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Testemunhos Testemunhos Interrupção Médica da Gravidez

Faz-me todo o sentido enviar esta mensagem hoje, 18 de Setembro, dia que faz precisamente 2 meses que fiz a intervenção cirúrgica mais difícil da minha vida: a da interrupção seletiva de um dos meus gémeos.


No nosso caso, após a transferência de um embrião, ele dividiu, fomos surpreendidos com o facto do Universo nos dar em dobro o nosso maior desejo, mas, rapidamente, percebemos que esse segundo feto não estava bem: tinha vários problemas. O mundo caiu, foram semanas de ansiedade, porque não era totalmente garantido que o gémeo saudável conseguisse ultrapassar essa intervenção.

Não duvidamos por um momento que era o que tinha que ser feito: foi um ato de amor por ele que não tinha condições fora do útero, mas ainda não compreendemos o porquê de nos ter acontecido.

O nosso bebé surpresa tinha um nome, é o Gonçalo. Não há um dia que não me lembre dele e irei vê-lo para sempre no irmão.

Espero que ele saiba que o que fizemos foi por bem, foi por amor e que nunca o iremos esquecer.

Quero acreditar que um dia ele voltará para nós.

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Testemunhos Testemunhos Interrupção Médica da Gravidez

No dia 7 de Dezembro fui ao hospital fazer um exame regular do papanicolau e a enfermeira perguntou-me, antes de fazer o exame, se eu poderia estar grávida. Nós tínhamos tentado umas vezes e o meu período não tinha vindo no mês passado, mas eu tinha feito um teste em casa e era negativo. Ela pediu-me para fazer outro teste antes do exame “just in case”. Eu aceitei sabendo que o resultado seria negativo. 15 minutos depois o resultado mostrou ser positivo e eu fiquei em choque.

Era um bebé planeado e desejado mas, sendo a primeira gravidez, há sempre aquele misto de felicidade, medo, expectativa, euforia.

Eu estava grávida de 6 semanas e, até às 21 semanas, nunca houve nada de errado com exames. Apenas queríamos que o bebé fosse saudável e não queríamos saber o sexo do bebé até ao parto. O meu exame dos cromossomas das 12 semanas revelou que eu tinha apenas 1 chance em 9000 em o bebé ter trissomia 21 ou Síndrome de Edwards. No exame de morfologia, em Março, confirmou-se que o nosso bebé era esse caso em 9000.

A 9 de Março de 2021, tive a consulta de morfologia com um scan que revelou que o bebé tinha um  “buraco” no coração e lábio leporino. Levaram-nos para um quarto pequeno, onde só havia um sofá, uma mesinha com lenços de papel, ao que o meu parceiro disse logo “este é o quarto das más notícias” e até ouvir da boca da enfermeira eu não queria acreditar. Pediram-nos para voltar outra vez na sexta 12 de Março para um teste com uma especialista de problemas cardiovasculares de bebés dentro da barriga. Nesse exame, ligaram o som do coração pela primeira vez e, porque o foco da consulta era perceber o que se passava com o coração, não me avisaram que iam ligar o som que eu nunca tinha ouvido. Foi a primeira e última vez que o ouvi. Depois da consulta e outra vez numa sala de más notícias, a médica explicou-nos que o problema com o coração por si só não era raro, mas associado ao lábio leporino, céu da boca rasgado e algo anormal no cérebro, o diagnóstico não era animador.  

Foram-me dadas 3 escolhas:

  • 1) espero mais umas semanas e faço o exame da amniocentese para saber mais sobre este diagnóstico;
  • 2) Levo a gravidez até ao fim e o bebé pode ou não sobreviver ao parto mas se sobreviver, certamente vai ter uma qualidade e esperança de vida muito limitada;
  • 3) termino a gravidez imediatamente com ajuda médica.

Foi a decisão mais rápida e mais difícil que tomei na minha vida. Os dias que se seguiram foram uma espécie de pesadelo. Naquela sexta feira tomei o primeiro comprimido para parar as hormonas da gravidez e no domingo dei entrada no hospital às 4 da tarde. Às 7 da tarde tomei o primeiro comprimido de 5 para provocar o parto e, durante horas, estive numa luta com o meu corpo porque este teimava em dizer à ciência que não era a hora.

A Rita Leonor nasceu as 12h30pm no dia 15 de Março e não sobreviveu ao parto, como era de esperar. Ficamos a saber que tínhamos uma filha e como não tínhamos preparado nada, nem nome, decidimos na hora dar-lhe o nome das nossas avós que já tinham falecido. Felizmente, há gente maravilhosa neste mundo, e as parteiras foram anjos e trouxeram cobertores e roupas que outros anjos tinham tricotado para famílias nesta situação impensável. Eu não queria ver a bebé inicialmente mas ainda bem que tive um momento de clareza e tivemos o nosso tempo para segurar a bebé e estarmos com ela sozinhos. Mostramos-lhe a nossa música favorita, tiramos fotos e dissemos adeus.

