Chorei, chorei, chorei. Sentia uma angústia… Estava feliz por ela mas também tinha inveja.

Chorava porque não queria estar a sentir aquilo mas não conseguia controlar.

Os meses vão passando, a vida lá fora segue, as pessoas deixam de perguntar como estás e ali estás tu, perdida na tua própria dor a tentar encontrar um porquê que não existe. 
Dava por mim a pensar que apesar de no sítio errado, o meu filho estava a crescer, saudável e que não era justo.
Via mulheres que perdiam os filhos a meio, ou mesmo no fim de uma gestação e perguntava-me se era justo sentir-me assim, com uma gravidez de cinco semanas.
Sentia que não me podia comparar. Que a dor seria muito maior e que a minha comparando não era nada.

Mas, agora consigo, com plena lucidez mental, perceber que não se comparam dores. 
Não há dores maiores ou mais pequenas. 
Esta dor foi e é a minha. 
É o meu luto.

Cinco meses depois, após uma salpingectomia unilateral, estou com fé que o universo me vai permitir ser mãe e não me fará passar por tamanha dor novamente. 
Tenho medo. 
Mas o sonho de ser mãe é maior.

Categorias
Perda precoce Testemunhos Testemunhos Perda Precoce

Tenho 43 anos e uma filha com 21 anos e disse sempre que não queria mais filhos; pelo o parto ter sido complicado e por vários motivos pessoais.

Com os anos, fui sentido de novo essa vontade. Por várias razões, foi-se adiando, até que este verão, a 26 de Agosto, estava de férias, após um grande atraso menstrual – pensando eu que seria mais um atraso ou talvez uma pré-menopausa-, fiz um teste rápido que deu positivo.

Passado estes anos todos, fiquei super feliz! Apressei-me em marcar consulta para fazer avaliação, uma vez que segundo as minhas contas, estaria de 7 semanas.

No dia 06/09 fui à primeira consulta um pouco apreensiva mas feliz, a minha obstetra segue-me desde os 18 anos, é uma excelente profissional em quem confio plenamente. Ao iniciar a eco transvaginal começou por explicar o que via e, de repente, um silêncio. Rapidamente entendi que algo não estaria bem… Disse que tinha dúvidas e não conseguia confirmar se estava tudo bem, teríamos de repetir a eco uma semana depois porque ou não estava de tantas semanas ou a gravidez não estava a evoluir. Fiquei sem chão, pensando e mentalizando-me para o pior. Passei uma semana super angustiada.

No dia 13/09, como combinado, la estávamos nós para repetir a eco. Mantiveram-se as dúvidas mas disse-nos para não ter esperanças porque achava que não estava a evoluir. Agendamos para dia 15/09 eco com colega para segunda opinião e nova avaliação. Mais uma vez fiquei com o coração nas mãos e mentalizei-me para o pior… No dia 15/09 lá estávamos nós, à hora combinada, e confirma-se o que ninguém quer ouvir: não há batimento cardíaco, segue-se o diagnóstico de aborto retido às 6 semanas e 2 dias.

após tantos anos perdi o meu 2° filho. Sentimento de revolta, raiva e a questão mas porquê?

Parecia que estava em piloto automático, dirigimos-nos à receção para efetuar o pagamento e agendar a consulta de avaliação. Ao sair da clínica desabei, estava confirmado, após tantos anos perdi o meu 2° filho. Sentimento de revolta, raiva e a questão porquê ao fim de tantos anos?

Conforme indicações, iríamos aguardar uma semana para ver se o corpo fazia a rejeição. Já estava com algumas cólicas, mas o processo desencadeaou-se na noite de 17/09/2022 para 18/09/2022 com cólicas e perdas de sangue. O pior aconteceu às 7h00 da manhã de dia 19/09/2022, senti cólicas fortes e perdas, fui rapidamente à casa de banho mas não cheguei a tempo… caiu o saco gestacional com o embrião para o meu penso. Fiquei sem chão: estava ali o meu bebé e fiquei sem ele…

Sei que para as pessoas à nossa volta também não é fácil ajudar, uma vez que nós é que passamos físicamente e psicologicamente por este processo todo, mas senti-me desesperada, sem chão. Seguiram-se quase duas semanas completas com perdas de sangue e dores devido às contrações do útero. Sentia-me um caco, sem vontade de fazer nada, e em alguns períodos do dia muito triste e chorosa. No dia 27/09/2022 fui à consulta de avaliação, após eco transvaginal, estava quase tudo “limpo” só faltavam alguns coágulos, o processo tinha decorrido naturalmente, sem medicação e sem curetragem. Sentia-me muito cansada, foi me prescrito ferro e ácido folico para 20 dias com recomendação para descansar e recuperar ao meu ritmo.

Jà decorreram quase 3 semanas após o aborto, começo a sentir-me melhor fisicamente mas psicologicamente tenho alturas de tristeza e muio choro… Encontro-me ainda de baixa, irei retomar a minha atividade dia 17/10 espero estar com forças para regressar à minha vida.

Queria partilhar o meu testemunho porque acho que pode ajudar outras pessoas a passarem pela mesma situação. Acabei por me sentir sozinha nesta bolha de felicidade porque no meu caso, o meu marido e a minha filha, não reagiram muito bem à notícia da gravidez, ficaram os 2 em estado de choque não estavam à espera ao fim de tantos anos,e por opção, não divulgamos que estava grávida até confirmar que estaria tudo bem.

Após o diagnóstico, têm sido incansáveis até porque acho que se sentem impotentes face a este sofrimento, e os homens na minha opinião não demonstram tanto as suas emoções. 