De volta a casa de braços vazios, foi tempo de recuperar e esperar pela notícia que o corpo estava preparado para o funeral depois de todos os exames feitos. O funeral foi dia 1 de Abril com apenas o meu parceiro e os pais dele. Seguiram-se meses de espera para o resultado dos exames e a confirmação de que a Rita Leonor tinha a síndrome de Edwards e que não sobreviveria ao parto. Seguiram-se meses de incerteza na relação, um luto tão diferente para mim e o meu parceiro, um abismo que se abriu entre os dois e que só o diálogo e a paciência cimentou a ponte entre os dois e reduziu a distância.

Hoje, ano e meio depois, estou grávida de novo, mas sem a expectativa da primeira vez. Há uma cautela enorme, um quase não querer sequer falar sobre para não “agoirar” ou não me apegar a este sonho de novo.

Esperamos ansiosamente pela ecografia das 20 semanas para podermos respirar sabendo que nada, nunca nada é garantido. 

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Testemunhos Testemunhos Interrupção Médica da Gravidez

O meu nome é Flávia e realizei uma interrupção médica da gravidez a 17 de Novembro de 2017 por uma má formação. 

Foi diagnosticada uma deficiência congénita em ambos os membros superiores, designada por mão torta radial nível 4, ou seja, o grau pior pois os ossos não formaram: os ossos que iriam sustentar os polegares de ambas as mãos simplesmente não existiam.

Às 18 semanas de gravidez, na ecografia que descobri que era um rapaz, também descobri que teria uma deficiência para o resto da vida. Ir ao céu e ao inferno em poucos segundos é bem possível e foi o que vivenciei naquela sala.

Consultamos um dos melhores ortopedista pediátricos que foi muito claro: se nascer, irá passar a vida em cirurgias e nunca poderá ser autónomo.

Naquela altura eu só não queria ser responsável por colocar um filho num mundo tão mal preparado para aceitar pessoas com deficiências e, muito menos, ver sofrimento nos olhos de um filho um dia mais tarde.

Ao pesquisar sobre interrupção médica da gravidez, a única coisa que aparece é procedimentos legais e muito poucas mulheres a falarem realmente o que acontece ou o que sentiram. 

Na altura foi muito doloroso e o hábito de olhar para a barriga parou. O hábito de estar sempre a tocar e tentar perceber onde estava dentro da barriga passou a não se fazer. Os espelhos, de um momento para o outro, tornaram-se objectos dolorosos, tomar banho virou um sofrimento e o trocar de roupa fazia-se sem olhar para baixo. Doeu perceber que os gestos que me traziam felicidade passaram a ser sofrimento. E quando tinha que sair à rua e, aleatóriamente, deparava-me com grávidas e bebés, fazia com que as lágrimas começassem a escorrer do nada, de forma automática. O isolamento era cada vez maior, dentro da minha própria casa. 

Tomar a decisão e assinar aquele papel a dizer que queria interromper a gravidez naquela altura era como se tivesse a assinar um papel para matar o meu filho. E o período de reflexão que é obrigatório foi terrível. Até hoje a pergunta mantém-se: será que foi o certo?! 

Os olhares de pena dos médicos e dos auxiliares, em conjunto com as palavras “muita força” ou “vocês ainda são novos”, eram ouvidos com um misto de compreensão e raiva ao mesmo tempo, se é que isso é possível, mas com um sentimento de gratidão por cada uma das pessoas envolvidas no processo, claro. Os três comprimidos para parar o processo hormonal da gravidez foram tomados e cada um que tomava, naquele consultório, sentia um pontada no coração e uma parte de mim morria ali. Era o início do luto de alguém que estava dentro de mim. 

Até hoje a pergunta mantém-se: será que foi o certo?

O procedimento era ter um parto normal, de forma a possibilitar ter filhos futuramente e, fazendo juz a um parto normal, o meu durou 25 horas com a diferença que o meu filho já nasceu sem vida. Não há nada que doa mais do que ver um filho nascer sem vida e ainda em fase de desenvolvimento. Doeu ver, doeu sentir.

Passar pela dor física e psicológica de provocar um parto a uma mulher que não vai ter o seu filho vivo é das sensações mais dolorosas que se pode passar. Deveria haver um método mais rápido e que não doesse tanto. Chorei, chorei muito, apenas não queria que fosse assim ou não era suposto ser assim.

Na manhã seguinte a ser internada, tive a visita de um médico que deu ordem para me darem um antibiótico para acelerar o processo pois já chegava de sofrer….e acelerou! 

E, sem epidurais nem qualquer outra anestesia, pois só tivemos tempo de chamar a enfermeira, o meu filho nasceu, morto, às 12h45 do dia 17 de Novembro de 2017, no quarto 412 do hospital do SAMS e o pior de tudo foi vê-lo.

Doeu todo o processo, desde a descoberta até sair do hospital sem o meu filho nos braços e dói, até hoje, e acho que irá doer sempre! É um buraco no coração e na alma que nunca mais ficará sarado. Uma mãe nunca deveria perder um filho pois esse acontecimento modifica-te para sempre.

Hoje, passados 5 anos, quando fecho os olhos, é como se tivesse sido ontem e acho que irá perdurar até ao resto da minha vida. Felizmente já tive o meu bebé arco-íris saudável, mas foi uma gravidez vivida com muito medo de ouvir uma notícia terrível. Graças a Deus nasceu um bebé forte e saudável, que já conta com 19 meses e, neste momento, estou à espera de outro menino que ainda está a fermentar na barriga, que já conta com 33 semanas. O incrível, ou talvez não, é que irá nascer exactamente no mês que eu perdi o meu primeiro filho; Novembro. 

E sim, digo a todas as pessoas que sou mãe de três filhos, um deles é um anjo que está no céu a olhar pelos irmãos 

Partilho o meu testemunho porque acho muito importante falar, e aconselho a todas as mulheres que perdem os seus bebés que falem e procurem ajuda – eu não o fiz na altura,por achar que iria conseguir lidar com a situação, e existem feridas que se mantêm abertas até hoje por causa disso. 

Obrigada pela oportunidade de dar o meu testemunho.

Um grande beijo,

Flávia

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Testemunhos Testemunhos Perda Precoce

O meu Agosto, veio sem gosto.

No dia 2 ia fazer a tão desejada ecografia das 12 semanas. O nervoso miudinho acompanhou-me o dia todo, só queria saber como estava o meu bebé. Por fim, chegaram as 19h e lá entramos nós para a tão aguardada consulta. Começou a ecografia; com as máscaras só vemos a expressão dos olhos e a expressão que o médico fazia era cada vez menos acolhedora.

Comecei, sozinha, a entrar no meu próprio buraco, sem perceber o que se estava a passar. Até que o médico disse, em tom frio, “o vosso bebé tem uma malformação e pode vir a ter algum tipo de trissomia”.

As lágrimas começaram a cair pelo rosto inevitavelmente. O médico, que era pouco conversador, apenas disse que na quinta-feira a seguir, dia 4 de Agosto, queria repetir a ecografia.

Saímos o consultório, estive 1h sem conseguir falar, só chorei, chorei. Não sei como consegui trazer o carro sozinha até casa…foi uma viagem longa. Na quarta-feira ia em trabalho para o Alentejo. Não sei como me aguentei durante esse dia. A cabeça não parava de pensar no pior e com a réstia de esperança de que no dia seguinte o médico fosse dizer “foi um erro, está tudo bem”.

Finalmente chegou a quinta-feira, a repetição da ecografia, e a minha esperança foi por água abaixo: o diagnóstico confirmou-se.

O bebé tinha problemas, a translucência nucal era maior que o normal, ausência da cavidade nasal, o coração não batia normalmente.

Desde a consulta, as conversas giravam em torno do mesmo, e “se o bebé tem realmente um problema?”; ” o que fazemos?”; ” aguentamos ter um bebé especial na nossa vida?”

O pesadelo mantinha-se, fomos encaminhados para uma consulta em Santarém onde nos iriam explicar e fazer a amniocentese.

Foram dias tão, mas tão longos. Dias a pensar em tudo e em nada, dias a chorar, dias a pensar ” porquê a mim?” e ” porquê a nós?”. Chegou o dia da consulta em Santarém, ainda há médicas simpáticas capaz de explicar, acalmar e responder às nossas perguntas de forma tranquila. A amniocentense ficou marcada para dia 25 de Agosto (dia dos meus anos, havia lá pontaria melhor).

Desde a consulta, as conversas giravam em torno do mesmo: e “se o bebé tem realmente um problema?”; ” o que fazemos?”; ” aguentamos ter um bebé especial na nossa vida?”. Todos os cenários estiveram em cima da mesa.

Contamos à nossa família e amigos mais próximos, pois todo o apoio era bem-vindo e nós precisávamos disso mais que nunca. Todos
os dias começaram a ser demasiado angustiantes: o medo de ir à casa de banho, o medo de tudo e um amor a crescer dentro de mim e a ficar cada vez mais forte.

No dia 21 de Agosto, às 8h da manhã quando fui à casa de banho, o medo intensificou-se quando, no papel, encontrei sangue. Voamos para o hospital.

Com 14 semanas e 7 dias fomos de imediato encaminhados para o piso da obstetrícia. A partir daí, fui sozinha, porque o pai não pode acompanhar a mãe nestas situações (ridículo, porque é quando precisamos de mais apoio). Na triagem a enfermeira fez perguntas, mediu a tensão e pediu para esperar pela médica. A médica chamou-me e lá vou eu de novo, sozinha, fazer uma ecografia.