Quero dizer que o facto de nos dizerem “ainda bem que foi cedo se fosse mais tarde era pior” ou “não foi é porque não tinha de ser” não ajuda, sei que a intenção é boa, mas para quem está em sofrimento só nos deixa mais um sentimento de tristeza . Por vezes é suficiente uma mão dada, um abraço, “estou aqui se precisares de alguma coisa” ou simplesmente “como estás?”. Cada pessoa tem de viver a dor à sua maneira, e a partir do momento em que há um teste positivo, estamos a gerar o nosso filho, é uma perda e há que fazer o luto.

Perdi o meu segundo filho e vai permanecer em mim para sempre… 

Desejo força para todas as pessoas que como eu passem por uma perda. E espero em breve conseguir seguir o meu caminho e voltar à minha vida embora sempre com o coração apertado porque é uma situação muito difícil.

Resta-me agradecer o apoio de todos os nossos próximos que têm sido incansáveis e me têm dado forças para seguir, sem eles seria impossível. 

O nascimento seria no mês de abril de 2023, impossível não pensar em datas. 

Um beijinho e força a todas.

À minha estrelinha: estarás para sempre no meu coração.

Categorias
Testemunhos Testemunhos Perda Neonatal

No dia 5 de Outubro, é o 3° aniversário do Francisco, o nosso anjinho…

Nunca pensei dizer isto, mas com o passar do tempo, lembro-me mais dele e de tudo o que passei. Não sei se é normal, mas o chegar do dia deixa-me bastante triste.

Quando a 12 de Setembro fui fazer a 2ª ecografia morfológica fetal tudo mudou na minha vida. Saí de lá, com a sensação que a gravidez não iria durar muito.

A médica detetou um crescimento no bebé pouco desenvolvido para o tempo em que estava. Mas, para piorar a situação, tive uma pré-eclâmpsia, que me levou ao hospital algumas vezes.

Apesar dos avisos do médico, não aceitei ficar internada por ter uma filha pequena e o marido a trabalhar no estrangeiro. Chegou a uma altura em que não aguentei mais e tive mesmo de ser transferida para o hospital de Braga e, no dia a seguir, a cesariana foi feita por me encontrar bastante mal.

O Francisco sobreviveu dois dias. Não o vi, apenas os meus pais.

Ainda não me arrependi da decisão mas, de qualquer forma, estava bastante debilitada para o fazer, pois estive nos cuidados intermédios a recuperar.

Não é fácil passar por uma situação destas, porque temos de registar um filho que não está nos nossos braços, temos de o enterrar, como se já fizesse parte das nossas vidas há muito tempo e temos de lidar com as pessoas que nos rodeiam…Principalmente, temos de saber lidar com a nossa dor…Essa, que nunca irá passar…

Dedicado a ti, Francisco.

Categorias
Testemunhos Testemunhos Perda Precoce Testemunhos Perda Tardia

Tinha acabado de me mudar com o meu namorado quando descobri a gravidez em 2020. Foram passando as semanas e descobrimos ser uma menina, a nossa princesa, que na altura não foi buscada mas logo que nós soubemos da existência dela foi muito amada.

Poucas semanas depois, vieram as dores e fiquei internada no hospital. Passado uma semana recebo a notícia de que a minha bebé morreu; não tinha batimentos dentro de mim aos 4 meses. O meu estado de saúde agravou-se e levaram-me para o bloco para realizar uma curetagem… 2 dias de UCI sem dizerem nada ao meu namorado.

Lá consegui conversar com ele e passamos por momentos de muito sofrimento após a perda da nossa menina.

6 meses depois lá estava eu, grávida outra vez mas, infelizmente, às 5 semanas descobrimos uma gravidez anembrionária.

5 meses depois voltamos a tentar e, pela 3ª vez ,dizíamos adeus ao nosso anjinho. Mas como Deus tem um propósito nas nossas vidas e ele não faz as coisas por acaso, passadas 5 semanas engravidei novamente…

Só descobri essa gravidez às 22 semanas e tive todo o cuidado do mundo. Hoje tenho o meu bebé arco-íris nos meus braços, já com os seus 3 meses. As enfermeiras e auxiliares, que acompanharam a minha primeira perda, foram as que estiveram ao meu lado, no parto do meu bebé, aquelas foram realmente anjos que Deus colocou na minha vida e sei que a minha história é uma história de superação e que nunca podemos desistir dos nossos sonhos.

O meu era ser mãe e consegui.

Categorias
Testemunhos Testemunhos Interrupção Médica da Gravidez

Partilho a minha história com esperança de confortar algum coração que tenha passado pela mesma situação…
Fizemos a ecografia morfológica onde detetamos que a nossa bebé tinha mal formações e, por isso, tivemos que fazer uma interrupção da gravidez.

Na altura não estava bem a perceber tudo o que estava a acontecer mas hoje sei que foi a decisão certa, uma vez que o problema detetado era incompatível com a vida à nascença. Ia ser só o arrastar de uma coisa que sabíamos que ia acontecer…ficar sem ela..

Fiz o meu luto, procurei saber as razões pela qual aconteceu tudo e quais as possibilidades de voltar a acontecer..
É uma ferida que carrego comigo, vai estar comigo para sempre, mas que aprendi a viver com ela.

Hoje estou grávida novamente , numa fase muito inicial e a viver tudo de uma forma completamente diferente…

Valorizo tanto cada dia que passa!
Tenho o maior desejo que corra tudo bem mas sei que está tudo nas mãos de Deus… Tenho o coração tranquilo e o que tiver de ser, será.