Quando a médica disse, a agarrar-me a mão, “o seu bebé parou”, senti-me a cair ainda mais fundo e a bater no chão. A partir deste momento era seguir as normas, para estes casos, mais uma vez sozinha, sem o
apoio incondicional do pai e do homem mais incrível que podia ter a meu lado.

Saí do consultório, lavada em lágrimas, e na sala de espera tive de dar a pior notícia, ao homem que também ia ser pai. A enfermeira veio ao pé de nós e explicou o que ia acontecer, mas que ele, que também perdera um filho , naquele momento não podia acompanhar. Segui para dentro depois de um abraço bem forte e apertado.

Deitada naquela maca da sala de parto número 5, com enfermeiras e auxiliares incríveis, que explicaram tudo as vezes necessárias,
começamos então o processo: 3 comprimidos vaginais para induzir o parto, soro e sem me levantar durante 1h30. Essa hora foi tão dura, ali deitada, sozinha, com uma fralda quase maior que eu, caramba.

Começou o desconforto dentro de mim, chamei a enfermeira para me
dar a medicação para acalmar aquele desconforto.


Nesse momento e depois de comer uma gelatina, perguntei se já podia ir à casa de banho. Com isto tudo já era 13h30 e parecia que a cada minuto estava com cada vez mais cólicas. Eu, novata nesta situação, não percebi que poderiam ser contrações. Fui à casa de banho, na sanita tinha de meter uma arrastadeira, foi neste momento que tudo aconteceu…demasiado sangue no xixi e um feto a querer sair. Foi duro ver aquilo, chamei de imediato a enfermeira que me levou de volta ao quarto e, juntamente com mais duas enfermeiras, enquanto uma me dava a mão as outras retiravam, aquele que iria ser o meu amor maior.

Desde as 10h30 até às 14h todo um processo doloroso, fisicamente, psicologicamente e emocionalmente. Depois de tudo, fui repetir a ecografia, foi rápido, segundo a médica e estava tudo limpinho. Quando regressei ao quarto, estava o meu maridão à minha espera (antes de tudo começar a enfermeira disse que o podia chamar), e ali esteve ele comigo, toda a tarde até me darem alta, mesmo sem ser permitido, mas eu precisava dele e ele de mim. Tive alta nessa mesma tarde, as 19h, só queria vir para casa.

Neste momento já passaram quase 15 dias, estou de baixa, durante 30 dias. Posso dizer que estes dias têm sido um misto de emoções, dias em que apetece rir e sair, dias em que apetece estar sossegada e a chorar. Já pensei em voltar ao trabalho para ocupar a cabeça, mas não sei se tenho força para tal. Vou ficar, por enquanto, aqui a fazer o meu luto, deste que ia ser o meu amor para a vida toda.

Nestas alturas, vemos quem são os verdadeiros amigos, os amigos que são família e que mesmo quando estamos no chão, eles sentam-se connosco e fazem a festa.

Um Agosto triste, que nunca vou esquecer. Quis o meu anjinho que no dia dos meus anos não passasse pela amniocentese, por isso acelerou o processo e não obrigou os pais a tomar aquela que iria ser a pior decisão.

Vais ser sempre o nosso anjinho bom.

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Testemunhos Testemunhos Perda Neonatal

No dia 1 de janeiro de 2022 tivemos os taão aguardados 2 risquinhos no teste de gravidez e a partir daí aconteceu magia todos os dias. Foi uma gravidez santa sem enjoos, sem cansaço, sem mau humor. Todos os dias eram uma benção, sentia-me feliz e mais bonita do que nunca. A barriga crescia todos os dias e fez-se notar desde muito cedo.

Depois de um domingo de Páscoa feliz, em família, onde completamos 20 semanas, seguiu-se uma noite com algumas contrações mas consegui adormecer de novo. 

De manhã estava a perder sangue e corremos para o hospital. Em menos de nada disseram que estava em trabalho de parto e que a prioridade era salvar a mãe.

Estupefactos e assustados com tudo o que estávamos a viver, parecia que aquela realidade não era a nossa. Mas foi.

Durante 10 dias ficámos internados com um diagnóstico de insuficiência istmo cervical, repouso absoluto da mãe, mas o filho nunca se mexeu tanto como até então. Sentia o nosso pequeno a toda a hora e cada vez que punham o doppler era rápido para ouvir aquele galopar cheio de vida daquele coração perfeito.

Todos os dias naquele hospital foram um desafio. Todos os dias me diziam que o diagnóstico era grave, que não havia nada a fazer e que ele acabaria por nascer e não seria possível salvá-lo antes das 24 semanas. Depois disso também seria difícil. 

Todos os dias o discurso dos médicos era desanimador e todos os dias me incentivavam a pôr de pé para acelerar o processo. Ora, com um filho perfeito no ventre e a senti-lo mexer e a reagir ao meu toque, como seria capaz de apressar o processo?

Não estava em negação. Sentia que, infelizmente, não o teria ao peito como sempre tinha imaginado e não o iria ver crescer saudável e feliz como tanto pedi. Daí a apressar o seu nascimento é muito diferente.

Apesar dos desafios todos os dias tive o apoio incansável do pai do meu filho, no meio da tempestade conseguimos mantermo-nos mais unidos que nunca e durante as 2h/3h da visita não haviam tristezas. Jogávamos às cartas, ríamos e comíamos tranquilamente. Ficávamos os três, em família.

No dia 28/04 acordei com contrações e na eco vimos que ele já estava encaixado para nascer. Passamos para o bloco de partos.

Passamos lá o dia, tranquilos, a jogar cartas e a conversar. Não queríamos que o último dia dele connosco fosse de tristeza. E não foi. Estávamos e estamos felizes e muito, muito gratos por termos tido o nosso anjinho connosco durante toda a gravidez. Ele tornou o nosso sonho realidade e fez de mim uma mulher empoderada durante todo aquele tempo. 

O amor que lhe temos é tão, tão grande e a felicidade que ele nos deu é tanta que nós não podemos ficar só tristes.

Ao final daquele dia 28/04, depois de um parto natural, conhecemos o nosso filho.

O nosso Duarte veio ao mundo com 28cm, às 22 semanas e era lindo, lindo! O nosso bebé era parecido connosco e todas as suas feições eram de uma perfeição como nunca tinha visto. Apesar das 22 semanas, o nosso valentão apertou os dedos aos papás, reagiu ao nosso toque e colocou-se numa posição que parecia estar em paz. E nós também ficamos. A mãozinha esquerda ficou amarrada ao cordão, talvez a forma dele mostrar que vai ficar sempre ligado a nós.

Depois deste encontro mágico de amor, seguiram-se hemorragias horríveis, anemia, novo internamento e um sangramento que durou 3 meses.

Tudo isto aconteceu na primeira metade de 2022. Ainda assim não consigo olhar para este ano de outra forma que não seja com amor e gratidão. Apesar de não termos o nosso Duartinho ao colo, ele está connosco em tudo o que fazemos. Vai ser sempre nosso e nós sempre dele. 

Quando falo sobre o meu filho só consigo sentir amor. Só consigo sentir alegria por ter tido oportunidade de o gerar e de o conhecer. Tirei-lhe uma fotografia e já fiz um álbum, já fiz uns cinco retratos com artistas diferentes.

A perda dói. Dói a saudade, dói não conseguirmos expressar e dar-lhe todo o amor que lhe temos, dói não o vermos crescer. Ainda assim é possível sentirmos amor na perda. O amor que lhe temos é tão, tão grande e a felicidade que ele nos deu é tanta que nós não podemos ficar só tristes.

Somos pais dele, seremos sempre. Ninguém nos tira tudo de bom que vivemos naqueles meses. Ninguém nos tira o encontro mágico que vivemos quando o vimos.

É assim que o quero recordar. Com alegria e amor. É tudo o que tenho e tudo o que lhe queria dar se cá estivesse.

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Testemunhos Testemunhos Interrupção Médica da Gravidez Testemunhos Perda Tardia

Hoje foi o dia em que decidi escrever para ti, sobre ti, sobre este amor imenso que deixaste na minha vida e no meu coração.

Fizeste-me feliz, fizeste-me sentir linda, como já não me sentia há muito tempo. Obrigado, meu Amor. Obrigado por estes meses tão intensos, carregados de esperança, de magia e de união!

Faz hoje 5 dias que nos separaram. Pensam eles que foi para sempre mas, para sempre, vai ser a tua presença na minha vida e no meu coração.

A dor de te deixar ir, de ter que escolher deixar-te ir, está a ser o golpe mais duro e a batalha mais cruel que alguma vez enfrentei…

No dia em que soubemos que os resultados eram os que mais temíamos, ficámos sem chão…Contínuo sem chão e com um colo à tua espera, meu Amor!!!

Nunca pensei que a minha alma doesse tanto como no dia em que tive que assinar aquele maldito papel, em que abria mão de ti, de te sentir a crescer dentro do meu ventre cada vez mais…

Sair de uma sala de partos sem alguém nos braços e de coração ainda mais vazio, é a maior dor que alguma vez senti. 

Perdoa-me, se te amo demais e por isso escolhi deixar-te partir, perdoa-me por agora sentir a dor de apenas ouvir e saber que só bate um coração em mim: o meu e não o NOSSO!

Que vazio, que revolta, que raiva, que injustiça, que crueldade imensa, que dor, Meu Filho!

Perdoa-me, porque ainda não consigo fazer as pazes com a vida.

Neste momento, só peço ao universo que me dê forças para seguir em frente e que me ajude a abrir novos caminhos, para que possa seguir um rumo e uma razão de ser.

Agradeço, a cada minuto, a oportunidade que me deram de te poder conhecer, sentir, tocar, pegar na tua mão e ver com os olhos, aquilo que vi com o coração desde o dia em que soube que te carregava dentro do meu ser.

Agradeço-te a Ti, por me teres escolhido como casa, por me teres feito sentir tão feliz e por me teres escolhido, Tua Mãe!

Obrigado meu anjo, obrigado por seres o primeiro a perceber, mesmo antes de mim, que a nossa escolha foi por um amor imenso a Ti.

As poucas pessoas que souberam da tua existência (não porque não queria que soubessem, mas apenas para te proteger) e que agora sabem o que aconteceu, dizem que agora tenho um anjinho no céu… acho que esta afirmação nunca fez tanto sentido. Tenho um anjinho sim, mas não no céu e sim no meu coração, para sempre!

Obrigado meu amor. Obrigado por estes meses tão intensos, carregados de esperança, de magia e de união!

Só eu sei o quanto ansiei por poder gritar e mostrar ao mundo que existias dentro de mim, que na minha barriga crescia mais um amor da minha vida… só eu sei o que senti por não o conseguir fazer, porque a vida, mais uma vez, nos trocou as voltas e pediu que fizéssemos a escolha mais cruel de todas.

Vivi e partilhei neste tempo, cada momento contigo…

Tomara que sintas o orgulho que tenho em ser tua mãe para sempre. O orgulho por ser tua casa e o teu aconchego, tomara que sintas a mesma vaidade que senti cada vez que alguém reparava que a minha barriga estava maior e a importância que sentia por me darem um simples lugar no autocarro. Sabia que nesse momento, todos sabiam que estavas ali, dentro de mim e isso enchia-me o coração de orgulho.

Que feliz que fui em ter sido a tua casa, meu amor, obrigada!

Agora que posso, que nada me impede, agora que te posso proteger para sempre, apetece-me partilhar este nosso momento; breve mas interminável. Este amor só nosso ao mundo para que todos saibam que fui e serei para sempre a tua mãe!

A ti, nosso amor, brilha e não me esqueças nunca!!!

O que resta, fica só para nós…

Amo-te,

Mãe

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Partimos para uma segunda gravidez, na esperança inocente de tudo correr bem outra vez.

Grande felicidade: estava grávida de gémeos!

Tudo a correr lindamente até à ecografia morfológica. Naquele dia, tinha ecografia no público de manhã e ecografia no privado de tarde, calhou assim. Por essa razão, fui sozinha à ecografia da manhã porque o meu marido viria comigo de tarde.

Alguns minutos depois de começar o exame, soube logo, não sei como, mas soube logo que algo não estava bem.

Passaram uns 20 minutos e ganhei coragem de perguntar à médica, que me disse para aguardar até ao final do exame, mas que as notícias não eram boas.

Comecei a tremer, sozinha. Só queria ter o meu marido comigo ali, como é que fui para ali sozinha?

Terminou o exame, e mesmo antes de chamar uma colega para confirmar o diagnóstico, a médica disse-me que se fosse uma gravidez única seria para terminar já.

Amniocentese a cada um dos bebés, opinião de mais dois médicos e dois ecocardiogramas fetais. Um menino com Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo e uma menina aparentemente saudável.

Desde as 21 até às 32 o meu bebé cresceu, sentenciado, para dar oportunidade à irmã. E a culpa…

O procedimento de fecticídio selectivo foi mau, muito mau. 3 dias de tentativas, 5 buracos na minha barriga, cada picada horrivelmente dolorosa, uma preocupação gigante da agulha atingir a menina.

Pude pegar ao colo o meu filho, dar-lhe um beijo, despedir-me dele e tirar-lhe uma fotografia.

Quando finalmente a médica encontrou a posição certa para soltar o líquido, o visor da máquina de ecografia ficou bem em frente à minha cara. Vi o coração do meu bebé parar, propositadamente, diante dos meu olhos.

Mais duas semanas passaram até ao trabalho de parto acontecer naturalmente. Primeiro o meu filho e passadas umas horas a minha filha. Graças à enfermeira anjo que me acompanhou, posso dizer que tive um parto tranquilo, humanizado e sem dor. Pude pegar ao colo o meu filho, dar-lhe um beijo, despedir-me dele e tirar-lhe uma fotografia. Tenho as suas cinzas em casa, junto da sua família.

Depois da morte do meu bebé precisava de parar, ficar no escuro, deitada, chorar, mas não pude fazer nada disso. Seguiram-se os dias na neo, acordar de 3 em 3 horas para a alimentar, meses sem dormir, mais um internamento, bronquiolite, covid…

Agora, a fazer um ano desde o nascimento dos meus bebés, sinto que preciso de ajuda. Comecei a ter ataques de pânico e tenho completa consciência que estou traumatizada. Será o meu próximo passo, cuidar de mim.

Amo tanto os meus filhos.

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Me chamo Valdiana sou mãe de 6 filhos, sendo 3 anjos.

No ano de 2021 fiquei grávida de gémeos. Porém, em agosto de 2021, com 16 semanas, o coração deles parou de bater e o meu quase se foi com eles pois eu já amava muito o Ben e a Celina.

Sofri muito e, ainda enlutada deles, fiquei grávida novamente. A esperança se reacendeu, meus olhos voltaram a brilhar e vi sentido na vida outra vez.

Quando estava com 19 semanas a bolsa rompeu e começou uma batalha pela vida do meu Nathanael. Com muito esforço meu e da equipa médica ele conseguiu chegar aos 8 meses.

No dia 17/7/22 nasceu, foi pra UTI e 11 horas depois o meu amor faleceu, levando com ele toda minha vontade de ficar, de continuar.

Hoje, com o meu coração ainda dilacerado, estou tentando prosseguir pelos meus 3 filhos que estão aqui e que precisam de mim.

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Vou falar-vos da Francisca, a luz da minha vida.
Eu e o pai decidimos que em Setembro de 2021 seria uma boa altura para começarmos a tentar engravidar. E foi, de facto, uma boa altura.
A 7 de Novembro veio a boa notícia: a Francisca já estava dentro de mim.

No dia seguinte fomos ao médico e fizemos ecografia que confirmou: lá estava um pequeno saquinho com 5 semanas.

Eu estava cheia de medo, insegurança, receio. Sempre a achar que na próxima ecografia nos diriam algo que não queríamos ouvir. Aquele medo de mãe.

Mas o tempo foi passando, e às 8 semanas ouvimos o coração daquele bebé tão desejado.

Às 12 semanas, a ecografia morfológica confirmou que estava tudo bem e a nossa bebé (ainda sem sabermos que era uma menina) seguia forte.

De três em três semanas lá íamos nós ao nosso médico e lá estava ela, a mexer-se muito. E o médico dizia isto a cada consulta: “Vai ser comprida como o pai”. O pai mede 1,93m.

Em Fevereiro de 2022, ao contrário do que eu previa, é-nos dito que vinha aí uma menina. Não tinha nome, só tínhamos nome para menino…

Até que o pai, um dia, olha para mim e diz “vai chamar se Francisca”. Fomos ver o significado e dizia “francesa livre”. E o pai é francês. Então sem dúvida ficou o nome decidido, Francisca.

O tempo foi passando, a barriga cresceu, a alegria e felicidade também. E aí comecei a crer que sim, que já não ia acontecer nada, que a nossa Francisca tinha vindo para ficar.

No fim de Maio, numa ecografia morfológica, dizem-nos que a Francisca era magrinha e comprida, que a mãe devia repousar mais.

Calhou bem, pois só nessa semana eu tinha acabado de preparar as roupas.

E eu cumpri. De 15 em 15 dias lá íamos nos ver da Francisca e ela engordava mas muito pouco.

Até que, três semanas antes do seu nascimento, comecei a senti-la cada vez menos. Supostamente estava tudo bem, diziam os médicos. Mas eu sentia que não.

Quando ma deram nos braços para me despedir, soltou o único som que lhe havíamos ouvido nos seus poucos 5 dias. Conheceu-me, eu sei que sim.

Entre idas à urgência e a certeza dada que tudo estava bem, entro em trabalho de parto que se revelou muito rápido, rápido demais.

A Francisca não aguentou as contrações porque afinal tinha uma restrição de crescimento grave.
Tudo nela era pequeno, a placenta, o cordão. Menos ela: media 53cm.

No trabalho de parto, entrou em sofrimento e ficou privada de oxigénio.
Por isso, nasceu de uma cesariana improvisada, no meio do caos.
Foi reanimada 5 vezes e internada no Hospital Pediátrico de forma a se conseguir controlar os danos. Mas os danos eram irreparáveis.

A RM confirmou: a Francisca não tinha atividade cerebral e só o ventilador a mantinha ligada a nós.

Então, num dia quente de domingo, cinco dias depois da nossa luz ter vindo ao mundo, decidimos desligar o suporte de vida.

Quando ma deram nos braços para me despedir, soltou o único som que lhe havíamos ouvido nos seus poucos 5 dias.
Conheceu-me, eu sei que sim.

Nove meses de amor não se esquecem assim.

E assim, nos braços do seu querido pai, a Francisca esteve sem ventilação uns breves 40 minutos (porque nós queríamos e tínhamos uma vida inteira) e adormeceu na morte.

Gravei o seu toque, o seu cheiro. Fecho os olhos e sinto a sua essência. Beijei-a muito, mexi-lhe nas bochechas. A nossa bonequinha era a coisa mais linda que alguma vez tínhamos conhecido.

Há coisas duras na vida. Mas decidir desligar o ventilador de uma filha recém-nascida não tem descrição.

E agora, 4 semanas depois, estamos a tentar sobreviver. Sem ela, a luz da nossa vida.

A esperança não morreu. A vontade também não. Eu hei-de continuar a ser mãe, o pai há-de continuar a ser pai. E a benção de um irmão para a Francisca há-de chegar.

O nosso foco irá mudar, se isso acontecer. Mas para onde olharmos, onde está um, poderiam estar dois, onde estão dois poderiam estar três. Porque a Francisca é eterna nos nossos corações. Fez de nós pais e se tiver irmãos, vai ser falada e dada a conhecer.

Esta história nunca será de alegria. Espero vir um dia dizer-vos que foi uma história de superação, de resiliência, de coragem. Mas se há coisa que esta história foi, foi de amor. Um amor imensurável, terno e doce como nunca antes havíamos experienciado.

Foi isso que tu vieste trazer ao nosso mundo Francisca: amor. Até um dia, minha bonequinha. É um soninho. Até já.

Quanto às mães e pais que também viram o seu bebé adormecer na morte: não estão sozinhos. Estamos juntos. Amanhã será um dia melhor. 

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Quando eu e o meu marido nos juntámos sempre desejamos uma casa com família grande e acolhedora, onde houvesse muito amor e união.

Então, aos 18 anos, começámos a jornada de criar família e saiu o primeiro positivo de amor, mas, o pior aconteceu e, com 8 semanas, vimos tudo a desmoronar. Uma primeira dor incontrolável, mas desistir estava longe de ser possível. Ao que aos 21 finalmente tivemos novamente o positivo, claro com muito medo, mas a esperança era grande.

Apesar de ter sido uma gravidez atribulada, fomos abençoados com uma menina linda em que sempre fomos falando em casa de que um dia mais irmãos viriam quando ela tivesse a sua independência. Passaram 5 anos e o desejo sempre a aumentar e começamos novamente na nossa tentativa de aumentar a família. Em 2020, tivemos o nosso positivo e a alegria transbordava. Já se tinham passado 12 semanas e, de repente, tudo foge do controle novamente, surgiu um corrimento, fui logo de imediato as urgências e foi detetado um aborto retido às 8 semanas em que o corpo iniciava a expulsão.

Novamente vieram as lembranças e aquela dor e agora tendo que explicar a uma criança tudo o que se tinha passado. Dói demais, mas ela ensinou-me a ser positiva e a olhar de outra maneira para toda a situação. Afinal tinha tido um parto maravilhoso e uma estrelinha para nos guardar.

Mas a luta para aumentar família permaneceu, e, em 2021, voltamos ao nosso positivo e todo um medo em volta de todo o processo, mas, com coragem, olhámos em frente. Mas, em pouco tempo, a nossa felicidade terminou, pois, apesar de vir com imensa força para este mundo, tinha ficado na trompa.

Todo o processo de uma gravidez ectópica acrescido, mas, apesar de todos os medos, bastou a dita injeção MTX e novamente terminava aquele positivo tão desejado e agora com o medo da reincidência.

A vida tem sido difícil, mas a luz brilhou e, em 2022, tivemos a alegria de duas riscas no tão esperado teste, com todos os medos das anteriores perdas. Fui logo de imediato fazer a ecografia vaginal para confirmar de que desta vez estaria no útero, e, realmente estava no sítio certo. Menos um medo. Veio então o medo da perda, comprei logo um doppler para ouvir o pequeno coração, o que me acalmou bastante. Fizemos a primeira ecografia e o nosso pequenino mexia bastante e adorava dormir encostadinho à minha placenta bem juntinho a mim.

Estava a crescer bem e a evoluir, uff, apesar de enjoos e de vir logo de repouso para casa. Tudo estava a correr na perfeição e um amor infindável de toda a família para receber o meu pequeno Henrique.

Foi então que fomos fazer a morfológica, às 22 semanas e tudo mudou…foi detetada a meningocele (o tipo mais grave da espinha bífida). Fui logo encaminhada para o Hospital Santa Maria em que tivemos todo o apoio de uma equipa maravilhosa que nos explicou o que passava e que chorou connosco. 

Tivemos de parar o coração do nosso menino e com ele foi uma parte de nós papás. 

Tem sido difícil, mas a esperança mantém-se e temos uma equipa médica que já nos garantiu que não nos vai abandonar. E depois temos uma sociedade toda ela retrógrada que não sabem o que este sofrimento e passa o tempo a questionar se somos bem acompanhados, se tomamos todas as medicações, se não temos a consciência que devemos parar… ninguém sabe o que vai no coração de uns pais que desejam ter filhos independentemente de já termos ou não filhos.

Não esquecemos nenhum filho e nenhum é substituível! Quando olho para o céu, sei que tenho 4 estrelinhas minhas e que têm um pai, mãe, e uma mana que os ama e fala constantemente neles.